Problema Solucionado
A questão do lixo está ganhando importância maior a cada ano, à medida que a economia se expande e incentiva o descarte, visto que a necessidade de reciclar uma série de produtos como plástico, vidro, metais, e outros, é urgente, pois pode ocasionar graves danos à saúde e ao meio ambiente (SERAFIM; MAIA, 2013).
Diariamente, uma grande quantidade de produtos recicláveis, como garrafas Pet, plásticos, isopores e uma variedade de itens, se somam a um montante cada vez maior de lixo orgânico. O que leva a um cenário no qual os catadores se tornam atores principais, pois são trabalhadores que atuam há muitos anos com a coleta, classificação e destinação dos resíduos, permitindo o seu retorno à cadeia produtiva e, ao mesmo tempo, reduzindo os gastos públicos com o sistema de limpeza pública, aumentando a vida útil dos aterros sanitários, diminuindo a demanda por recursos naturais, e fomentando a cadeia produtiva das indústrias recicladoras com geração de trabalho (MMA, 2015).
No entanto, estes catadores são marginalizados e, muitas vezes, excluídos dos ambientes sociais e, neste contexto, surge a tecnologia social, com a finalidade de organizá-los para o trabalho associativo.
Descrição
A estratégia metodológica que orienta as ações realizadas é a da autogestão, a qual envolve ações de organização, formação política, capacitação, acompanhamento e avaliação do processo para geração de trabalho e renda. A organização para o trabalho ocorre pelo fortalecimento das associações existentes no município de Cruz Alta e nos demais municípios atendidos (Tupanciretã, Ibirubá e Salto do Jacuí), que trabalham de forma coletiva, criando formas particulares de organização dentro do associativismo, conforme as necessidades e realidades de cada população. A formação política contempla a articulação entre os grupos e espaços de organização nos níveis local, regional e nacional, provocando um rompimento das atividades individuais. A estrutura física das associações dos quatro municípios atende aos requisitos da salubridade, segurança no trabalho, configurando-se em ambientes adequados para a separação e organização dos materiais recicláveis. Todas as associações possuem prensa, balança e picotadeira, bem como cozinha, banheiro e escritório para negociações.
A partir dos recursos conquistados pelo Projeto Profissão Catador, além dos espaços de trabalho, os grupos de Cruz Alta contam com caminhão para coleta seletiva parcial no município, bem como triciclos para transporte de materiais.
Além de ser um local para separar e processar o material recolhido, as associações são espaços que funcionam como núcleo gestor do sistema de comercialização, além de um espaço de formação, a partir dos cursos de capacitação e das ações dos projetos vinculados à Inatecsocial.
A capacitação para o trabalho está voltada à apropriação de conteúdos e desenvolvimento de habilidades associadas à organização do trabalho coletivo, envolvendo a gestão, a produção e a cidadania através de inúmeras oficinas que são realizadas periodicamente, conforme as demandas expostas pelos grupos.
O trabalho da equipe técnica, formada por Assessora de Comunicação (1), Monitor (1), Assistentes Sociais (2), Motorista (1), Coletores de materiais recicláveis (2), Motociclistas coletores (2), Estagiário (1) e Coordenação geral (Economista -1 e Assistente Social - 1) consiste na atuação pelo fortalecimento da rede já constituída com os grandes geradores de materiais recicláveis, tais como: empresas, condomínios, comércios e instituições da comunidade, com o objetivo de fornecer o material para os catadores.
As famílias dos catadores são acompanhadas por técnicos da área social, que buscam assegurar os direitos sociais dessa população através da orientação e encaminhamento para a rede sócio assistencial.
O processo foi desenvolvido a partir de conquistas que iniciaram em 2006, ano em que foi inaugurada a primeira Associação, ACCA (Associação de Catadores de Cruz Alta), no Bairro dos Funcionários.
Em 2009 foi inaugurada a segunda Associação, ARCA (Associação de Recicladores de Cruz Alta), no Bairro Acelino Flores, construída com recursos pleiteados pelo poder público municipal.
No ano de 2010 o trabalho nas associações existentes foi fortalecido e, ainda, foram criadas mais duas associações no município, AREPRICA, Bairro Primavera, e ATRECA, Bairro Progresso, e a CENCOR, uma central regional de comercialização de resíduos composta por equipe técnica, para dar assistência às Associações.
