Problema Solucionado
O que motivou a implantação da tecnologia das plantas medicinais foi a situação precária de saúde e de aprendizagem das crianças, da comunidade e da equipe escolar, que não sabia mais o que fazer com tanta criança sofrendo de males corriqueiros de saúde como enxaqueca, cólicas, tosse, gripe, febre, dor de dente, dor de barriga, uma grande ploriferação de piolhos, onde uma delas precisou fazer um procedimento cirúrgico no hospital para a assepsia de bichos na cabeça. As professoras traziam de casa remédios como dipirona, por exemplo, automedicando as crianças. Portanto, a implementação da Farmácia Viva não só amenizou o problema, como também contribuiu para o regate da cultura milenar das plantas medicinais, o aprendizado desde o local apropriado para a implantação da Farmácia Viva ao cultivo e uso correto do chá, lambedor, suco, sumo, entre outros, além do incentivo do cultivo nos quintais. E o seu sucesso se deve ao fato de ter sido implantado junto com a comunidade, escola, famílias, alunos e parceiros, começando dentro da sala de aula e através das pesquisas sobre os conhecimentos populares.
Descrição
A tecnologia foi contemplada no PPP - Projeto Político Pedagógico da escola, sendo um documento que norteia o processo de ensino e aprendizagem com o objetivo de garantir que a escola seja inserida no contexto globalizado assumindo uma postura diferenciada, integrada, politizada e fundamentada na diversidade de ações e de sujeitos, possibilitando sua reestruturação como ambiente de produção valorizando os conhecimentos práticos e teóricos construídos através de experiências, relações sociais, de tradições históricas e de visão de mundo, dando condições para o acesso, inclusão, permanência e sucesso na escola e na comunidade rural. Portanto, é uma tecnologia que não termina ao final de cada ano letivo, pois ela está viva e se sustenta por ser um projeto piloto, que ganhou credibilidade com o passar dos anos. A forma de organização e metodologias são pertinentes à realidade do campo com o acolhimento da pedagogia da terra, pela qual buscamos um trabalho pedagógico fundamentado no princípio da sustentabilidade, para assegurar a preservação das futuras gerações. Articulamos as vivências dos alunos e da comunidade com os conhecimentos adquiridos e os previstos na legislação, de modo flexível, conforme os projetos da escola. A metodologia adotada é pertinente à realidade do campo como a PEADS- Proposta Educacional de Apoio ao Desenvolvimento Sustentável, fundamentando o trabalho pedagógico no princípio da sustentabilidade e promovendo formações continuadas para a comunidade escolar e extra-escolar. A tecnologia contemplada no Projeto Político Pedagógico da escola ano a ano vai buscando um rumo, uma direção, através de uma ação intencional, com um sentido explícito e com um compromisso definido coletivamente com a comunidade. A tecnologia "Saúde que vem da Terra" vem promovendo educação e saúde através das plantas medicinais e, ao mesmo tempo, proporcionando um espaço físico num ambiente agradável e saudável, onde acontece a contextualização na aprendizagem. Com a ideia e o desenvolvimento dessa tecnologia, além de resgatar a cultura milenar das plantas medicinais, estimulamos as crianças e as comunidades em geral, a efetuar o reconhecimento dos seus espaços ambientais imediatos e ao mesmo tempo, instigar a curiosidade e a conscientização de que os medicamentos produzidos em hortas naturais, sem contato com defensivos químicos, melhoram a qualidade de vida de forma preventiva. A comunidade foi envolvida desde a primeira pesquisa da professora em sala de aula, onde os alunos envolveram os pais, avós, vizinhos, pessoas mais idosas e através deles descobrimos que a cultura realmente estava adormecida. A maioria das crianças chegam apenas com o capim-santo, que apenas era utilizado quando faltava o café e não pelas suas propriedades fitoterápicas. Desde esse primeiro momento a comunidade se sentiu satisfeita por estar contribuindo e aprovou a iniciativa da professora. A partir daí a comunidade foi convidada para participar das formações na escola para aprenderem mais sobre as plantas medicinais e o seu processamento e o quanto era importante resgatá-la. Houve uma troca de experiência muito rica, onde traziam algumas plantas que conheciam e levaram para plantar em casa; outras que não tinham para implantarem uma farmácia viva em casa. A escola promoveu "O dia da família na escola do campo", que aconteceu no Projeto Amanhã numa parceria entre a Prefeitura Municipal de Arapiraca e a CODEVASF - Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaiba, local da aplicação da tecnologia, que serviu de parâmetros para a reaplicação na comunidade de Gruta Dágua, num terreno vizinho a escola. Hoje, produzimos as pomadas, tinturas, balas, sabonetes,repelentes e em grande quantidade os xaropes, devido as mudanças climáticas, que atingem principalmente as crianças como: tosse, gripe e cansaço.
