Objetivo
Oferecer acesso a linhas de microcrédito orientado com moeda verde a empreendedores que empreendem por necessidade no município de Igarapé-Açu, visando estimular e fomentar a criação e/ou ampliação de pequenos negócios capazes de impulsionar a economia local, reter riqueza no território e aumentar os índices de reciclagem no município.
Problema Solucionado
Com uma população de 35.797 habitantes (IBGE, 2023), estima-se que Igarapé-Açu produza cerca de 36 ton. de lixo, todos os dias. Se considerarmos que 40% desse total poderia ser reciclado, temos então 432 ton. de material reciclável enviadas todos os meses para o lixão do município ou descartados nas ruas e igarapés da cidade. Dados internos do IDEASSU, estimam que sem reciclar, o município “jogue” no lixo R$ 117.000,00/mês e deixe de gerar 93 empregos diretos ligados a reciclagem. Somado a isso, 60% da nossa população está localizada abaixo da linha pobreza. Nesse cenário adverso, o IDEASSU aproveitou o contexto socioambiental favorável criado pelo desenvolvimento do projeto Movimento Moeda Verde – mobilização social para a troca de material reciclável por moeda verde com valor real de compra em mais de 62 empresas cadastradas na cidade; e reuniu a urgente necessidade de mudanças de comportamentos da população local sobre a seleção e a destinação adequada de resíduos com a oportunidade de oferecer linhas de microcrédito em moedas verdes a pequenos empreendedores locais. A iniciativa fomenta a criação/ampliação de pequenos negócios, ao mesmo tempo em que preserva e protege os nossos ecossistemas através do pagamento das parcelas do microcrédito com “lixo” reciclável.
Descrição
Ao longo dos seus mais de 17 anos de atuação, o IDEASSU foi executor de Projetos de Investimentos Produtivos do Programa Pará Rural – parceria do Governo do Pará com o Banco Mundial voltado à redução da pobreza rural e à gestão dos recursos naturais – quando atuou como consultor técnico para sistemas de produção em processo de transição ecológica. O Instituto também elaborou projetos encaminhados aos órgãos estaduais que favoreceram centenas de agricultores familiares com mecanização de terras para cultivo agrícola; aquisição de um caminhão para escoamento da produção agropecuária e a implantação de um viveiro de mudas de árvores frutíferas e essências florestais, para distribuição gratuita. Desde março de 2017, o Instituto se dedica à construção de alternativas para a cadeia da reciclagem de resíduos, mediante processos de capacitação e ampliação do debate público com atores comunitários em ambiente de aprendizagem includente, participativo e humanizador com destaque para o projeto Movimento Moeda Verde – desenvolvido pelo IDEASSU na cidade de Igarapé-Açu, desde agosto de 2018, que utiliza como propulsor para a mudança de comportamento na população local, a troca de material reciclável por moeda verde com poder de compra em mais de 62 comércios cadastrados pelo projeto. Uma vez por mês, as moedas são recolhidas do comércio pelos coordenadores do projeto e trocadas pela moeda corrente R$ – resultado da comercialização dos resíduos trocados por moedas verdes pela população. A iniciativa já enviou para a reciclagem mais de 600 ton. de resíduos recicláveis, impactando diretamente os índices de reciclagem, geração de trabalho, renda e proteção dos ecossistemas locais, projetando a cidade como referência em mobilização social para a coleta seletiva, dentro e fora do País. Em março de 2019, foi criada a Central de Valorização de Resíduos de Igarapé-Açu – CVRIga que desde julho de 2020 opera em parceria com a Prefeitura, através do Termo de Colaboração 001-2020 (renovado de seis em seis meses), com o objetivo de receber/coletar, triar, armazenar e comercializar os resíduos encaminhados como resultado das ações promovidas pelos parceiros. Em 2021, a Sala do Empreendedor apresentou números preocupantes que mostravam grandes dificuldades de acesso a linhas de crédito pelos pequenos negócios, sobretudo, devido ao seu endividamento econômico (conforme pesquisa do SEBRAE, apenas 16% dos pequenos negócios tiveram acesso ao crédito para recuperar a sua capacidade de empreender) e ao empobrecimento da população brasileira agravado pelo cenário pandêmico. Nesse contexto, a tecnologia social “Banco Moeda Verde” foi planejada e lançada oficialmente no evento “Oportunidades de Negócios com Resíduos Sólidos em Igarapé-Açu” realizado em outubro de 2021 pelo IDEASSU em parceria com a Prefeitura e SEBRAE. Inicialmente, o fundo de capital para concessão do microcrédito foi constituído com recursos do Instituto no valor de R$ 5.000,00 que garantiram o lastro para disponibilizar 5.000 mil moedas verdes em microcrédito. Os empréstimos variam entre 100 a 300 moedas verdes. Nessa fase de teste, 35 empreendedores preencheram o “Formulário de Solicitação de Microcrédito” e passaram pelas entrevistas e defesa de suas propostas. A análise da viabilidade do negócio e os riscos de inadimplência formam os pilares que orientam o Comitê de Análise de Crédito do Banco (1 Analista de Crédito, 1 Agente de Desenvolvimento Local e 1 Representante da Sociedade Civil Organizada) a aprovar ou não o crédito. 15 empreendedores obtiveram êxito nesta etapa, estando aptos a receber o microcrédito solicitado. Os empreendedores assinam o “Termo de Responsabilidade” e promissórias onde comprometem-se a realizar pagamentos dos empréstimos em até 6 meses. A partir desse momento, podem usar as moedas verdes para comprar os insumos, equipamentos e/ou materiais necessários para a criação ou ampliação do seu negócio nos mais de 62 comércios cadastrados pelo projeto. Para pagamento dos empréstimos ao Banco, devem encaminhar resíduos recicláveis mensalmente para que sejam pesados na CVRIga e de acordo com a tabela de trocas de resíduos recicláveis por moedas verdes do projeto, obter o abatimento no montante da sua dívida, até que ela seja quitada. Durante os 6 meses que estão clientes do Banco, os empreendedores participam, a cada 2 meses, de encontros com a coordenação do projeto. Nos encontros, os participantes trocam experiências, ideias de inovação, identificam necessidades de capacitação e apresentam os resultados dos seus negócios. Esses momentos são fundamentais para garantir o sucesso da ação porque permitem o monitoramento contínuo do desenvolvimento do negócio, o diagnóstico preciso das ferramentas de gestão que serão viabilizadas pela Sala do Empreendedor/SEBRAE, o fortalecimento de relações de confiança e a criação de uma rede de economia solidária no município que impacta diretamente no baixo índice de inadimplência.
