Problema Solucionado
Em meados dos anos 2000 a atividade leiteira no Oeste Catarinense passou de atividade de subsistência para principal fonte de renda dos agricultores familiares. Com esta mudança surge novos sistemas produtivos, legislações específicas e inúmeras plantas industriais se instalaram na região, ocasionando desafios e entraves para os mesmos se manter na atividade.
Os sistemas produtivos convencionais conjuntamente com a imposições das indústrias lácteas para aumento do volume de leite, tem ocasionado o aumento do custo e a exclusão de muitas famílias, obrigando-os a deixar o campo. Este contexto obrigou-os a se reorganizarem e foram criadas várias cooperativas municipais de leite, com intuito de fortalecimento e encontrar formas de permanecer na atividade.
A produção agroecológica na região é um sistema que está sendo trabalhado pelas ONG´s, cooperativas e associações a mais de 15 anos, sendo portanto uma prática viável econômica, cultural, social e ambiental, a qual veio de encontro com a Ascooper, associação destas cooperativa, esta, tem investido neste setor com intuito de produzir leite agroecológico prestando assistência técnica e implementação do sistema de produção PRV.
Descrição
A Associação Ascooper tem hoje 2000 famílias associadas, e entre estas 25 famílias esta na proposta de produção de leite agroecológico utilizando como base tecnológica o sistema produtivo PRV.
Este sistema foi criado pelo francês Andre Voisin e segue algumas leis que o mesmo desenvolveu ao longo de seus estudos, sendo as 4 leis universais. Sendo, portanto, a base é a divisão das áreas de pastagem perene diversificadas em parcelas menores de acordo com o tipo, quantidade e qualidade de pasto existente.
As cercas para fazer a divisão das áreas é com arame liso e eletrificado e com corredores facilitando o manejo dos animais. Em cada parcela há necessidade de ter água a disposição dos animais e sombra para manter o conforto térmico. O manejo das pastagens segue as leis, onde os agricultores observam o momento exato que as plantas estão aptas a serem cortadas pelo dente do animal; deixam os animais na parcela tempo suficientemente curto para que o pasto possa realizar o novo rebrote; os animais de maiores exigências alimentares fazem o primeiro corte chamado de "desnate" e as vacas secas e novilhas vem logo após fazendo o "repasse"; por fim, o agricultor deve observar qual parcela esta pronta para ser utilizada chamado "efeito xadrez".
A permanência dos animais o tempo todo no pasto com água a vontade dá condição de todos saciarem a sede sempre que desejarem, é fundamental para que os mesmos não percam energia caminhando e assim convertam-a em leite e carne.
As árvores de sombra é outro fator determinante, podendo ser nativas (preferencialmente) ou exóticas pois protegem os animais do sol forte, ventos frios e chuvas ocasionando bem estar.
O solo é beneficiado pela deposição de esterco e urina, esse fator aumenta a matéria orgânica ocasionando aparecimento de inúmeros insetos benéficos que incorporam o esterco ao solo, melhorando a estrutura do mesmo e aumentando a fertilidade. Portanto, não havendo necessidade de uso de insumos externos. Não precisando revolver o solo, propicia um ambiente adequado para o desenvolvimento da vida no solo, devido boa estruturação física e química.
O manejo dos animais é feito de forma calma, sem gritos, tapas e empurrões a fim de garantir a tranquilidade dos animais. Após o sistema implantado ocorre uma diminuição significativa da necessidade de mão-de-obra, tanto para as pastagens que não precisa ser plantada anualmente, quanto para o manejo dos animais, pois os piquetes são projetados com os corredores que facilita a condução dos animais.
Além da alimentação à base de pasto, a sanidade dos animais é constituída de terapêutica à base de homeopatia e fitoterapia, obedecendo as normas da legislação orgânica 10.831/2003. Assim como, os produtos de limpeza das estruturas e equipamentos seguem as normas legais vigentes.
O conjunto destas ações onde os animais convivem ao ar livre é fundamental para que se obtenha um produto (leite) de qualidade, pois o PRV é um sistema equilibrado que ao mesmo tempo favorece o solo, as plantas, os animais e o homem, garantindo a sustentabilidade, com baixo custo e melhorando o meio ambiente.
As famílias que estão utilizando esse sistema produtivo além de serem associadas as cooperativas municipais ligadas a Ascooper, são integrantes da Rede Ecovida de Agroecologia, através dos grupos dos agricultores. Essa é uma das formas de certificação do sistema OPAC - Organismo Participativo de Avaliação da Conformidade, seguindo portanto as regras da certificadora, onde os agricultores utilizam a participação para afirmarem conformidade e assim poderem utilizar o selo Brasil de certificação. Salienta-se que 8 das famílias que estão na proposta de produção de leite agroecológico já encontram-se certificadas e as demais estão em processo de transição.
Recursos Necessários
São necessários basicamente para implantar essa tecnologia os seguintes itens, seguindo a base de 1 hectare com parcelas de 500 metros quadrados, totalizando 20 parcelas;
12 Palanques/mourões de 1,80 metros;
28 Palanques/estacas de 1,20 metros;
1300 metros de Arame liso galvanizado
70 Isoladores Castanhas
30 Isoladores Dáblio
1 Eletrificador
3 barras de cobre Aterramento
1 Para-raios
200 metros Manga
10 Conexões diversas
100 Mudas de árvores
3 Bebedouros (Tonel plástico 200 Litros)
3 Boias
Resultados Alcançados
Os principais resultados que esta sendo alcançado com essa proposta de produção de leite agroecológico conforme os depoimentos dos agricultores, é a satisfação das famílias em trabalhar com a atividade, porém eles tem percebido as seguintes melhorias:
Com este sistema produtivo, há diminuição do uso de mão de obra pela praticidade do sistema;
Diminuição no custo de produção por não haver necessidade de adquirir grandes volumes de insumos fora da unidade de produção;
A melhora da fertilidade e conservação do solo;
Aumento da renda da famílias;
Recebimento de assistência técnica contínua e específica para a produção agroecológica;
Melhoria no processo organizativo nas cooperativas e no grupo de agroecologia;
Maior alcance social, com a permanência das famílias no campo;
Há uma proposta concreta de industrialização e comercialização do leite, acrescido o valor de venda em função da certificação orgânica;
Quantitativamente:
Este sistema esta implantado e em acompanhamento em 30 famílias, das quais 8 já possuem certificação Orgânica;
Totalizando uma área de aproximadamente 100 hectares, que devido demanda existe e projetos de ATER este número esta aumentando.
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