Recursos Necessários
Área de ¹/² tarefa, fácil acesso, cercado de estacas de sabiá, arame e cerca viva, ter uma fonte de água perto, caixa d'água de 5.000 litros, edificação do suporte da caixa d'água, bomba d'água, fiação, registros, tubos laser micro perfurados, exposto ao sol, principalmente pela manhã, distante de esgotos e estradas, solo fértil, calcário, esterco de boi,reservar um local sombreado para preparar o composto orgânico, estufa, arborizar aos arredores com o nim, moringa, ipê, escolher as mudas das plantas conforme as necessidades da comunidade como citronela, capim-santo, erva cidreira, hortelã, manjericão, boldo, sabugueiro, camomila, gengibre, hortelã miúda, poejo, quebra pedra, arruda, babosa, confrei, erva-doce, mastruz, cana-de-macaco, mertiolate, terramicina, colônia, vick, alecrim, romã, consorciar as plantas medicinais com as hortaliças(coentro, alface, cebolinha, espinafre, pepino, pimentão, quiabo,tomate, cenoura, batata doce, bandejas para produção das mudas, utilizar tratos culturais orgânicos (urina de vaca, sumo do nim), enxadas, pá, enxadão, regador, mangueira, sacho, carrinho de mão, colher de transplante, barbante, ancinho, planador, pulverizador,minhocário, cimento, tijolos, tela de sombrite, caixas plásticas de 18 litros vazadas,tesouras de podas, cloro, bandejas, casinha de secagem, embalagens de polipropileno de 20g.
Resultados Alcançados
Os resultados alcançados começaram pela educação para aprender a conviver com o semiárido, onde se promoveu entre alunos, equipe escolar e comunidades, o aprofundamento do conhecimento de sua região, seu povo, suas plantas, seus animais, seu clima. As pessoas, ao conhecerem melhor o lugar em que vivem, começando pela sua própria família, escola, comunidade e natureza, certamente aprendem a conviver melhor com as potencialidades e os desafios do semiárido, encontrando soluções para melhorar suas condições de vida e de todos ao seu redor. Essa comunidade reinvindicava e esperava pela construção de uma unidade básica de saúde, já que a unidade da qual a comunidade faz parte é distante e de difícil acesso, fazendo com que as pessoas se arrisquem a cortar caminho pelo riacho Perucaba ou paguem duas passagens de ônibus para a ida e duas para a volta. Além do mais, correndo o risco de não conseguirem uma ficha para serem atendidos. Alguns problemas corriqueiros de saúde, que poderiam ser resolvidos preventivamente, chegavam a se tornar críticos, como de uma pequena gripe mal curada evoluir para uma pneumonia e tuberculose, de poucos piolhos, para ferimentos, infecção e proliferação de bichos. Enfim, após a implantação dessa tecnologia, a comunidade despertou para outra opção voltando a adquirir o hábito de cultivarem em seus quintais algumas plantas medicinais mais necessárias como o sabugueiro para febre, o anador, as folhas da pitangueira e da goiabeira para combater a diarréia, a babosa para queimaduras, entre outras, e a procurar a escola para pegar outras que não tinham em casa. A equipe da escola parou de automedicar as crianças, pois tiveram o conhecimento de que estavam erradas, adquiriram também o hábito de utilizar as plantas medicinais para elas e suas famílias e não terem mais de saírem arrastando as crianças pela estrada até conseguir um transporte para levarem-nas ao hospital. Os rostinhos das nossas crianças, hoje, são outros. Aquela tristeza e expressão de dor são rapidamente transformadas em calmaria ao tomarem um chazinho, fazer uma lavagem nos ferimentos e passar uma pomada no local afetado, uma gripe e tosse já tomam o xarope de guaco ou de manjericão e também levam para casa. A credibilidade da tecnologia cresceu e transpassou os muros da escola, da comunidade, da cidade e do Estado, onde está sendo muito bem divulgada e acatada por todos. A Doutora parceira da escola está sempre solicitando os nossos xaropes para doação às crianças.
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