Problema Solucionado
A proposta do LEVE – Local de Entrega Voluntária Escolar, surge, dentro do contexto de mobilização das atividades de Educação Ambiental do Instituto Brasil Solidário, que no ano de sua implementação, se deparava com uma problemática sendo debatida dentro e fora do contexto escolar, a partir da publicação da Lei nº 12.305/10, que instituía a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e instaurava a responsabilidade compartilhada da geração de resíduos. A proposta de trabalhar a reutilização de materiais recicláveis, a partir de ações pedagógicas dentro das escolas, já era uma realidade presente em todas as oficinas práticas fomentadas pelo Instituto, com iniciativas que conseguiam mobilizar não só alunos e educadores, mas toda a comunidade e até influenciar políticas públicas a partir dos resultados alcançadas dentro das escolas da rede pública de ensino. Os municípios de atuação do Instituto, passaram então a trabalhar o LEVE, fazendo da escola um ponto chave para a conscientização sobre a importância da coleta seletiva e inclusão social, conseguindo envolver a associação de catadores e a gestão municipal para a entrega e triagem desse material que poderá ser reaproveitado.
Descrição
O Projeto LEVE – Local de Entrega Voluntária Escolar - é uma tecnologia socioambiental de coleta seletiva que envolve Educação e conscientização por meio do envolvimento direto da escola na coleta de resíduos recicláveis. O Projeto surgiu a partir da ideia de aproveitar os espaços e o transporte de veículos públicos para coletar e destinar o material reciclável a uma associação local. A logística foi concebida a partir dessa ideia: o projeto consiste na instalação de coletores com big bags nas escolas, que tornam-se ecopontos onde os estudantes e a população podem entregar o material reciclável, e coletores metálicos em veículos da prefeitura, como ônibus escolares, carros de serviço, entre outros, visando o transporte do material coletado ao galpão de triagem sem custos extras para a municipalidade, que já custeia o combustível dos carros que circulam pelo município normalmente.
Por meio dos projetos de Educação Ambiental promovidos pelo Instituto Brasil Solidário em escolas da rede pública de ensino, são apresentadas sequências didáticas e planos de aula para incorporar a temática dentro do currículo escolar, onde os alunos são conscientizados sobre a necessidade do descarte correto de recicláveis e passam a participar ativamente da coleta seletiva com suas famílias, destinando os resíduos de suas casas aos coletores escolares. Ao circular pelas ruas, os ônibus escolares e os outros veículos auxiliam na coleta (cada aluno pode destinar mais lixo à coleta seletiva) e podem transportar os resíduos coletados ao galpão de triagem, sem onerar ainda mais a municipalidade.
A adesão dentro da escola, desde as primeiras ações tiveram resultados imediatos, com ações sendo fomentadas tanto dentro de sala de aula, como em campanhas com a comunidade. Muitos resíduos destinados à coleta seletiva podem ser reaproveitados criando utilidades para o dia a dia, como peças de artesanato, brinquedos, móveis, instrumentos musicais entre muitos outros, que são trabalhados junto as escolas com oficinas práticas de reaproveitamento de materiais. Dessa forma, os coletores com os materiais limpos e secos, tornam-se uma verdadeira fonte de matéria-prima para utilização em atividades escolares variadas, da realização de experimento à criação de cenários artísticos. E o excedente pode ir para uma cooperativa de reciclagem (ou catador autônomo), gerando renda para diversas famílias.
Recursos Necessários
Para a implementação em uma escola, é necessário:
- 3 coletores com cores diferentes para identificar: Recicláveis ou secos; orgânicos ou úmidos e rejeitos. O coletor de recicláveis é montado em 4 pallets reaproveitados.
- Espaço para a implantação dos coletores
- Material de apoio como cartazes para identificar o ponto de coleta seletiva na escola; panfletos para divulgar o programa na comunidade e engajar família e vizinhos da escola e sensibilização de catadores (autônomos ou associação local), para parceria de coleta do material que vem das casas e famílias de alunos, principalmente.
Para o alcance da proposta e multiplicação das atividades no município, a proposta envolve uma parceria entre os gestores municipais e a associação de catadores para a entrega do material, onde a prefeitura, através de transportes públicos como ônibus escolares, carros de serviço, entre outros, auxilia na entrega do material coletado ao galpão de triagem sem custos extras para a municipalidade, que já custeia o combustível dos carros que circulam pelo município normalmente. O trabalho direto com catadores tem se provado igualmente eficiente, principalmente no tocante à inclusão social dos mesmos e integração com outras ações das escola (festas e momentos culturais com pais por exemplo).
Resultados Alcançados
Promovendo essa proposta desde 2012 nas escolas de atuação do Instituto Brasil Solidário, o LEVE já alcançou 20 municípios em várias regiões do Brasil, e segue sendo implementado em todas as formações de educação ambiental durante todo o ano, com previsão de mais 3 cidades recebendo a proposta ainda esse ano de 2019.
No município de Crateús, no Ceará, a partir da implementação da proposta do LEVE, a coleta seletiva municipal já cobre 100% da área urbana e 75% da área rural do município. O principal indicador de impacto do Projeto LEVE pode ser acompanhado pelo volume de resíduos coletados nas 34 escolas participantes do município, que chega a 25 toneladas. A partir dessa iniciativa, o município de Crateús já consegue reciclar cerca de 370 toneladas por ano. A venda desse material gera uma renda mensal média mínima de R$ 650 a R$ 850 por mês para cada uma das 21 famílias de catadores de resíduos sólidos da associação RECICRATIÚ. O acompanhamento é realizado pela prefeitura de Crateús, por meio da secretaria de meio ambiente, em parceria técnica com o Instituto. Considera-se que toda a população do município é atendida pela tecnologia socioambiental por tratar-se de um projeto que desperta o protagonismo social e a responsabilidade ambiental em todos os seus habitantes (um total de 72.812 cidadãos) por meio da escola e de outras ações complementares. A relevância da iniciativa trouxe ao município de Crateús, o Prêmio Pró Catador, em 2013, concedido pelo Governo Federal.
Com os resultados alcançados, o Governo do Estado do Ceará convidou o Instituto para a implementação desse mesmo modelo em outras cidades, chegando aos municípios de Beberibe, Pindoretama e Cascavel, junto com as formações de Educação Ambiental do Instituto.
Devido à procura de outros professores e até gestores municipais sobre como desenvolver o projeto, a proposta se tornou parte de um material pedagógico do "Kit Práticas de Educação Ambiental", onde é apresentado um passo a passo de como implementar essa metodologia dentro da escola, incluindo planos de aulas e sequências didáticas para agregar o tema ao currículo escolar. O material está chegando a 21 municípios de atuação do Instituto, que já receberam outras formações presenciais do Programa de Desenvolvimento da Educação - IBS, e passaram a utilizar desses recicláveis como fonte de matéria prima para o fomento de oficinas de arte, cultura e incentivo à leitura, com materiais coletados na própria escola.
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