Objetivo
O Território Inventivo pretende constituir espaços de formação, criação e difusão tendo como centralidade a produção de capital cognitivo sobre os espaços populares e seus vínculos com desenvolvimento da arte, cultura, entretenimento e lazer em territórios profundamente marcados por desigualdades socioambientais.
Problema Solucionado
As favelas da cidade do Rio de Janeiro e, especificamente, o conjunto de favelas da Maré possuem a marca do não reconhecimento de sua legítima presença na cidade, sobretudo quando são tratadas como territórios carentes e violentos. Os estigmas que marcam sujeitos e territórios acabam por orientar políticas públicas a eles destinadas. Pautadas por lógicas racionais verticalizadas, as políticas acabam por desqualificar a participação dos moradores e toda a sua criatividade para encontrar soluções para suas moradas. Os resultados da incidência governamental em territórios populares são, geralmente, incompletos e descontínuos em relação aos dos moradores e, não raras vezes, incapazes de responder as demandas efetivas do território.
Hoje vivemos um período de agravamento da crise no meio ambiente com eventos climáticos extremos crescentes, e os principais impactados nos espaços urbanos são os moradores de periferias e populações negras, que experimentam historicamente o processo de urbanização desigual, políticas ineficazes e injustiças socioambientais variadas. Esses impactos da crise climática se articulam a desigualdades raciais, de gênero, socioeconômicas e territoriais, justificados sob estigmas diversos, e têm na habitação popular associada às condições de urbanização um nó fundamental.
É justamente dessas contradições que emerge a necessidade de construir novas formas de formular e executar políticas públicas de direitos, envolvendo sujeitos/territórios uma perspectiva capaz de reconhecer suas potencialidades e reposicionar o papel dos seus moradores como protagonistas das transformações urbanas exigidas em seus territórios de morada.
Descrição
Território Inventivo foi criado pelo Observatório de Favelas e desenvolvido com o apoio da Secretaria Municipal de Cultura e em parceria com diversas organizações sociais. Esta tecnologia social consiste em processos de educação urbanística e ambiental como disparadora da formulação de conceitos, elaboração de metodologias e proposição de políticas de desenvolvimento urbano. Trata-se de um novo horizonte na construção de políticas públicas de direitos e de qualificação de ações coletivas no território. A referência fundamental da educação urbanística é a valorização as potências e dos atos criativos presentes em territórios populares. Desta forma, está no cerne das atividades do Território Inventivo a realização de processos educativos que contribuam para a formação crítica de sujeitos voltados para o pensamento e para a ação sobre a cidade e, sobretudo, sobre as favelas. Busca-se mobilizar coletivos de jovens, órgãos governamentais e entidades da sociedade civil em processos de confluência para enfrentar e superar as desigualdades sociais e orientar a construção de arranjos territoriais de desenvolvimento urbano em favelas.
Nessa perspectiva, o Projeto consolida e articula processos formativos e de incidência política, buscando influenciar a participação efetiva das comunidades populares e as agendas da gestão governamental. Ao longo deste percurso são articuladas e formalizadas parcerias e alianças com diversos grupos da sociedade civil, poder público e universidades para construção colaborativa da formação conceitual e elaboração de metodologias de desenvolvimento urbano como experiência democrática participativa e de efetivação de direitos em territórios populares.
Abaixo encontram-se as macro etapas de implementação do Território Inventivo. No entanto, é importante salientar que são orientações que demandam adaptação à cada realidade e contexto específico, especialmente no que se refere às atividades no tocante à cronologia e à escala.
Etapas:
1. Reconhecimento de potências econômicas, culturais e sociais: Construção de bases cartográficas detalhadas sobre os usos do território que possam suprir a ausência consistente de informações sobre as favelas. As cartografias cognitivas ganham maior densidade com os inventários participativos envolvendo moradores e, sobretudo, os jovens que atuam no território. Trata-se, portanto, do reconhecimento de saberes e fazeres do território como fundamento para pensar conceitos, metodologias e proposições de desenvolvimento urbano integrado, tendo com seu recurso disparador as cartografais de saberes e fazeres no campo da economia, da arte, da cultura e da sociabilidade.
