Problema Solucionado
Devido a sua localização de fronteira com o Paraguai e a Argentina, Foz do Iguaçu apresenta uma grande circulação de mercadorias contrabandeadas, drogas e armas, o que gera muita violência e situações de negligência. Até poucos anos atrás a cidade liderava o ranking de homicídios entre adolescentes no país.Segundo censo demográfico de 2010, 15.9% da população esta entre a linha da pobreza e da indigência.Entre 1991 a 2010, a proporção de pessoas com renda domiciliar per capita de até meio salário mínimo reduziu em 14,0%; para alcançar a meta de redução de 50%, deve ter, em 2015, no máximo 14,2%. Em 2010, 1,1% dos recém nascidos estavam desnutridos e o percentual de crianças nascidas de mães adolescentes em 2009 foi de 18,8%, já em 2010 esse número passou para 31.64%, ou seja, um aumento de quase 100% em um ano. Os índices de assistência a pré-natal para as gestantes abaixo de 20 anos foi de 21.7%, segundo a Secretária Municipal de Saúde.Neste contexto, os casos de negligência, maus tratos e outras violações de direito contra a criança e o adolescente são graves e recorrentes, impactando no aumento do número de medidas protetivas, como o acolhimento em Foz do Iguaçu.
Descrição
Para que o projeto “Escola de Pais” consiga cumprir com seu objetivo de garantir que em comunidades vulneráveis, haja o desenvolvimento saudável e integral de crianças e adolescentes em um ambiente familiar protetor, são necessárias as seguintes fases:
1) Diagnóstico de violação e direitos da região levantados pelo Estudo de Factibilidade (documento que aponta o nível de vulnerabilidade e indica parceiros e possíveis estratégias);
2) Estudo das possíveis estratégias de ação pautadas pela Metodologia do Enfoque Integral, constituído por práticas pedagógicas que ANALISAM A REALIDADE LOCAL definindo o ponto de partida do projeto; criam REGISTROS E SISTEMATIZAÇÕES resgatando memórias das experiências e saberes culturais, estimulando a reflexão sobre a comunidade em questão; promove encontros em RODA proporcionando o pensar, falar, praticar, sentir, intervir, cultivando a troca entre a comunidade, crianças e famílias; realiza estudos de matemática, português, ciências, história e geografia por meio de JOGOS; amplia a rede de apoio local através das TRILHAS DO SABER, que conectam riquezas e potencialidades da comunidade às necessidades dos participantes; constrói a MEMÓRIA DA COMUNIDADE valorizando aspectos locais por meio da AMBIÊNCIA, ofertando um sentido de pertencimento às famílias; estimula a LEITURA de cenários em que a comunidade está inserida, propiciando o envolvimento das pessoas em aprendizagens significativas e imersões organizadas, permitindo a todos que fazem parte da “Escola de Pais” o profundo ESTUDO DO MEIO, encontrando elementos para melhor compreender a interação do ser-humano com ele mesmo e com o mundo.
3) Definição do cronograma das intervenções centrais do “Escola de Pais”: atendimento de equipe multidisciplinar (psicóloga, pedagoga e assistente social) às famílias por meio de visitas domiciliares as famílias atendidas;
4) Elaboração de um Plano de Desenvolvimento Familiar (PDF) por família, com o foco em estratégias e resultados esperados em um ano de acompanhamento;
5) Oficinas familiares semanais (palestras, grupos de estudos, sessões de cine debate) desenvolvidas “por e para” a comunidade, transformando os espaços comunitários em um lugar de cuidado;
6) Seminários e atividades formativas com lideranças locais e rede de atenção, fortalecendo o sistema de garantia de direitos. A Aldeias Infantis SOS Brasil oferece uma plataforma de ensino a distância para capacitação das lideranças. Todas as aulas são ministradas por experts em Direitos da Criança e do Adolescente, possuem exercícios online e provas para certificação. Utilizamos a metodologia do Enfoque Integral em todos os cursos.
7) Encaminhamento de famílias com necessidades especiais (dependentes químicos, desempregados, etc) para a rede sócio assistencial.