Dessa forma, o Projeto constituiu-se numa oportunidade de implementar uma tecnologia social para acompanhamento da organização dos catadores no município de Cruz Alta – RS, através da extensão universitária.
Em 2014 inicia-se uma nova etapa para o Projeto, dando continuidade aos avanços do Profissão Catador I, viabilizada com o propósito de constituir uma rede de comercialização de materiais recicláveis, fortalecendo a organização econômica e social dos catadores de materiais recicláveis do município de Cruz Alta e expandindo o trabalho de organização da atividade de catação para os municípios de Tupanciretã, Salto do Jacuí e Ibirubá.
Esse novo momento também culmina com a formalização da Inatecsocial – Incubadora e Aceleradora Tecnológica de Negócios Sociais da Unicruz, voltada a projetos, empreendimentos e ações que visam à economia solidária, à economia criativa e ao comércio justo, impulsionada pelo Projeto Profissão Catador.
Recursos Necessários
SE FAZ NECESSÁRIO:
- EQUIPE TÉCNICA COM OS SEGUINTES PROFISSIONAIS: ASSISTENTE SOCIAL, ADMINISTRADOR, TECNICO ADMINISTRATIVO, PUBLICITÁRIO, MOTORISTA, GARI, COLETOR.
- ESPAÇO ADMINISTRATIVO COM COMPUTADORES, MESAS, CADEIRAS, ARMÁRIOS, DATA SHOW, IMPRESSORA E MATERIAL DE EXPEDIENTE
- NO AMBIENTE OPERACIONAL: PRENSAS, BALANÇA, PICOTADORA, COMPUTADOR, MOVEIS DE COZINHA E REFEITÓRIO, MESA, CADEIRA, MÓVEIS DE ESCRITÓRIO, MATERIAL DE EXPEDIENTE, CAMINHÃO E TRICICLO.
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Resultados Alcançados
Vários resultados foram alcançados:
- participação dos catadores em encontros das categoria, ligados a instâncias regionais, estaduais e federal de organização desses trabalhadores. Alguns catadores já participaram de ações do projeto Articulação em Brasília/DF e eventos de economia solidária;
- participação em eventos e atividades pedagógicas realizadas na UNICRUZ e no município de Cruz Alta;
- negociação com o poder público pelos catadores, a partir do desenvolvimento e ampliação das atividades, resultando numa maior formação política dos grupos.
- participação na programação do Fórum de Sustentabilidade do COREDE Alto Jacuí organizando o encontro regional de catadores;
- houve uma elevação de renda per capita dos catadores em média de 208%. Este aumento ocorre pela organização do trabalho, pois antes os catadores realizavam vendas de materiais a cada 60 dias e hoje as vendas ocorrem a cada 10 dias;
- qualificação da atividade na cadeia da reciclagem;
- formação de uma rede de parcerias dos catadores com mais de 100 empresas da iniciativa privada;
- melhoria das condições de trabalho dos catadores;
- apropriação de ferramentas de gestão financeira pelos próprios trabalhadores;
- autonomia das mulheres catadoras;
- maior reconhecimento e respeito da comunidade com relação à atividade de reciclagem e aos grupos de empreendedores sociais;
- inclusão das famílias em programas socioassistenciais e parcerias com organizações do terceiro setor para atendimento das problemáticas inerentes à condição de vulnerabilidade social das famílias;
- redução do trabalho infantil, tendo em vista que o Projeto luta pela inserção das crianças, filhos dos catadores, nas escolas e não permite a entrada delas nas associações, tendo em vista os riscos;
- verticalização da produção;
- a possibilidade de reflexão e produção de conhecimento a partir da experiências de extensão universitária;
- estímulo a outras instituições e à comunidade para aquisição de produtos sustentáveis, a parir de projetos motivados pelo Profissão Catador;
- ampliação da coleta seletiva municipal nas cidades de abrangência;
- realização constante de oficinas de conscientização socioambiental nas escolas e instituições públicas e privadas nos municípios de atuação;
- o Projeto Profissão Catador impulsionou a formalização de uma Incubadora Social da Universidade de Cruz Alta, modificando o sentido da pesquisa e do ensino na instituição.
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