Recursos Necessários
Recursos Materiais: é necessário haver um espaço destinado ao Banco que possua 1 mesa (tipo de escritório), 3 cadeiras, 1 notebook, 1 impressora e 1 armário para arquivos. Para as atividades diárias, é preciso ter materiais básicos de escritório como papel, grampeador, pastas e etc. Há também os serviços gráficos diversos (banner, panfletos e folders) para divulgação dos serviços do Banco e a confecção das moedas sociais. A quantidade de moedas impressas vai depender do valor do microcrédito que será oferecido e a quantidade de empreendedores que se pretende atingir. Importante! O Banco Moeda Verde, necessita formalizar parceria com uma Associação de Catadores ou Cooperativa de Reciclagem, Empresa de Reciclagem ou outro tipo de Empreendimento Econômico Solidário que ofereça a estrutura base para receber, separar, pesar, armazenar e comercializar os resíduos recicláveis encaminhados pelos empreendedores clientes do Banco para o pagamento das suas parcelas de microcrédito. Nesse sentido, a TS é desenvolvida em conjunto com uma rede de apoiadores e pode ser apropriada pelas organizações sociais como uma ferramenta de educação ambiental para estimular a seleção e encaminhamento adequado de resíduos nos territórios onde for implantada.
Pessoal:
1 Coordenador Técnico
1 Analista de Crédito
1 Mobilizador Social
Resultados Alcançados
- 65 empreendedores se interessaram pela proposta de microcrédito oferecida pelo Banco;
- No 1º. Ciclo, 15 empreendedores obtiveram acesso ao microcrédito. Destes, 11 buscaram a formalização do seu negócio como MEI;
- 0% de inadimplência. O pagamento das parcelas do microcrédito com resíduos recicláveis, são mensalmente acompanhadas pela equipe técnica do Banco (Coordenador e Analista de crédito) para gerar alternativas que viabilizem a entrega de resíduos recicláveis pelos empreendedores ou captados por eles, até a CVRIga, no prazo de 6 meses;
- Aumento em 20% do número de resíduos encaminhados para a reciclagem pela CVRIga, devido a adesão de munícipes às ações de coleta seletiva fortalecidas pelos resultados do Banco;
- Fortalecimento da rede de economia solidária no município, através do estímulo ao consumo de insumos e produtos comercializados localmente, utilizando para isto a moeda verde que permite a retenção de riqueza dentro do território e a promoção da justiça social;
- Redução em 10% (dados da SEMMA) no volume de resíduos recicláveis enviados para o lixão municipal, reduzindo sistematicamente a pressão sobre os ecossistemas locais, principalmente sobre as nascentes dos igarapés do entorno do lixão;
- Abertura de 10 postos de trabalho para a triagem de resíduos, incluindo catadores que antes sobreviviam da cata de lixo no lixão do município;
- Economia de mais de R$ 22.000,00 para os cofres públicos com a redução no volume de lixo coletado pelos carros de lixo comum que circulam diariamente no município;
- Indicação do Prefeito de Igarapé-Açu como finalista para concorrer ao Prêmio Prefeito Empreendedor, oferecido pelo Sebrae Pará, em 2022;
- Prêmio Mulher de Negócios 2023, categoria Microempreendedora Individual, no Estado do Pará, para a Coordenadora Técnica do Banco Moeda Verde - Carolina do Socorro Ferreira Magalhães, premiada pelo impacto da proposta e a geração de negócios sociais no município a partir do microcrédito gerado pelo Banco;
- 2 Artigos Científicos publicados sobre a criação, desenvolvimento e resultados alcançados pelo Banco. Um deles apresentado no 1o. Congresso Internacional de Agronegócio, Tecnologia e Sustentabilidade, realizado na Espanha.
O Banco Moeda Verde opera o seu 2o. ciclo de empréstimos com a meta de atender a 70 empreendedores mapeados pela Sala do Empreendedor em 2023/2024. Para isso, ainda necessita aumentar o seu fundo de capital para garantir rapidez e maiores impactos sociais, ambientais e econômicos no município
Público atendido
Empreendedores
Povos tradicionais
Quilombolas
Mulheres
Famílias de baixa renda
Tecnologias Sociais Semelhantes
Adolescentes Protagonistas
Saneamento Básico Na Área Rural - Fossa Séptica Biodigestora
Secador Solar De Madeira
Resgatando Gerações: Medidas Socioeducativas Aos Adolescentes Infratores