2.Mobilização social: Mediação entre os diferentes grupos e organizações que participam das favelas e de sua integração a outras organizações de direitos presentes na cidade é uma das principais estratégias do Projeto. Neste processo, busca-se articular saberes e fazeres populares dos moradores aos grupos e lideranças locais, criando envolvimento do poder público e das universidades, com o objetivo a realizar ações formativas para proposições plurais de agendas de direitos em favelas. A partir da produção de conhecimento, o trabalho se concentra na mobilização para formação compartilhada para a elaboração de propostas de políticas públicas.
3. Formação. Organização e realização de atividades formativas no campo da educação urbanística, sobretudo para formar inteligências do território para para jovens moradores de favelas. Seminários, cursos e oficinas são momentos de produção e comunicação compartilhadas de conhecimentos inovadores por parte de pesquisadores e docentes universitários, gestores públicos, ativistas de organizações sociais, coletivos e indivíduos autores de arte e cultura. Trata-se de uma rede colaborativa para investimento na formação plural sobre o ordenamento e planejamento urbano em territórios populares, tendo como seu referencial conceitual o Paradigma das Potências dos territórios populares. A educação urbanística aqui proposta busca reunir os processos formativos aos processos inventivos de proposição de incidências políticas de direitos e de arranjos territoriais sociais, econômicos e culturais que respondam pela construção de vidas dignas nas Favelas.
4. Visibilização: Processos de visibilidade de agendas propositivas significa influenciar políticas públicas e as ações coletivas sobre os territórios populares, bem como estimular o debate e a reflexão junto à opinião pública. Para esta etapa foram desenvolvidas atividades como ciclos de debates, seminários, fóruns, além de peças publicitárias e campanhas de comunicação. O conjunto de processos de ações de visibilidade contribuem decisivamente para a difusão de uma educação urbanística crítica e uma consciência territorial sustentadas pelo reconhecimento das potências das comunidades populares em suas inventividades e de sua importância para políticas de desenvolvimento urbano equitativo na cidade.
Recursos Necessários
. MAC (1): 7.000,00
. Smartphones (4): 6.000,00
. Laptop (2): 8.700,00
. Pacote de softwares de cartografia e desenho técnico - ArqGis; Autocad; Adobe Illustrator; Final Cut; Google EarthPro – (1): 13.200,00
. Projetor e tela (1): 5.000,00
. Impressora (1): 1.200,00
. Cartuchos de tinta: 890,00
. Material de papelaria: 4.800,00
Material Gráfico:
. Banner (4): 320,00
Estrutura Física:
. Aluguel de espaço: 16.000,00
Outras despesas:
. Alimentação: 3.600,00
. Transporte convidados: 4.000,00
Resultados Alcançados
RESULTADOS OBTIDOS APÓS A CERTIFICAÇÃO DE TECNOLOGIA SOCIAL PELA FBB (2019 – 2023)
2019
Produtos:
- Artigo publicado "Territorialidades Inventivas da Maré".
- Ebook "Território Inventivo"
- 03 Vídeos "Território Inventivo"
- 03 Seminários "Novos paradigmas para políticas urbanas na perspectiva da potência das periferias"
Outras Atividades:
- Extensão “Territórios de Convivência” parceria ECO/UFRJ
- Extensão “Tijolinho: saberes construtivos populares” com FAU/UFRJ
Resultados
- Beneficiários diretos: 80 pessoas
- Indiretos: 400 pessoas
- Parcerias: ECO-UFRJ; FAU UFRJ; IAB/Rj; Instituto Bola Pra Frente.
