Problema Solucionado
A tecnologia centrou em duas problemáticas:
1. A realidade das juventudes brasileiras tem sido marcada pela falta de oportunidades e invisibilidade. A negação do direito destes/as permanecerem no campo, não coincide com os processos defendidos pela agroecologia na sua essência. Por isso, é importante o reconhecimento destes/as como sujeitos de direitos estratégicos para continuidade da vida no campo, com qualidade de vida e isso sendo uma escolha dos e das jovens.
2. Além disso, o modelo de desenvolvimento atual do Brasil, e consequentemente do estado de Pernambuco, tem valorizado os processos de produção baseados no agronegócio, que estimula a produção de monocultivos e práticas agrícolas que utilizam da transgenia e também de insumos e agrotóxicos, degradando o solo e favorecendo efeitos bem danosos ao ambiente e a tudo que vive nele, contribuindo para o aumento de doenças e agravação dos efeitos das mudanças climáticas, por exemplo. O trabalho que as juventudes vem desenvolvendo hoje, é totalmente inverso a essa prática, é comprovando que os sistemas agroflorestais recuperam o solo degradado, produz alimentos saudáveis e garantem renda para as famílias agricultoras e para os/as jovens também que em muitas situações estão fazendo essas práticas com suas famílias.
Daí a necessidade de fortalecer o protagonismo juvenil no estímulo a práticas produtivas sustentáveis, garantindo as condições necessárias para a opção de permanência no campo com qualidade de vida.
Descrição
A metodologia de trabalho junto aos jovens multiplicadores (as) parte do desenvolvimento de um processo educativo com abordagem socioambiental junto aos jovens, pautado na construção coletiva dos conhecimentos que vai desde a mobilização, formação e articulação das juventudes para atuação em suas comunidades e territórios. Buscando sua inserção nas dinâmicas de construção da Agroecologia e, sobretudo, nos espaços de incidência política com o objetivo de realizar o controle social, pautando e acompanhando a efetivação das políticas públicas, especialmente às ligadas a vida das juventudes.
São realizados momentos de formação, no qual se destacam o fortalecimento da identidade das juventudes camponesas; o estímulo ao protagonismo político e auto-organização e a construção da Agroecologia como caminho para a permanência das juventudes no campo e promoção do bem viver. Trabalhar com a dimensão da identidade significa reconhecer e valorizar as juventudes camponesas em sua diversidade enquanto sujeitos coletivos, e também garantir um espaço de escuta a essa juventude, fortalecendo sua autoestima. A identidade é tratada em sua multiplicidade: geracional, de gênero, orientação sexual, étnica racial e camponesa, e vai sendo construída a partir do resgate e compartilhamento das experiências comuns a cada jovem.
As ações no campo do protagonismo político buscam estimular a auto-organização e provocar a participação política desses/as jovens, nos movimentos juvenis e nos espaços políticos locais, como as associações e sindicatos. Para o envolvimento das juventudes na construção da Agroecologia, priorizamos os espaços de formação, o envolvimento na execução dos projetos e o debate junto às famílias e comunidades sobre trabalho, renda, participação nas decisões, assim como partilha das responsabilidades entre jovens e adultos, buscando estimular a conscientização e debate em torno do patriarcado.
Diante dessa realidade, vem se trabalhando na proposição de um modo de produção sustentável, estimulando a agricultura familiar de base agroecológica como alternativa de permanência mais saudável no campo. A Agroecologia não como um modelo, mas como um movimento de base prática e científica, baseado em princípios e metodologias que implementam mudanças estruturantes na sociedade como um todo.
Os processos de formação agroecológica têm funcionado estrategicamente para estimular a participação das juventudes rurais, levando em conta o contexto político de seus territórios e comunidades. A formação oferece abordagens técnicas, metodológicas, políticas e práticas que reforçam a autonomia das juventudes, encarada como fato essencial para um projeto de desenvolvimento sustentável, no qual os/as jovens são fundamentais para sua execução.
Assim, são estimulados à construção da autoconsciência crítica, pautando a agroecologia e sua importância para a qualidade de vida das famílias, fortalecendo a agricultura familiar e camponesa e a necessidade de replicação dessas práticas.
A Comissão de Jovens Multiplicadores da Agroecologia é formada por estas juventudes que tem desenvolvido ações de multiplicação dos conhecimentos e outros/as jovens que participem de processos formativos protagonizados por este e estas em suas comunidades. Essas Comissões elaboram agendas coletivas, a partir de encontros de formação e intercâmbios para troca de experiências e aprimoramento do debate agroecológico. Reforçam, assim, seu papel político de articulação, ao desenvolver estratégias conjuntas para o melhoramento das práticas agroecológicas, na perspectiva da sustentabilidade ambiental, social, econômica e política.
