Problema Solucionado
Na trajetória institucional do CIEDS as juventudes são um público-alvo pelo potencial de transformação social para uma sociedade mais justa e democrática que este grupo protagoniza. A partir do desenvolvimento dos projetos Jovens Urbanos, Centro Urbanos-UNICEF, Jovens Jornalistas, Shell Iniciativa Jovem pôde-se observar que a ampliação das oportunidades de convivência e participação de jovens em suas comunidades e na cidade assinalou uma demanda de estruturação de iniciativas de empreendedorismo social juvenil, que impactassem os territórios, mas, também, pudessem se configurar em oportunidades de geração de trabalho e renda.
Surge, então, a metodologia de formação empreendedora do CIEDS voltada para jovens empreendedores de periferia como resultado de anos de prática e reflexão sobre as juventudes e desenvolvimento de projetos. A metodologia de formação com Juventude e Empreendedorismo do CIEDS foi aplicada num projeto piloto no ano de 2017 e o sucesso de sua execução possibilitou que a metodologia fosse replicada no ano de 2018 e 2019 em 4 polos da região metropolitana do Rio de Janeiro: na Zona Oeste e Norte do Rio de Janeiro, e nos municípios de Duque de Caxias e Nova Igu
Descrição
A concepção da metodologia foi baseada no estudo “Driving the skills agenda: Preparing students for the future” 31, realizado pelo The Economist Inteligence Unit (EIU) que explana as Competências para o século XXl, a partir dessa reflexão o CIEDS define como as competências do futuro que norteiam a metodologia: Atuação em Redes, Inovação, Liderança, Comunicação, Visionaridade e Responsabilidade como as Competências do Futuro, por acreditar que estas respondem a uma nova dinâmica global, interconectada e colaborativa, e configuram-se como a base para a formação de uma geração empreendedora, responsável e próspera.
O percurso formativo tem como premissa: o estímulo ao protagonismo e à participação cidadã, a atuação em redes e as novas formas de ocupação e geração de renda, sempre atreladas ao desenvolvimento local e à geração de valor para a sociedade.
No escopo da tecnologia consideramos como negócios de impacto - aqueles que apresentam soluções inovadoras, criadas coletivamente, que contribuem para o desenvolvimento econômico e social de pessoas e comunidades, ajudando na redução das desigualdades, da pobreza e da degradação ambiental. Estes apresentam modelos sustentáveis e economicamente rentáveis, que promovem prosperidade para todos e não apenas para quem empreende.
A metodologia é dividida em 5 ciclos:
Ciclo Água: É o que alimenta todo o processo, desde o ciclo terra até o muda. Compreende a etapa transversal Competências do Futuro, que visa ao desenvolvimento de competências que ajudem os jovens a empreenderem em diversas áreas de suas vidas, transformando suas ideias em oportunidades reais de desenvolvimento pessoal e social.
Ciclo Terra: É a base necessária para o início da formação empreendedora, o terreno onde serão plantadas as ideias (sementes). Compreende as etapas Identidade e Propósito, que tem como objetivo o autoconhecimento e ampliação da visão de propósito de vida dos jovens, conectando metas pessoais com interesses coletivos; e Diversidade e Conexão, que objetiva a ampliação do repertório sociocultural, a participação cidadã, a criação de redes e a construção de conhecimento compartilhado.
Ciclo Semente: É a essência do empreendedorismo, a ideia, de onde tudo começa. Compreende a etapa Ideação coletiva, que visa à criação compartilhada de soluções para problemas identificados coletivamente nos territórios. Parte das premissas de que juntos temos melhores ideias e que empreender é gerar valor para a sociedade e não apenas para aquele que empreende.
Ciclo Muda: É quando a ideia (semente) finalmente brota e a iniciativa nasce de fato (muda). Compreende as etapas Oficina de Soluções, que consiste em processos de formação técnica especializada, mentoria intensiva e suporte na análise da viabilidade das soluções por meio da prototipação e testes; e geração de Valor Compartilhado, que se refere à formalização de negócios, idealizados e desenvolvidos pelos jovens, que contribuam para o desenvolvimento econômico e social de pessoas e comunidades, gerando valor para a sociedade.
