Objetivo
Elaborar atividades de reflexão e ação e, coletivamente, desenvolver um plano de ação no qual identificamos a realidade que desejamos transformar priorizando as iniciativas a serem desenvolvidas.
Problema Solucionado
Atualmente no Brasil 16,2 milhões vivem em pobreza extrema no Brasil, sendo 93% na área urbana e 1,1 milhões só em São Paulo. Os principais problemas enfrentados na comunidade estão ligados à exclusão dos moradores do mercado de trabalho e a ausência de prestação dos serviços públicos, uma vez que o poder público negligência essas comunidades. Os moradores dessas favelas vivem com grande incerteza por causa da irregularidade da terra onde vivem, além de outros problemas como a falta de segurança para deixar seus filhos em casa. Pelo histórico do trabalho do TETO percebemos que muitas vezes estas pessoas, moradores de comunidades precárias, não tem conhecimento sobre os seus direitos como cidadãos. Desde o começo do trabalho temos contato com os mais diferentes perfis de comunidades, umas muito unidas e mobilizadas com uma forte liderança, e outras que não têm uma referência comunitária clara para liderar uma maior organização. É muito claro que aqueles grupos mais organizados e cientes de seus direitos conseguem trabalhar melhor para reivindicar mudanças em sua realidade.
Descrição
O modelo de intervenção do TETO é baseado no fomento do desenvolvimento comunitário, de forma que o projeto se modifica e se adapta conforme as necessidades e vontades da comunidade. Trata-se de um sistema colaborativo de coprodução, baseado nas rodas de aprendizado do Paulo Freire.
O primeiro passo para a instauração das Mesas de Trabalho é a solicitação da comunidade em receber o apoio do TETO em seus projetos de organização comunitária ou no desenvolvimento de projetos a longo prazo. Em sequência é proposta uma reunião geral a qual todos os moradores são convidados, na qual se explica a Mesa de Trabalho e a Habilitação Social.
Neste contexto é realizado o diagnóstico participativo da situação local, que é o processo através do qual os moradores identificam, caracterizam e priorizam as questões que afetam sua comunidade. O diagnóstico é participativo quando consegue proporcionar espaços com liberdade de expressão para todos os envolvidos e ao se permitir a escolha coletiva das ferramentas que serão utilizadas; e será comunitário ao conseguir coletar informações que representam toda a comunidade.
Como ferramenta didática para a formação do diagnóstico participativo podemos citar o mapa do futuro e a árvore de problemas. O primeiro facilita uma visão compartilhada dos medos e expectativas, pois é uma projeção da comunidade no futuro caso se consiga superar os problemas atuais, com o objetivo de gerar discussões sobre as ameaças e oportunidades posteriores.
Já a árvore de problemas consiste em analisar as relações de causa e efeito de vários aspectos de um determinado problema. As raízes da árvore simbolizam a causa do problema, o tronco é o próprio problema, e os galhos e folhas representam os efeitos. Durante a discussão final se reflete sobre quais causas podem ser eliminadas ou controladas por meio de atividades da comunidade. Assim, são escolhidas algumas causas que podem ser trabalhadas e o plano de ação da Mesa de Trabalho é elaborado baseado nelas.
A seguir, há o plano de ação, que deve incluir a aplicação dos planos de Habilitação Social, desenvolvidos pelo próprio TETO, além de classificar prioridades da Mesa de Trabalho e seus objetivos, para definir projetos e os moradores encarregados por eles. Para cada Plano, a Mesa de Trabalho deve designar um morador de referência do Plano, o qual deve ser morador da comunidade, ter, em regra, mais de 18 anos, ser proativo, flexível e aberto à comunidade. Suas funções englobam participar uma vez por mês da reunião da Mesa de Trabalho, assistir as aulas de capacitação que o TETO oferece, e manter a publicidade das informações relativas ao plano, dentre outras.