2020
Produtos:
- Mapa Social do Corona: 11 Edições do Boletim em formato Ebook
- Memórias Musicais Entre a Maré e a Rocinha
- Pesquisa e podcasts piloto
- Seminário "Território Inventivo: Disseminação e Diálogos"
Outras atividades:
Ações de visibilização "Território Inventivo: Disseminação e Diálogos"
Espaços de incidência e visibilização
- Participação no GT do Termo Territorial Coletivo
- Participação no GT do Instituto dos Arquitetos do Brasil "A cidade que queremos"
- Colaboração com o projeto "Imagine Rio"
- Assessoria "UIA Rio 2020 Maré – Congresso e Concurso Internacional de Arquitetura"
Resultados:
- Alcance online – 14.447 acessos
- Mídia – 225 menções
- Repostagem – 38 republicações
- Público presencial – 70 pessoas
- Parcerias: Museu Sankofa da Rocinha; Instituto Moreira Salles; Universidade Harvard; LabHab FAU-UFRJ; LAURBAM FAU-UFRJ; IAB/Rj; Imagine Rio;
2021
Produtos:
- Oficina e Exposição "Corpo Morada"
- Curso e Publicação "corpo Morada: Favela como patrimônio da cidade"
- Memórias Musicais Entre a Maré e a Rocinha
- Série de Podcasts com artistas da Maré e Rocinha
- Ciclo de Debates com convidados externos
Outras Atividades:
- Protagonistas de Solidariedade em Rede
Resultados:
- Beneficiários diretos – 60 pessoas
- Alcance online - 800 pessoas
- Parcerias: Sankofa, Instituto Moreira Salles, Universidade Harvard
2022
Produtos:
- Podcast Lajes Fluminenses
- Ebook Culturas de Periferia 3
- Música e MIgração nas Favelas - Festival de Encerramento e Roda de Conversas
- Assistência Técnica para Habitação Social projeto "Tijolinho: Implementação e Difusão de Saberes"
Outras Atividades:
Participação no GT para programa municipal de habitação social
Resultados:
- público – 50 pessoas
- Beneficiários diretos – 09 pessoas
- Indiretos – 150 pessoas
- Parcerias: Sankofa; Instituto Moreira Salles; Universidade Harvard; LabHab FAU-UFRJ.
2023
Produtos:
- Assistência Técnica para Habitação Social projeto "Melhorias Habitacionais em Rede no Tijolinho"
Resultados:
- Intervenções: 03 unidades residenciais e 01 espaço público
- Beneficiários diretos: 09 pessoas
- Indiretos: 150 pessoas
- Parcerias: Laboratório de Habitação Universidade Federal do Rio de Janeiro; Redes da Maré; Assoc. Moradores Nova Holanda; Instituto Encontro das Artes; Crias do Tijolinho; Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio de Janeiro.
RESULTADOS OBTIDOS ATÉ A CERTIFICAÇÃO DE TECNOLOGIA SOCIAL PELA FBB (2014 – 2018)
Reconhecimento de potências: construção de base cartográfica inédita da Maré, tornando possível outros mapas de localização e distribuição de equipamentos públicos de diretos, de atividades econômicas, equipamentos de esporte, cultura e lazer, originando o Mapa de Diagnóstico Urbano; inventário com 120 organizações promotoras de arte e cultura, identificando sua atuação no território e suas principais demandas; estudos de economia criativa da cultura por meio de entrevistas em profundidade com 90 artistas representativos de diferentes linguagens estéticas como a intenção de compreender as potências de produção e fruição cultural e artísticas para a formulação de políticas de cultura em favelas .
Mobilização: a metodologia de mobilização de sujeitos situados no território originou o Fórum de Desenvolvimento da Maré, resultado fundamental do processo de educação urbanística para a elaboração de agendas de direitos em comunidades populares e, sobretudo de proposição de uma cidade mais plural a partir das potências das favelas. O Fórum reuniu representantes de associações de moradores e organizações não governamentais, coletivos de culturais de jovens, professores, profissionais de serviços públicos e moradores em reuniões periódicas para formulação de pautas propositivas de desenvolvimento urbano da Maré
Formação: realização de três seminários (locais e nacionais), três cursos e quatro oficinas visando consolidar pedagogias de reflexão conceitual, metodológica e prática no campo do desenvolvimento urbano aplicado a territórios populares. Participaram mais de 200 ativistas, artistas, e estudantes universitários em diálogo com pesquisadores e docentes de universidades, técnicos e gestores de instituições governamentais e convidados com notória experiência sobre a temática. Destacamos a Oficina de Espaço Público e Mobilidade promovida em parceria com a ITDP, O Instituto Pereira Passos e organizações locais onde foram elaborados projetos urbanísticos para incidência territorial em quatro favelas da Maré.
Visibilidade: organização de seminários e encontros públicos para apresentação de resultados de estudos, inventários e mapeamentos na Maré se fizeram importantes para difusão das ações e resultados do projeto; a apresentação e publicação de trabalhos em Seminários nacionais e Internacionais, a exemplo do XI Seminário de Políticas Culturais da Fundação Casa de Ruy Barbosa, bem como a difusão em peças de nossos produtos digitais em diferentes redes.
Público atendido
Lideranças Comunitárias
Jovens
População em Geral
Outros
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