Bioma: Entendemos que as “mudas” que saírem do nosso processo formativo poderão ser “plantadas” nesse Bioma, com o intuito de fomentar a integração, a cooperação, o suporte e a construção coletiva de conhecimentos entre iniciativas com as mesmas características. Mais do que um Coworking ou uma Casa Colaborativa de Favela, o Bioma deve ser uma comunidade orgânica, colaborativa, independente e sustentável, criando condições próprias de fomento e sobrevivência
O CIEDS entende, a partir da sua experiência de 21 anos atuando com esse público e da análise das características da Geração Z, que a educação empreendedora enquanto ferramenta de transformação social promove o que para a instituição são os quatro grandes Potenciais da Juventude, a saber: Conexão, Realização, Inovação e Confiança. Entendemos que a plena execução dos ciclos propostos neste processo formativo desperta e desenvolve esses potenciais, corroborando com a formação de jovens protagonistas do seu desenvolvimento e dos territórios onde vivem.
Devemos destacar que essa tecnologia social emergiu de experiências anteriores do CIEDS e da relação/interação com as comunidades e os públicos que estão implicados. Nesse sentido, temos trabalhado com organizações de base comunitária localizadas nos territórios beneficiados a fim de garantir que os métodos sejam transferidos e que possam ser aplicados diretamente pelas comunidades.
Com o fomento de iniciativas empreendedoras de favela, nas favelas e para as favelas, não apenas a economia local se fortalece. A inclusão dessas áreas como territórios economicamente ativos e conectados com a cidade gera pólos de oportunidades para empreendedores de outras regiões e abre oportunidades de colaboração, construção de redes, produção coletiva de conhecimento, geração de novas oportunidades de trabalho e renda e um desenvolvimento socioeconômico que transcende o local, beneficiando toda a cidade.
Recursos Necessários
Espaço fisico e insumos tecnológicos necessários à operacionalização dos processos formativos; Material de Comunicação e Identificação do Projeto; Recursos para realização de eventos de sensibilização, mobilização e premiação; Recurso semente em duas etapas - fase de ideação: R$ 2.500,00 por negócio apoiado; fase incubação: até R$ 10.000,00 para os três melhores negócios; material didático; recursos para deslocamento e atividades exploratórias da cidade.
Resultados Alcançados
Resultado 1 - 1.718 jovens com desejo de empreender mobilizados na etapa de inscrição
Resultado 2- 220 jovens participaram do ciclo formativo e tiveram a oportunidade de desenvolver as competências do futuro.
Resultado 3 - 56 negócios de periferia impulsionados e incluídos no ecossistema empreendedor.
Resultado 4 - 72 negócios de periferia premiados
Resultado 5 - Alta mobilização e engajamento de jovens mulheres empreendedoras, representando aproximadamente 60% do público, promovendo o protagonismo e o empoderamento de jovens mulheres residentes em áreas periféricas dos grandes centros urbanos;
Resultado 6 - A ampliação do projeto para outras regiões do Rio de Janeiro e Região Metropolitana, que contribuiu para desenvolver jovens empreendedores que não tinham oportunidades de apoio formativo para empreender.
Resultado 7 - Engajamento de atores públicos dos territórios nos quais os Polos foram instalados - fortalecimento de parcerias multisetoriais e multínivel.
Destacamos aqui ainda algumas reflexões que são objeto dos resultados alcançados e confirmam as hipóteses preliminares da ação implementada:
(a)O empreendedorismo é uma poderosa ferramenta de desenvolvimento pessoal, atendimento de necessidades básicas e transformação social.
(b)As favelas são territórios com grande potencial econômico como campos de oportunidades e lócus da inovação.
(c) A juventude possui papel estratégico na construção de um futuro mais próspero e justo.
(d) Precisamos evitar a mera “instrumentalização empreendedora” e focar em uma educação empreendedora baseada em competências.
(e) Formar jovens de favela, em uma perspectiva empreendedora exige antes de tudo, ampliar repertórios socioculturais.
(f) A atuação em redes é caminho mandatório para o sucesso de qualquer iniciativa de empreendedorismo, sobretudo, as que envolvem uma perspectiva de impacto social.
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