A CJMA é estratégica, pois é um espaço pleno de formação, mobilização, articulação, incidência e auto-organização das juventudes em seus territórios. O desenvolvimento das ações de formação, comunicação e desenvolvimento agroecológico tem contribuído com o protagonismo político dessa geração, criando condições sustentáveis e estimulando a permanência das juventudes no campo, com mais dignidade e mais oportunidades.
Recursos Necessários
Recursos mínimos para experiência inicial:
--Um escritório/sala de apoio – preferencialmente na região de atuação;
-Dois computadores com impressora;
-Duas máquinas fotográficas;
-Quatro kits de implantação de viveiros de mudas (sacos para mudas, tesoura de poda, carro de mão, regador, pá, enxada, ciscador, mangueira, caixa d´água/manilha, tela sombrite e tela galinheiro);
-Sementes ou mudas nativas e frutíferas da região;
-Materiais audiovisuais formativos sobre a abordagem agroecológica (vídeos, cartilhas e boletins informativos);
-Equipamento de Celulares, para registro e disseminação nas redes sociais das ações do coletivo;
-Equipamentos para exibição de filmes nas comunidades (como: data show, telão e equipamento de som).
Resultados Alcançados
• Uma Comissão de Jovens Multiplicadores/as da Agroecologia (CJMA) constituída e em funcionamento sistemático, com atuação nas regiões da Mata Sul, Agreste Setentrional e Sertão do Pajeú, acontecendo 06 reuniões da CJMA por ano, sendo 02 em cada território;
• 08 Exibições do Cine Comunitário realizado pelas juventudes, reunindo 4245 pessoas;
• 25 iniciativas de auto organização das juventudes com 706 participações;
• 30 jovens realizaram atividades de assessorias técnicas pedagógicas às famílias agricultoras. Foram 1.713 ações que envolveram 1.243 pessoas, entre jovens e adultos;
• 01 Encontro de Formação política e comunicação por ano, com a participação de 13 jovens;
• 01 Encontro de Formação Política do FOJUPE por ano, com participação de 70 jovens do campo e da cidade;
• 2º Ato Agosto das Juventudes, mais de 1.000 jovens de todo o estado, destes cerca de 100 fazem parte da CJMA, participaram do grande ato de rua defendendo a vida das juventudes do campo e das cidades;
• 20 jovens de Pernambuco participaram do IV ENA, realizado em Belo Horizonte entre os dias 31 de maio e 03 de junho de 2018;
• 02 edições do boletim informativo do Centro Sabiá, Dois Dedos de Prosa com matérias escritas pelos/as jovens;
• 10 matérias escritas por 06 jovens no site do Centro Sabiá;
• 961 jovens participaram 24 de atividades de formação nos três territórios;
• 188 jovens participando ativamente de conselhos municipais, STR’s, associações de agricultores/as e também de redes e coletivos de juventudes, como o FOJUPE e PJR;
• 130 jovens fazendo parte de grupos de jovens nas comunidades rurais, sendo 17 grupos formados;
• 185 jovens envolvidos nos processos de produção agroecológica nos três territórios;
• 24 jovens desenvolvendo ações de beneficiamento, 14 comercializando em feiras agroecológicas e 09 jovens comercializando em mercado institucional como PAA e PNAE;
• 671 jovens acessando políticas públicas como DAP, PAA, PNAE e Pronaf nos três territórios; Melhoria da auto-estima, do interesse e do envolvimento dos (as) jovens nas atividades de desenvolvimento agroecológico;
• Jovens participando de ações importantes na região como os programas P1MC e P1+2, ministrando cursos de Gerenciamento de Recursos Hídricos e participando em Comissões Municipais que deliberam sobre as ações dos programas;
• Realização de cine nas comunidades e turismo comunitário/rural;
• Redes sociais: a página jovens multiplicadores da agroecologia no facebook e instagran (cjma_oficial);
• Parceria com o Canal Futura para execução das atividades da Maleta das Juventudes;
• Produção de conteúdos para o site do Centro Sabiá, na aba juventude em prosa se encontram vários textos produzidos pelos/as jovens multiplicadores/as (http://www.centrosabia.org.br/juventude-em-prosa);
• Lideranças juvenis desenvolvendo efeito multiplicador do conhecimento agroecológico e influenciando outros (as) jovens;
• Viveiros de mudas implantados nas propriedades das famílias dos/as jovens;
• Assento no Conselho Estadual de Políticas Públicas para as Juventudes (CEPPJ) do estado de PE.
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