Objetivo
Desenvolver coletivos de mulheres para o empreendedorismo social com dignidade e propósito.
Problema Solucionado
O projeto Amara Cozinha atua junto a uma população periférica de alta vulnerabilidade social, cuja alimentação tem baixo valor nutricional. Busca mudar hábitos alimentares e minimizar os efeitos da má alimentação, atuando na promoção da saúde. Para isso, promove o acesso e consumo de produtos saudáveis, bem como formação técnica e disseminação de boas práticas de nutrição. Também é estratégica para que mulheres saiam de situações de violência doméstica, alta na região, gerando renda para si e seus filhos.
Em 2017 o IBEAC conseguiu montar uma cozinha semi-industrial comunitária no distrito. Assim surgiu este grupo de mulheres interessadas em pesquisar e produzir alimentos mais saudáveis, experimentar novos ingredientes, criar, ensinar e trocar receitas com mães, merendeiras de creches e escolas e doentes crônicos, fazendo degustação e venda de novos produtos alimentícios para moradores e visitantes.
Os princípios do trabalho associativo, agricultura familiar, sustentabilidade ambiental e turismo de base comunitária compõem uma importante estratégia de empreendedorismo local e de fortalecimento e conservação territorial/ambiental, proporcionando melhores condições de vida às pessoas envolvidas e seus beneficiados.
Descrição
As Amaras nascem da indignação com as várias violências sofridas pelas mulheres de Parelheiros, sem deixar seu papel de cuidadoras não remuneradas. A iniciativa propõe como solução ações que desenvolvam coletivos de mulheres para o empreendedorismo social com dignidade e propósito e promovam mais conhecimento para a autonomia financeira e maior qualidade de vida e saúde para todas. Suas ações são pensadas em articulação com equipamentos públicos (como creches, escolas e unidades básicas de saúde) e seu público alvo é diverso, com diferentes faixas etárias e sexos, migrantes de diferentes regiões do Brasil e, em sua grande maioria, afrodescendentes.
O coletivo produz e comercializa refeições, cestas temáticas, marmitas, pães, bolos, doces e geleias, participam em feiras semanais e nos roteiros de turismo de base comunitária, fornecendo alimentação aos visitantes. Além disso, orientam mães e gestantes no aproveitamento e preparo de alimentos mais saudáveis para suas famílias, grupos e organizações dos bairros onde atuam. Organizam e oferecem formações para maior aproveitamento de alimentos, preparo de refeições mais balanceadas e uso adequado de Plantas Alimentícias Não Convencionais – PANCs.
Atualmente a Amara Cozinha trabalha com:
• Catering: produção e comercialização de refeições com verduras e frutas orgânicas em eventos na região e pela cidade, além da produção de sopas e pães para as gestantes e puérperas da Casa do Meio do Caminho (IBEAC), vizinha da Maternidade Interlagos, referência em Parelheiros.
• Marmitas: produção e comercialização de marmitas saudáveis para moradores e trabalhadores da região e da cidade.
• Feira Orgânica: realização semanal em Vargem Grande ou na Casa do Meio do Caminho, em parceria com a cooperativa de agricultores familiares locais – Cooperapas. Nas feiras são vendidos alimentos a preços acessíveis, in natura e processados, desenvolvidos por elas, com boa parte dos ingredientes comprados diretamente da Cooperapas.
• Educação: as Amaras não só aprendem e se profissionalizam em alimentação saudável com o apoio de chefes, nutricionistas e especialistas em plano de negócios e gestão, na maior parte das vezes como voluntárias, mas também compartilham seus conhecimentos com a comunidade. Organizam encontros de multiplicação em escolas, unidades básicas de saúde e espaços comunitários nos bairros onde atuam, e também com gestantes e mães, acompanhadas pelo projeto Mães Mobilizadoras.
• Turismo: as partilhas de conhecimentos também acontecem com turistas dos roteiros de turismo de base comunitária, de que fazem parte as Amaras, compostos por propriedades agrícolas orgânicas e espaços culturais, quando visitantes vão à cozinha aprender suas receitas.
Esta iniciativa pode ser reaplicada e escalada em outros contextos mediante a implementação de sua metodologia de formação de multiplicadores locais, que incluiu encontros de planejação, oficinas de formação e multiplicação, encontros de degustação e desenvolvimento de novos produtos.
Para tanto, é necessário que esta implementação abarque a mobilização e a articulação da comunidade e dos equipamentos públicos locais, a constituição e consolidação de um grupo de referência formado por membros da comunidade, bem como a formação deste grupo para atuar como multiplicador e formador de novos agentes.
A metodologia, realizada em 12 meses, compõe:
1. Participação Social:
a. Constituição e consolidação de um grupo de referência formado por mulheres e jovens membros da comunidade.
b. Identificação de mulheres que gostam da atuação na cozinha seja com alimentos, organização, administração, divulgação e manutenção da mesma.
