Problema Solucionado
A polpa é altamente valorizada: em 2005, valia R$ 10,00/kg, atualmente vale mais que o triplo. A oferta de polpa de bacuri vem totalmente do extrativismo praticado por agricultores familiares que possuem bacurizeiros remanescentes de áreas que escaparam das derrubadas com finalidade madeireira e para roçados. Nestes últimos seis anos de atuação do projeto, já foram realizados 25 cursos de manejo de bacurizeiros nativos com o treinamento de 718 produtores e técnicos em 16 municípios do Estado do Pará, cujas áreas manejadas estão concentradas nos municípios de Maracanã, Bragança e Augusto Corrêa. Uma estimativa de pelo menos cem produtores, com área total de 25 hectares do nordeste Paraense e da Ilha de Marajó já estão utilizando as práticas de manejo preconizados pela Embrapa Amazônia Oriental, em colaboração com a Emater-Pará, Banco da Amazônia, Sindicatos de Produtores, Secretarias Municipais de Agricultura, ICMBio, Camta, SAGRI, entre outros. Já existem os primeiros bacurizeiros produzindo nestas áreas manejadas, bem como de plantios enxertados e de pé franco, formando Sistemas Agroflorestais, visando perspectivas futuras de mercado dessa fruta, sem necessidade de fazer mudas
Descrição
O bacurizeiro é uma das poucas espécies arbóreas amazônicas de grande porte que apresenta reprodução sexuada (sementes) e assexuada (brotações oriundas de raízes). Dessa forma nas antigas áreas de ocorrência de bacurizeiros verifica-se o rebrotamento, no qual mediante o manejo, colocando no espaçamento apropriado, permitiria a sua formação, criando nova alternativa para as áreas degradadas no Pará, Maranhão e Piauí. A densidade de bacurizeiros em início de regeneração chega a alcançar 40 mil plantas/hectare. O manejo consiste em selecionar as brotações mais vigorosas que nascem nos roçados abandonados deixando no espaçamento de 10m x 10m, podendo cultivar culturas anuais nas entrelinhas nos primeiros anos para reduzir os custos ou perenes formando sistemas agroflorestais.
Esse sistema é desenvolvido de duas maneiras o que chamamos de manejo radical onde se tira todas as outras espécies, deixando somente as plantas de bacurizeiro e a outra seria o manejo moderado onde se deixa outras espécies vegetais de valor econômico além do bacurizeiro.
Para se iniciar as intervenções de manejo de bacurizeiro nativos em florestas secundárias devem-se levar em consideração algumas fases fundamentais.
Primeira fase: Escolha da área de ocorrência, procurando evitar somente um tipo de bacurizeiro, ou seja, aqueles que têm origem de uma única planta que futuramente ocorreria somente sua floração e nunca sua frutificação, uma vez que o bacurizeiro para dar fruto precisa cruzar com outro bacurizeiro diferente.
Para realizar essa operação é necessária um dia de trabalho, para a escolha e a demarcação da área a ser manejada.
Em seguida, inicia a eliminação de cipós e desbastes de algumas espécies que esteja competindo com as plantas de bacurizeiro para facilitar a entrada de luz e liberação dos bacurizeiros.
Após essa operação a área deve ser acompanhada e supervisionada em 6 e 6 meses. Essa operação deve ser realizada para eliminar o surgimento de vários rebrotos principalmente de bacurizeiro que é uma espécie bastante agressiva após sua eliminação.
O desbaste deve levar em consideração plantas com diferentes tipos de folhas ou quando ocorrer à floração, a fim de permitir a identificação da diversidade das espécies de bacurizeiros produtivos procurando selecionar aqueles com fuste bastante longo e com copa bastante distribuídas.
Segunda fase: Consiste na eliminação gradual por corte direto cuja copa esteja competindo com o bacurizeiro selecionado e que sua eliminação não venha provocar o tombamento da planta desejada, o que é muito comum no manejo do bacurizeiro e não provoque danos severos nas plantas desejadas.
Nesta fase, procurando colocar os bacurizeiros próximos de um espaçamento que deve variar de 2m x 2m, 3m x 3m, 5m x 5m, 8m x 8m até chegar a 10m x 10m. As espécies que forem retiradas da área manejada devem ser aproveitadas pelos agricultores nas construções de casas rurais, nas cercas, na fabricação de farinha de mandioca e na fabricação de carvão etc.
Para realizar essa operação são necessárias 06 diárias para implantação da área manejada e 03 diárias para manutenção a cada seis meses.
Terceira fase: Após todas as operações mencionadas procura a implantação de sistema de cultivo com culturas anuais conforme as necessidades dos agricultores.
Procura-se dar maiores condições de desenvolvimento para as culturas introduzidas onde se observou que as culturas da mandioca, feijão e milho teve destaque na mesorregião do Nordeste Paraense.
