Problema Solucionado
O publico das Bodegas 40% são de famílias baixa renda de comunidades rurais e periféricas do CADÚNICO, 60% famílias com renda de até 2 salários mínimos. Sofrem diariamente exclusão sócio produtiva que afeta primordialmente as mulheres que representam 75% do público da Rede Bodega, muitas vezes submetidas ao mercado de trabalho que só visa o lucro, explora a mão de obra, estimula a migração para centros urbanos contribuindo para perda da identidade e tradições locais.
Quando atingem a condição de produção no seu próprio local, precisam se relacionar com atravessador que lhes tira o lucro dos produtos oriundos do modelo de produção sustentável que não se utiliza agrotóxico, faz reuso e reutilização de materiais e recursos naturais, preserva o meio ambiente, a saúde e as relações humanas, não tem o lucro como fim, por tanto, precisa de estabelecimento adequado que valorize os aspectos citados e contribua para a dimensão do consumo responsável preservando a cultura local. Essas foram as motivações para a criação das Bodegas que articuladas na Rede se fortalecem enquanto comercio justo e solidário com vistas a uma vida digna, um planeta sustentável e consciente.
Descrição
A rede bodega foi criada em 2008 é uma articulação de 5 pontos fixos de comercialização solidária no estado do Ceará, onde cada Bodega reúne empreendimentos diversificados da zona rural e da periferia situados no território/região de cada Bodega, os pontos fixos são autogestionário e organizados de forma diferenciadas sendo: 2 cooperativas de produção, comercialização e serviço, 2 Associações e 1 grupo informal, todos denominados como bodega: no Vale do Jaguaribe - Bodega Nordeste Vivo e Solidário; Ibiapaba - Budega do Povo; Região Norte/Sobral - Bodega Arcos; Fortaleza e Região metropolitana: Budegama e Bodega da Vila Mundo.
As bodegas surgiram a partir de 2004 com a mobilização e organização de empreendimentos produtivos que trabalhavam segundo os princípios da economia solidária e tinham dificuldades na hora de escoar sua produção, reunidos e assessorados pela Rede Cáritas Ceará construirão a estratégia de congregar toda a produção no único espaço e esse denominado Bodega, pois resgata as práticas antigas de comercio na região e resgata valores como as relações de confiança, onde aquele que comercializa conhece e sabe quem é seu consumidor, participa da vida da comunidade e atende as particularidades de cada um/a. Cada bodega tem sua comissão gestora, composta pelos integrantes dos empreendimentos econômicos solidário - EES, ressaltando a forte participação das mulheres. Atualmente 100% das diretorias das cooperativas e associações são compostas por mulheres. As decisões são tomadas nos encontros/assembleias dos associados e executadas conforme planejamento elaborado por cada uma.
As Bodegas funcionam em espaços cedidos pela igreja, por empresa privada, por sindicatos, uma em espaço alugado e uma tem sede própria, comercializam uma diversidade de produtos in natura e beneficiado da agricultura familiar e agroecológica entre estes: verduras, legumes, frutas, doces, carnes, peixes e mariscos, amêndoas, mel, doces, bebidas regionais, óleos, derivados do leite da cana de açúcar do caju, na tipologia do artesanato: file, labirinto, crochês, renda, produtos de madeira, de barro, da palha da bananeira, croá e da carnaubeira, roupas artesanais, cama, mesa e banho, confecção em geral, bonecas e brinquedos com matérias reutilizáveis, oferecem serviços de arte e cultura, de alimentação (café e almoço), serviços gráficos, de hospedagem para turismo comunitário e realização de eventos. Além da comercialização nos pontos fixos, participam de feiras locais, regionais, estaduais e nacionais e fazem exposição em eventos correlacionados, vendem para programas de alimentação escolar, recebem encomendas por telefone e redes sociais. As despesas fixas de cada bodega são custeadas pela porcentagem que os produtos deixam quando são vendidos nas bodegas, por contribuições mensais dos sócios/as, por aporte de projetos que colaboram e investem em iniciativas como estas. Cada Bodega tem uma ou mais agente de vendas, pessoa responsável pela comercialização no ponto fixo e a viabilização de seu funcionamento diário, como: limpeza, abertura do espaço, etc. Ressaltamos que cada bodega tem uma forma auto gestionária de organização conforme a realidade de cada território e público envolvido, são espaços reconhecidos pela comunidade por se diferenciar claramente do comercio comum,tanto pelos produtos e serviços oferecidos, como pela organização, despertando o interesse e curiosidade da comunidade, pesquisadores e mídias locais.