A próxima etapa é a avaliação, que ocorre ao final de cada semestre, com o fim de refletir sobre as ações que foram feitas nesse período, incluindo-se o funcionamento da Mesa e até que ponto os objetivos foram cumpridos. Tal reflexão permite ajustar a ação do semestre seguinte e saber quais são os pontos a serem melhorados. Além destas instâncias de avaliação, aquela referente à maneira em que a Mesa está funcionando deve ser constante.
Uma eficiente ferramenta gráfica de avaliação é o ECOMAPA (desenho representativo da Mesa de Trabalho e de todos os atores aos quais esta está ligada), que permite visualizar o relacionamento que a Mesa de Trabalho possui com os atores internos e externos e que, portanto, deverá ser periodicamente atualizada, para proporcionar uma clara percepção dos avanços na construção das Redes Sociais.
Considerando-se o caráter didático e instrutivo do projeto, nas Mesas de Trabalho reforça-se o uso das dinâmicas de grupo, como o “contrato de grupo” (no qual são definidas as condições essenciais para trabalho em grupo, como, por exemplo, a pontualidade), a “valorização do próprio” (no qual os indivíduos ressaltam as características positivas dos outros) ou a “dinâmica do pêndulo” (que busca fomentar a confiança entre os membros), entre outras.
Cada Mesa de Trabalho possui um coordenador, que é responsável por todas as ações no bairro, acompanhando e buscando capacitar os moradores para participar da Mesa de Trabalho, dominando as capacidades de liderança e organização. Portanto, este deve ser um agente ativo, capaz de propor novas ideias e fazer críticas construtivas, e com bom relacionamento interpessoal. Suas atribuições são: preparar o trabalho, com os temas a serem discutidos claramente definidos; estar disponível para projetos decorrentes da Mesa de Trabalho; e constantemente buscar que os moradores entendam o sentido da Mesa de Trabalho, que se sintam escutados e confortáveis com a sua participação.
Recursos Necessários
As mesas de trabalho requerem poucos recursos materiais para sua implementação, somente utilizando: cadernos, mapas, rolo de papel craft, caixas de canetas, canetões, livro de atas, pastas, livros de ata, cartões de apresentação brancos, megafone, máquina de xerox.
Para as comunidades que não possuem uma sede de associação, onde deverão acontecer as reuniões, o teto possui tecnologia para construir um sede.
Resultados Alcançados
As Mesas de Trabalho foram implementadas pelo TETO no Brasil no ano de 2013, tendo, naquele ano, 3 delas sido colocadas em funcionamento. Mundialmente, ao final de 2013 o TETO possuía 451 Mesas de Trabalho ativa. Em 2014 houve, até o presente momento, a implementação de mais três Mesas de Trabalho no Brasil, havendo, portanto, seis Mesas de Trabalho em funcionamento.
Através destas Mesas de Trabalho, em 2014 foram criadas duas associações de moradores nas comunidades “Murão” e “Souza Ramos”, nos municípios de São Paulo e Carapicuíba. Vale destacar que é de extrema importância para a comunidade possuir uma associação de moradores própria, que é o lugar onde se discutem os problemas locais, são buscadas soluções e é a ferramenta que torna possível realizar requerimentos formais junto à órgãos públicos. As associações de moradores tem o condão de consolidar a independência das comunidades, impactando diretamente no bem estar dos habitantes, os quais começam a se enxergar como efetivos atores sociais capazes de realizar mudanças e melhorar sua própria qualidade de vida.
Assim, se espera, de imediato, que sejam criadas associações de moradores nas comunidades que já possuem Mesas de Trabalho em funcionamento e que sejam implementadas mais Mesas de Trabalho nas comunidades que já passaram pela fase de construção.
Outro resulta imediato que podemos destacar é o aumento de comprometimento e participação dos moradores nas atividades desenvolvidas pelo TETO.
Quando iniciamos as atividades de Habitação Social, costumamos ter em média 2 a 4 moradores comprometidos com a mesa de trabalho. A cada semestre número de moradores crescem em média 50%, demonstrando assim um maior interesse dos moradores na busca pelos seus direitos.
Público atendido
Famílias de Baixa Renda
Desempregados
Gestores Públicos
Lideranças Comunitárias
Organização Não Governamental
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