Para manter o manejo do bacurizeiro em conjunto com as culturas anuais o agricultor deve-se disponibilizar as mesmas quantidades de diárias que do sistema da roça tradicional.
Aproveitar as entrelinhas com cultivo perenes de murucizeiro, mangabeira, cajueiros, etc. que suportam a seca e solos pobres, característicos dessas áreas de ocorrência de rebrotamento de bacurizeiros. É necessário, nas áreas manejadas, evitar as queimadas efetuadas em terrenos próximos cheguem ao bacurizeiros manejados.
Recursos Necessários
Essa tecnologia pode ser adotada por qualquer agricultor familiar por ser uma atividade de baixo custo, sem necessidade de fazer mudas e nem realizar o plantio de mudas, utilizando somente a mão-de-obra existente no estabelecimento agrícola.
É uma atividade que deve ser realizada em paralelo com as outras atividades desenvolvidas no estabelecimento agrícola.
Os gastos com mão-de-obra para efetuar a demarcação e a limpeza das entrelinhas de um hectare da área a ser manejada aproveitando os rebrotamentos de bacurizeiros é estimado em 18 a 20 dias/homens.
Ferramentas Utilizadas no Manejo de Bacurizeiro Nativo
Antes de iniciar o trabalho, é necessário que os agricultores se equipem com alguns instrumentos necessários para execução das atividades de forma segura, evitando assim acidente e otimizando o processo.
Trena – Instrumento de medição, útil para a delimitação de áreas, volumes e dimensões diversas.
Barbante – Utilizado para direcionar e colocar as árvores em linha reta
Piquetes – Utilizado para balizar e direcionar as árvores dentro da área manejada.
Terçado e foice – Utilizados nos processos gerais de corte de cipó e da vegetação herbácea e lenhosa.
Matraca ou tico-tico – Utilizado no plantio das culturas anuais como milho e feijão.
Motosserra – Utilizada no corte raso da vegetação lenhosa e desdobramento dos caules em toras para facilitar o transporte.
Machado – Instrumento utilizado principalmente no corte raso da vegetação lenhosa quando não possuir a motosserra
Resultados Alcançados
O alto preço alcançado pela polpa de bacuri, atingindo até R$ 32,00/kg, demonstra o interesse do mercado por esta fruta, totalmente dependente de árvores que escaparam dos desmatamentos nestes últimos quatro séculos e de manejos isolados realizados por alguns produtores nestes últimos quarenta anos. A Embrapa Amazônia Oriental procedeu ao aperfeiçoamento das técnicas de manejo de rebrotamento de bacurizeiros que foram implantados de forma pioneira por aproximadamente cem produtores, localizados nas mesorregiões do nordeste Paraense e da Ilha de Marajó, em torno de 25 hectares, estimulados pelos cursos realizados e pelo efeito imitação. A despeito da paciência necessária para que estas áreas manejadas entrem no processo de produção comercial, entre 8 a 10 anos, constitui uma excelente alternativa de renda e da recomposição de áreas degradadas na propriedade. Planta rústica adaptada a solos de baixa fertilidade e resistente a seca, sem necessidade de produzir mudas, pois estas já se encontram no próprio local, não custaria muito esforço por parte dos agricultores familiares reservarem um quarto de hectare, permitindo o crescimento de 20 a 25 árvores de bacurizeiros. Mesmo que o Novo Código Florestal (Lei 12.651/2012) isente os agricultores familiares com áreas menores do que quatro módulos fiscais de recompor as Áreas de Reserva Legal, nada mais salutar que tenham árvores na sua propriedade. Estas proporcionam sombra, frutos, atraem pássaros e outros animais, dando vida e valorizando a propriedade. O bacurizeiro seria uma árvore ideal. Garantindo o consumo familiar e proporcionando renda com a venda de frutos ou da polpa. No período de 2006 a 2013, a Embrapa Amazônia Oriental já realizou 25 cursos de treinamento de manejo de bacurizeiros para 718 produtores e técnicos nos municípios de Abaetetuba, Acará, Altamira, Augusto Corrêa, Belém, Bragança, Cachoeira Arari, Curuçá, Irituia, Magalhães Barata, Maracanã, Marapanim, Portel, Salinopólis, Santarém Novo, São João de Pirabas e Viseu. Muitos municipios onde não foram realizados cursos de treinamento também existem produtores que estão adotando práticas de manejo nas comunidades. O sucesso dos cursos de manejo estão visíveis nos municipios de Maracanã, Bragança e Augusto Corrêa, em plantios no municipio de Tomé-Açu compondo Sistemas Agroflorestais e o interesse pelo plantio em Altamira, onde o projeto já efetuou duas distribuições de sementes de bacurizeiros, em uma área fora da ocorrência dessa espécie.
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