Problema Solucionado
Muitos processos produtivos desenvolvidos na agricultura familiar têm sua origem em conhecimentos tradicionais. As espécies vegetais de interesse comercial, já foram estudadas, pesquisadas, clonadas e plantadas racionalmente ou seus princípios ativos sintetizados. As multinacionais do setor químico-farmacêutico e do agronegócio estão gerando receitas astronômicas, enquanto o agricultor familiar, sem acesso à tecnologia, sobrevive com muitas dificuldades, sempre dependente de políticas públicas. Empresas de pesquisa, Institutos de Ciência e Tecnologia, Laboratórios de multinacionais, Universidades, trabalham seus projetos, voltados para atender interesses do agronegócio e do capitalismo. E o pequeno produtor rural obriga-se a deixar de lado o que sabia fazer, para atender aos interesses dos grupos econômicos dominantes, fornecendo apenas matéria prima bruta, de interesse desses grupos, sem nenhum valor agregado. Desta forma, práticas seculares são esquecidas, sementes crioulas não conseguem mais ser preservadas, plantas medicinais são trocadas por remédios de farmácia, a floresta é destruída em prol do avanço da fronteira agrícola e o agricultor é expulso do seu ambiente.
Descrição
A Rede ECOFORTE Encauchados, tendo o Poloprobio como gestora, poderá ser o elo de ligação entre as práticas e conhecimentos tradicionais e os possíveis atores sociais que irão interagir com essas comunidades para a construção participativa na melhoria e aprimoramento dessas práticas detectadas, que vem sendo usadas localmente, mas que tem condições de expansão na própria comunidade, no seu entorno e para outros grupos sociais com características semelhantes. No caso dos Encauchados de Vegetais da Amazônia, onde a metodologia foi amplamente testada e validada, a solução teve início com a interação direta do professor e pesquisador Francisco Samonek, com as comunidades extrativistas, por décadas. O passo seguinte é a interação do profissional da área tecnológica a ser trabalhada (químico, agrônomo, engenheiro florestal, antropólogo, de entre outros) com os comunitários onde a prática se desenvolve para a troca e nivelamento do aprendizado. A partir daí naturalmente vão surgir as demandas de melhorias para se atingir um grau de aprimoramento do produto. Por outro lado, naturalmente surgem pessoas com mais habilidade, independente do seu grau de instrução, e que, na sequncia, se transformarão em multiplicadores e reaplicadores da nova Tecnologia Social. Isto acontece com homens e mulheres indistintamente. No Caso dos Encauchados podemos elencar uma dezena de pessoas que eram simples donas de casa, agricultores, seringueiros, artesãos e descobriram que poderiam contribuir não só nas suas comunidades, mas também para outros grupos sociais, como reaplicadores dessa TS. Faltava apenas uma oportunidade para que o líder aparecesse. Podemos citar a artesã e comunitária Dayanne Dourado Santos, moradora da Vila Modelo, no Assentamento Luiz Lopes Sobrinho, na cidade de São Francisco do Pará – PA, que vem nos últimos 10 anos, atuando como uma das 75 pessoas que hoje fazem a reaplicação dos Encauchados no Estado do Pará. Ou ainda o índio Kaxinawá, Kupi, Antonio José de Albuquerque, morador da aldeia Nova Olinda, no alto rio Envira, Feijó-Ac, pai de 7 filhos, atende hoje 07 unidades indígenas no rio Envira, Feijó, e mais 05 unidades no rio Humaitá, em Tarauacá-Acre. Uma das partes mais importantes dessa TS é a troca de vivências entre comunitários. Os potenciais multiplicadores irão fazer um estágio, em uma unidade que esteja funcionando, convivendo e trocando experiências com essa comunidade. Citamos o exemplo da índia Tukano, Hermínia Vasques, mãe de 6 filhos, dona de casa, artesã, de São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, que veio ao Mosqueiro, aprender a extrair, colher e processar o látex transformando em Encauchados. Outro exemplo mais recente é o da Sra. Maria das Neves Alves Belém, extrativista, moradora da Comunidade Arajó, no município de Inhangapi-PA, que além de riscar e produzir o látex, atua como multiplicadora, ensinando outras mulheres a desenvolver a atividade extrativa da borracha. Resumindo a solução adotada é, para a construção de um TS é unir o conhecimento científico com o saber popular e para a reaplicação é trazer pessoas, líderes, de diversas localidades, para trocar saberes em outras localidades que já detenham a TS em execução. Então, a partir, do desenvolvimento dessa metodologia participativa, os Encauchados estão em 04 Estados da Amazônia, com 49 unidades, envolvendo mais de 1500 famílias, tendo apenas Zélia Damasceno e Francisco Samonek, na coordenação, morando na cidade, porém,755 reaplicadores atuantes e outros tantos em fase de capacitação, morando em suas próprias comunidades.
Recursos Necessários
Os custos para a implementação dessa metodologia envolvem recursos materiais diferenciados em função da prática popular a ser aprimorada e transformada em TS para reaplicação.
Apresentamos um orçamento de uma unidade dos Encauchados, apenas como referencial.
Ítem Atividade Un Qtdade R$ Unit R$ Total
1 Kits para produção kit 01 3.520,00 3.520,00
2 Construção unidade un 01 3.000,00 3.000,00
3 Abertura estradas seringa estrada 01 1.950,00 1.950,00
4 Oficina capacitação oficina 01 550,00 550,00
5 Diárias e deslocamentos verba verba 500,00 500,00
6 Pessoal verba verba 600,00 600,00
Total 10.120,00
Resultados Alcançados
01 Tecnologia Social desenvolvida (Encauchados de Vegetais da Amazônia)
75 reaplicadores atuantes,
250 reaplicadores qualificados e aguardando uma oportunidade para atuarem,
mais de 1500 famílias assistidas tecnicamente.
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