Como o objetivo de articular estes pontos fixos de comercialização/bodegas no estado do ceará, nasce a Rede Bodega. A rede é animada pela comissão gestora constituída por 3 representações de cada bodega, se encontra bimestralmente nos territórios de atuação das bodegas para planejar e executar ações coletivas de fortalecimento da organização, produção, consumo, comercialização e participação no movimento de economia solidária. Em 2012, com o objetivo de ampliar a circulação dos produtos entre as bodegas e aumentar à comercialização a Rede desenvolvemos a metodologia de rodadas de comercialização, que se trata de uma compra antecipada, onde cada Bodega vende e compra produtos das outras Bodegas, primeiramente a rede com apoio do fundo nacional de solidariedade constituiu um fundo rotativo solidário para comercialização, aproximadamente R$ 840,00(oitocentos e quarenta reais) para cada Bodega, durante as reuniões da Rede são realizada as rodadas onde cada Bodega oferece os produtos entre si, que são comprados com este recurso do fundo e quando a venda é realizada para consumidor final o recurso retorna para o fundo novamente, com isso favorece uma maior circulação e diversidade dos produtos nos pontos fixos, além de que os produtores(as) recebem imediatamente pelo produto, mesmo antes de ter sido concluída a venda. Coletivamente através da rede as bodegas captam recursos e desenvolve projetos que apoiam na formação e desenvolvimento das pessoas, na infra estrutura e organização das bodegas.
Recursos Necessários
Os itens citamos a seguir podem variar conforme a especificidade de cada ponto fixo/bodega, o que vai comercializar e a forma de organização do empreendimento, número de grupos envolvidos, podem ter custos financeiros ou não conforme as parcerias estabelecidas, citamos o que consideramos básico para iniciar uma bodega que comercializa artesanato, têxtil e produtos da agricultura familiar.
Infra estrutura: espaço físico, equipamentos conforme a demanda de produtos: Artesanato e têxtil: prateleiras, estantes, arara, expositores, cadeiras, balcão; Alimentação e produtos da agricultura familiar:geladeira, freezer, utensílios de cozinha, fogão, botijão de gás, prateleiras;
Pessoal: no mínimo uma pessoa, agente de vendas, responsável pela comercialização e funcionamento da bodega com o acompanhamento da comissão gestora da bodega (pode ser escala rotativa entre os produtores/as dos empreendimentos associados);
Administrativa: computador, impressora, sistema de controle administrativo, material de divulgação: banner, fôlder, cartaz, embalagens; telefone, internet, birô, cadeira, água, luz.
Resultados Alcançados
A construção permanente de resistência, ideias e estrategias para manutenção da vida dos pontos fixos de comercialização solidaria diante um sistema capitalista dominador das vidas e do mercado;
Ampliação dos pontos fixos de 2 para 5 com aumento da diversidade de produtos (mais de 100 itens) e serviços oferecidas nas bodegas;
Valorização da cultura e potencialidades local com a adequação das praticas de manejo sustentável e reutilização de material reciclado para a produção artesanal;
Empoderamento e participação efetiva de 163 mulheres envolvidas nos processos produtivos, de autogestão e comercialização;
Disseminação da prática do consumo responsável;
Ampliação das oportunidades de comercialização: redes sociais, feiras solidárias, rede nacional de comercialização, programas PNAE - Programa Nacional de Alimentação Escolar e PAA - Programa de Aquisição de Alimentos;
Circulação de 20 mil reais em 10 rodadas de comercialização com participação de 4 bodegas e aproximadamente 20 produtos;
Aproximadamente 100 mil, circulou no ano de 2016 nas bodegas com a comercialização, mesmo em tempos de escarces de água e redução drástica da produção agroecológica e crise financeira;
Modernização da produção com aquisição de infração estrutura e insumos para produção, através dos fundos rotativos solidários;
Aumento em 30% na renda das famílias de 57 empreendimentos de produção e serviço;
Propagação e visibilidade de práticas econômicas solidaria e sustentáveis na comunidade local, no estado e na federação;
Premiação do BNDES Boas Práticas em economia solidaria;
Criação da Lei de economia solidária em 4 municípios da abrangência da Rede Bodega;
Captação de aproximadamente 350 mil para projetos de apoio as bodegas em infra estrutura, formação, articulação e divulgação;
Disseminação da temática Economia solidária nas universidades e com a comunidade através da sistematização e publicação de revistas, artigos, dissertações, entrevistas, etc;
Fomento para surgimento de novas iniciativas em economia solidária, sendo a rede uma referencia local, estadual e nacional.
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