Problema Solucionado
O que nos motivou a criar essa tecnologia social inicialmente em 2005, foi a necessidade de resgatar e preservar, a partir de um trabalho voluntário e coletivo, as sementes e mudas crioulas, para cultivo e processamento de plantas medicinais. Além disso, conscientizar da importância da alimentação saudável e do uso da fitoterapia para prevenção e tratamento das doenças e produção de alimentos livres de agrotóxicos.
O principal problema que se apresentava era quanto a saúde da comunidade, pois a produção de alimentos contaminados com agrotóxicos, gerava uma série de enfermidades e doenças. Por outro lado, existiam as educadoras populares que faziam parte do Movimento das Mulheres Camponesas (MMC) que detinham vários saberes e participavam de formações quanto ao uso, plantio e processamento de plantas e sementes crioulas para gerar saúde e produção de alimentos saudáveis.
Assim, nasceu a ideia de implantarmos um horto de plantas e sementes crioulas e de fazer parcerias para realizar cursos de capacitação, preparação de hortas nos quintais das casas e comunidades e distribuir mudas de plantas e sementes para as mulheres da comunidade local.
Descrição
Participam do Grupo cerca de 40 mulheres que residem na comunidade de Faxinal dos Rosas e nas comunidades circunvizinhas. Nos últimos tempos participam também, lideranças de bairros da cidade de Chapecó, simpatizantes do Grupo ou do MMC, grupos alternativos, mulheres, adolescentes e crianças que querem conhecer mais dessa experiência agroecológica.
Os encontros semanais de trabalho coletivo das mulheres são realizados na segunda e quinta-feira, envolvendo desde o plantio, cultivo, colheita, secagem, processamento e armazenagem de sementes e plantas medicinais.
As participantes do grupo prestam serviço de forma voluntária e em contrapartida recebem gratuitamente cursos de capacitação, palestras, remédios mudas e sementes que são preparados pelo coletivo de mulheres. Dentre as atividades de formação/capacitação desenvolvidas pelo grupo, podemos destacar:
• Formação para aprender o processo de plantio e cultivo das plantas, compreendendo que elas são seres vivos que precisam de respeito, carinho e cuidado. A planta necessita do seu espaço e tem seu ciclo;
• Oficinas sobre o processo de colheita, secagem, armazenagem e elaboração de xaropes, pomadas, chás, comprimidos, sprays e outros compostos;
• Elaboração e confecção de materiais alternativos para complementar os cursos de formação;
• Formação na área de alimentação saudável, preparo e aproveitamento dos alimentos, mudando alguns hábitos da família;
• Planejamento e implantação de hortas domésticas numa proposta de quintal produtivo;
As formações são voltadas para que os participantes assumam uma mudança de hábitos e costumes, partindo para a vivência de experiências sustentáveis na área do plantio, cultivo, preparação e uso das plantas no seu cotidiano. Da mesma forma, a compreensão do equilíbrio da cadeia alimentar e do respeito ao solo, a natureza e todas as suas formas de vida.
Para sustentabilidade econômica da Associação, o excedente da produção de compostos, remédios homeopáticos e fitoterápicos são comercializados na sede do grupo, nos encontros do MMC e em eventos culturais e comunitários.
A Associação conta com parcerias das mais diversas: as universidades locais tem apoiado com pesquisa e catalogação das plantas; parcerias com as Clubes de Mães, Secretarias de Educação e Cultura, Museus, Secretarias de Assistência Social, Centros de pesquisa, entre outros. O horto e as ações do grupo Pitanga Rosa se tornaram também um ponto de estudo da cultura popular tradicional, preservação das plantas e sementes crioulas, modelo de sustentabilidade e produção agroecológica de alimentos.
Recursos Necessários
- Espaço físico apropriado para implantação do horto de plantas medicinais e plantio das sementes crioulas;
- Espaço físico para oficinas;
- Estruturação de uma sala para processamento e conservação da produção;
- Coordenação de uma líder com experiência em fitoterapia, cultivo e processamento de plantas e alimentos saudáveis, livre de agrotóxicos;
- Coordenação, pessoa experiente na área de manejo e processamentos de plantas medicinais e produção de sementes e mudas crioulas;
- Mobilização da comunidade para apreender e colocar em prática esses saberes e fazeres da cultura ancestral.
Inicialmente, começaríamos com um curso de formação, capacitação e consultoria para implantação da TS – em torno de R$ 28.000,00.
Resultados Alcançados
Na prática pode-se perceber que a iniciativa realizada pelo coletivo de mulheres que fazem parte da Associação Pitanga Rosa é de suma importância para as práticas de saúde e melhoria da qualidade de vida das famílias que fazem parte do grupo. Podemos perceber alguns parâmetros que caracterizam a Tecnologia Social, modificando e oportunizando novas soluções à vida das participantes e suas famílias:
1. Quanto a sua razão de ser: a TS visa a solução de demandas sociais e de saúde vivenciada e identificadas pelas integrantes do grupo – prevenção e cura de doenças delas e da família, alimentação saudável, preservação de saberes e das mudas e sementes, discussões de gênero, empoderamento social... Os processos de tomada de decisão são de forma participativa, por meio de reuniões e assembleias de discussão;
2. Quanto ao papel da população: a TS promove a participação, a apropriação e ressignificação de conhecimentos dos atores sociais envolvidos por meio das oficinas, palestras e formações que acontecem semestralmente na sede da Associação. Assim ocorre a aplicação e a construção de novos conhecimentos a partir da pratica que são mediadas pelas integrantes do grupo e por convidados que atuam na mesma área em instituições parceiras.
3. Quanto a sustentabilidade: a TS visa a sustentabilidade econômica, cultural e ambiental pois promove: o empoderamento das participantes e suas famílias quanto a necessidade de preservação ambiental; a importância do cultivo e processamento das plantas e sementes tradicionais; a troca de conhecimentos entre os atores envolvidos; o atendimento as demandas da comunidade e da região; o aperfeiçoamento e a multiplicação das soluções que potencializam processos de prevenção de doenças, sustentabilidade ambiental e alimentação saudável a partir do uso e da preservação de plantas e sementes crioulas.
Outro ponto importante é que a TS hoje é um ponto de referência para estudos e pesquisas no campo da agroecologia, economia solidária e criativa e recebe visitas semanalmente de estudantes do ensino fundamental, ensino médio e universitários da localidade e região.
Partindo da nossa realidade, nos encontros semanais, cursos quinzenais, participação em eventos, atendimento a estudantes entre outras atividades, passam pela TS mensalmente, cerca de 980 visitantes/participantes.
Comentários