Problema Solucionado
Os agricultores da região semiárida, ao longo dos anos, sofreram com um perigoso processo de erosão genética, sobretudo no que se refere às sementes agrícolas. As formas tradicionais e típicas de entrada de sementes na região não eram baseadas no âmbito local, o que ocasionou um cenário de dependência em relação às sementes externas, que na sua grande maioria são inadequadas à realidade climática do semiárido. Com isso, os agricultores muitas vezes perdiam as primeiras chuvas, consideradas estratégicas para uma boa colheita. Essa realidade trouxe como consequência o enfraquecimento da agricultura familiar, gerando dependência e desmotivação para os agricultores. Nesse contexto, a tecnologia social Bancos de Sementes Comunitários se propõe a ser um espaço coletivo em que os agricultores familiares possam resgatar práticas antigas de preservação, multiplicação e seleção de sementes adaptadas à região. Serve também como espaço educativo, onde, a partir da motivação e troca de experiências, se constitui uma referencia no âmbito do fortalecimento da agricultura familiar e preservação da biodiversidade.
Descrição
Apoio na estruturação organizativa dos agricultores/as, iniciativa que nasceu como consequência do aprofundamento da importância do resgate das sementes locais como forma de adaptação as adversidades climáticas (secas). É fruto de um processo de ações conjuntas entre ONGs, Sindicatos, Associações e Comunidades Eclesiais de Base (CEBs). É um trabalho desenvolvido em rede, onde as diretrizes emergem de um coletivo, a partir de um amplo processo de discussão e interação entre as organizações de assessoria e as várias comunidades que participam da experiência. A tecnologia social tem na sua base de estruturação a própria contribuição dos agricultores/as, através da doação e devolução de sementes e, também, a partir das contribuições das entidades de apoio/assessoria, principalmente no âmbito formativo. Os Bancos de Sementes Comunitários são estruturas organizativas que possibilitam o acesso adequado a sementes de qualidade na hora certa para o plantio. Funcionam como estoques reguladores de reserva no processo contínuo de enfrentamento dos períodos de adversidades climáticas. Também como espaço de mobilização e debate na construção de proposta para a convivência harmoniosa e sustentável com a realidade semiárida. Os bancos comunitários, também, funcionam como espaço de armazenamento de grãos, estratégicos, para a segurança alimentar e nutricional das famílias, sobretudo, nos períodos de maior dificuldade alimentar, ocasionados pelo uso total dos estoques familiares. Antes as famílias se submetiam a tomar emprestado alimentos de particulares, tendo que devolver com acréscimo de 100%, após a colheita do ano seguinte.
Recursos Necessários
Silos (grandes e pequenos), sementes, garrafas, espaço para armazenamento(armazém)
Resultados Alcançados
- Essa Tecnologia Social foi também certificada pela Fundação Banco do Brasil na Premiação de 2007;
- Implantação de 16 Bancos de Sementes Comunitários, que contam com a participação de 381 sócios, dentre estes 255 mulheres;
- Capacidade de armazenamento de 25 toneladas de sementes, em 103 silos, das variedades: Milho, Feijão e Fava;
- Benefício direto para 193 agricultores/as no ano de 2010;
- Capacitação de 211 agricultores na confecção de silos;
- Capacitação de 270 agricultores/as para o processo de seleção e armazenamento de sementes;
- Troca de experiências entre 120 agricultores/as;
- Incentivo aos associados sobre a importância do associativismo;
- Fortalecimento da prática de solidariedade entre as famílias participantes;
- Espaço formativo ampliando a capacidade de conhecimento local e promovendo a difusão da experiência para outras comunidades e municípios da região.
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