2. Práticas educativas sobre alimentação, nutrição e gastronomia:
a. Pesquisa e laboratório de experimentação de novas receitas saudáveis.
b. Aprendizagem de conceitos de nutrição saudável na prática.
c. Reconhecimento do território e oferta de produtos.
3. Mobilização e articulação local da comunidade para troca de conhecimentos sobre receitas, memórias ancestrais e histórias de vida.
4. Parceria com instituições e pessoas que atuam na saúde, educação, turismo, agricultura, diversidades raciais e de gênero, para criar e/ou fortalecer redes de apoio.
a. Identificação de pessoas enfermas que possam se beneficiar em oficinas.
b. Realização de oficinas para educadores, merendeiras, mulheres, jovens e crianças de instituições de ensino.
c. Participação coletiva como parte de roteiros de turismo de base comunitária.
d. Identificação de hortas e produtores de orgânicos.
5. Formação de multiplicadores locais para engajamento do coletivo:
a. Plano de negócio.
b. Precificação de produtos.
c. Formação de novas/os agentes.
6. Parceria com equipamentos públicos locais e fora do território para:
a. Transbordamento das ações com diferentes públicos.
b. Realização de pesquisa com universidades.
c. Divulgação do coletivo para outras pessoas e instituições – participação em inúmeros eventos com produtos e relatos de histórias das Amaras
Nos anexos a esta inscrição encontram-se informações complementares.
Recursos Necessários
A relação abaixo prevê os recursos humanos, materiais e de serviços necessários para a implantação, que tem duração estipulada em 12 meses. Em anexo a esta inscrição encontra-se a planilha detalhada, incluindo os custos resumidos no item seguinte.
Recursos humanos, materiais e de serviços - por 12 meses
• 01 Coordenadora local
• 01 Gestora administrativa
• 12 Cozinheiras Amaras
• 10 Formações / oficinas
• 01 Comunicadora
• Transporte para as 12 Cozinheiras Amaras
• 01 Compra de Equipamentos para cozinha industrial (19 tipos de itens)
• Manutenção da infraestrutura da cozinha e sua produção
• Monitoramento físico e financeiro da iniciativa
Resultados Alcançados
Como impacto social já causado, destacam-se: mais de 1.000 horas de formação sobre empreendedorismo e alimentação saudável; um coletivo de mulheres com competências para atuarem como multiplicadoras de saberes e práticas sobre alimentação saudável em suas comunidades; a cozinha semi-industrial comunitária estruturada, prestando serviços de alimentação saudável e comercializando produtos dentro e fora da comunidade, elaborados de modo sustentável a partir de alimentos orgânicos, frutos nativos e PANCS; inicialmente o incremento de aproximadamente R$ 1.000 mensais na renda familiar das mulheres do coletivo; dezenas de oficinas de multiplicação de saberes e práticas, com participação média de 20 pessoas por oficina (crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos), em parceria com equipamentos públicos locais.
Em números, apenas nos últimos dois anos, a partir de levantamento presente em relatórios do IBEAC anexados a esta proposta, a Amara Cozinha Saudável concretizou:
2022
• 528 produtos entregues por meio de encomendas (bolos, geleias, pães etc.).
• 8 eventos realizados com a prestação de serviço de catering, como cafés, brunch e almoços.
• 672 clientes atendidos em eventos realizados, por meio do serviço de catering.
• 15 agentes formados em formações oferecidas pelas Amaras nas temáticas de alimentação saudável e aproveitamento de alimentos.
• 9 visitas técnicas realizadas para troca de saberes e aprendizados nas temáticas de produção de alimentos e gestão do empreendimento.
2021
• 12 oficinas de formação em nutrição e gestão do empreendimento de alimentação saudável – 5 módulos com 12 oficinas de 3 horas cada.
• 5 encontros com a parceria para o aprimoramento do empreendimento com o Instituto CEOs do Futuro.
• 5 formações realizadas sobre alimentação saudável e aproveitamento dos alimentos, com projetos e escolas das comunidades.
• 6 rodas de conversa realizadas para apresentar o empreendimento.
• 14 feiras de orgânicos em Parelheiros.
• 2 degustações de marmitas com UBS, escolas, Centros de Educação Infantil e organizações locais de Parelheiros.
• 281 encontros de planejamento e monitoramento do Plano de Trabalho e Avaliação – PTA.
• 4 vídeos formativos produzidos sobre as Amaras e alimentação saudável (parceria Grupo RD).
• Construção de um Plano de Comunicação.
Estes dados são informações mapeadas pelos instrumentais de monitoramento e avaliação das ações desenvolvidas. Além deles, impressões e depoimentos de participantes encontram-se nos arquivos e vídeos anexos a esta inscrição.
Público atendido
Mulheres
Afrodescendentes
Enfermos
Crianças
Agricultores familiares
Tecnologias Sociais Semelhantes
Adolescentes Protagonistas
Saneamento Básico Na Área Rural - Fossa Séptica Biodigestora
Secador Solar De Madeira
Resgatando Gerações: Medidas Socioeducativas Aos Adolescentes Infratores