Objetivo
Promover oficinas de placas numéricas de mosaico para a capacitação de pessoas de baixa renda.
Problema Solucionado
Tudo começou quando o artista plástico Valmir Vale, nascido e criado na favela de Vigário Geral, Rio de Janeiro, retornou ao Brasil em 2007, após viver 12 anos na Europa. Em seu retorno definitivo o artista notou que pouca coisa havia mudado no local. A favela que tinha passado por intensa violência na década de 90, com a chacina que provocou a morte de 21 inocentes, ainda era assolada com a tristeza e a baixa autoestima. Foi através deste cenário que junto ao grupo de parceiros Valmir iniciou o Movimento Mosaicistas que tinha como objetivo produzir placas numéricas de mosaico e doá-las para moradores. Em 12 meses o grupo conseguiu identificar toda uma rua com placas numéricas de mosaico. Esta ideia partiu de um bate papo com o carteiro que não conseguia localizar os endereços pois a maioria das casas não possuía qualquer tipo de identificação e/ou eram numeradas á giz de cera ou materiais do tipo. Com o movimento social Valmir observou que os moradores passavam a emboçar e pintar as fachadas de suas casas para igualar a estética dos muros á beleza presente nos números de mosaico. O maior problema solucionado, então, foi a exclusão social e postal.
Descrição
Para iniciar a ação em determinada localidade fazemos um levantamento/pesquisa sobre quais as necessidades locais, levantamos o número de interessados em se beneficiar da proposta e realizamos parceria com instituições de representação local, como igrejas, escolas, associação de moradores, agentes comunitários e regiões administrativas/lideranças governamentais da região. Após levantamento das informações produzimos o material de divulgação e capacitamos a equipe para implementar a proposta através de oficinas artísticas.
As oficinas são geralmente realizadas em espaço cedido ou alugado para este.
As atividades, geralmente, são realizadas por 30 dias, inclusive os finais de semana. Para cada localidade abrimos inscrições para no máximo 200 pessoas que são organizadas em grupos de 20 pessoas. Após passar pela etapa de divulgação e inscrição de interessados iniciamos as atividades de ensino a produção de placas numéricas e nominais de mosaico (algumas localidades tem a necessidade de identificação de becos e ruas).
Cada grupo de 20 pessoas participa de 08 horas/aula. As oficinas são desenvolvidas por Coordenador e por Assistentes de Produção Artística que tem como função ensinar aos participantes as técnicas de produção das placas de mosaico. Qualquer pessoa com idade a partir de 14 anos pode participar das oficinas. Os profissionais são preparados para desenvolver as habilidades da população mesmo os que não tem qualquer aptidão ou dom para as artes plásticas ou visuais. A primeira oficina, geralmente, é financiada por parceiros como a Caixa Econômica Federal que apoiou financeiramente a Inclusão Postal no Complexo do Alemão e na Rocinha. No Morro do Estado, favela localizada em Niterói, Estado do Rio de Janeiro, o financiador foi um órgão internacional que tinha como objetivo a implementação da ação para beneficiar apenas 20 casas, pois a proposta foi experimental. Em Vigário Geral a ação inicial beneficiou mais de 200 famílias e foi toda financiada com recursos próprios do Instituto Musiva e do Coordenador Valmir Vale, no entanto a ação no local é muito conhecida e é 100% sustentável pois após a doação das placas as demais famílias passaram a adquiri-las a preço popular. Em Vigário Geral artesãos que fazem parte do grupo produtivo do Instituto Musiva produzem as placas para comercialização e são remunerados por cada unidade encomendada. As etapas das oficinas são:
Etapa 1: modelagem dos números/letras, gabaritos das figuras,
Etapa 2: Corte e colagem dos cacos de azulejos e formação das figuras (letras, números),
Etapa 3: Rejunte, pintura, limpeza e acabamentos das peças.
Na finalização de cada oficina artística pelo menos 200 placas numéricas de mosaico são aplicadas por serventes/pedreiros e/ou assistentes de artes nas residências dos participantes. E notório a mudança de comportamento das pessoas durante o curso. O primeiro contato é de estranheza pelo novo, pois o mosaico não é uma arte popular. Mas no decorrer das atividades as pessoas mudam o comportamento e é visível ver a autoestima no fato delas mesmas produzirem os números para as suas casas. Cada comunidade é uma realidade diferente. No Complexo do Alemão, por exemplo, as placas são mais padronizadas, as pessoas reproduzem as figuras através de gabaritos e mudam somente as cores dos dígitos e letras. Na Rocinha as pessoas sempre preferem criar, além de dígitos, figuras como escudos de times, flores, traços etc. Após a conclusão das oficinas artísticas em determinada localidade nós deixamos o legado para que os próprios moradores se organizem enquanto grupo e comercializem, placas de mosaico, para os demais moradores de maneira que gerem renda para eles mesmos. A solução adotada neste sentido é a promoção da inclusão postal na localidade e o incentivo á geração de renda através da atividade artística.
Recursos Necessários
Estimativa de materiais e infra-estrutura necessária para a implantação de uma unidade de tecnologia social:
Salas, com no mínimo 20 m², para a execução das oficinas de formação artística
5 mesas, com 4 lugares, cada, tipo bar.
20 cadeiras, metal, plástico ou madeira.
Resultados Alcançados
Resultados Quantitativos:
Diretos:
Inclusão postal para mais de 830 famílias no Estado do Rio de Janeiro, sendo:
300 imóveis (residenciais e comerciais) em Vigário Geral/RJ
384 residências no Complexo do Alemão/RJ
130 residências na Rocinha
20 ruas/becos na Rocinha
20 residências no Morro do Estado/RJ
Indiretos:
Incentivo á geração de renda, promoção de políticas públicas e de cidadania para mais de 2.500 pessoas, em 04 anos, considerando uma média de 03 pessoas por família.
Resultados Qualitativos
Promoção da Inclusão Postal
Incentivo ás Políticas Publicas e á Cidadania
Incentivo á Geração de Renda
Fomento á ações de inclusão social e acesso á bens de consumo para as pessoas da base da pirâmide (classes sociais CDE).
Público atendido
Famílias de baixa renda
Desempregados
Artesaos
Afrodescendentes
Lideranças comunitarias
Mulheres
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