Acompanhando um dia de atividade na “Escola de Pais”, serão vistas mulheres (sim, quase sempre mulheres) e seus filhos chegando ao local combinado. Normalmente é uma sala num ponto de encontro do bairro: centros de convivência ou escolas públicas... Elas sentam em círculo e já começam a puxar assunto umas com as outras. As crianças maiores seguem para alguma atividade programada. Não há mesas para favorecer anotações. Não é necessário. A troca de informações entre os profissionais e os pais, na verdade, tem que gerar reflexão e transformação interior.
Quem conduz os encontros são psicólogas e assistentes sociais. Os temas variam e são escolhidos pelos participantes. “No encontro passado, eles me disseram que queriam falar do relacionamento entre pais e filhos”, explicou a psicóloga Andressa Trevisan, que conduzia o encontro na Escola Municipal João Adão da Silva, região de Três Lagoas.
As manifestações são espontâneas: “ontem, mandei meu filho comprar mistura. Aí, quando ele chegou eu disse: seu burro véio, não era pra você comprar esta carne, era outra carne, muleque!,” relatou uma das mães. A outra emendou: “eu sempre chamo meu filho de preguiçoso”. Os exemplos seguem. São muitos e rotineiros. Elas tinham que avaliar se esse tipo de comportamento fortalece ou dificulta a relação. Em seguida, veio o estímulo para que apontassem frases que pudessem substituir as que foram usadas.
De acordo com Rita Borges, coordenadora do projeto, “há métodos parecidos sendo usados no Brasil, mas nenhum deles reúne todas as ações do “Escola de Pais”, essa experiência realizada em Foz é pioneira”. Hoje, quatro regiões da cidade são atendidas: Três Lagoas, Portal da Foz, Cidade Nova e Porto Meira.
Recursos Necessários
Local de encontro dos participantes (pode ser em uma praça, escola pública, centro social, sede de alguma ONG ou instituto, etc), Recursos humanos - Coordenador do Projeto, Psicóloga (o), Assistente Social, Pedagoga (o), Material de Consumo (Alimentos, material de copa e cozinha, material de expediente, equipamentos de áudio, vídeo e foto, serviços gráficos e editoriais) e Serviços de telecomunicações.
Resultados Alcançados
O projeto “Escola de Pais” atendeu desde 2005 aproximadamente 150 famílias, o trabalho conseguiu evitar até o mês de fevereiro de 2017 pelo menos 32 acolhimentos, assegurando às crianças, jovens e adolescentes atendidos, o seu direito de viver em família. Além disso, o projeto é de interesse público, pois deixou de onerar o município em mais de R$770.000,00, que seriam alocados para o serviço de acolhimento. De acordo com o Plano de Desenvolvimento Familiar (PDF) das famílias atendidas, o empoderamento da mulher resultante das oficinas, rodas de conversa e visitas domiciliares do projeto, colaborou para a diminuição e quase erradicação dos casos de violência doméstica, promoveu o aumento da auto estima e o maior cuidado das mulheres com sua saúde. Os dados do PDF também indicam que houve considerável diminuição da evasão escolar e consequente melhoria no desempenho educacional dos filhos das famílias atendidas; após fazerem parte do “Escola de Pais” as comunidades apresentam uma rede de apoio fortalecida, trazendo mais oportunidades de capacitação e geração e renda para seus moradores, garantindo um crescimento sustentável e inclusivo. Além do Plano de Desenvolvimento Familiar (PDF), que oferece o acompanhamento e mensuração do projeto, as ações do “Escola de Pais” também são acompanhadas mensalmente com entrevistas, depoimentos e questionários dos participantes; trimestralmente com aplicação de questionários, visitas domiciliares as famílias e coleta de dados com a rede de serviços, e por fim, anulamente com registros fotográficos e listas de presença nas atividades. Todo os indicadores são sistematizados e compõe um relatório de prestação de contas que integram o relatório de atividades da Aldeias Infantis SOS Brasil, que juntamente com o balanço anual auditado pela KPMG revelam a transparência dos projeto.
Atualmente, o “Escola de Pais” acompanha 85 famílias em quatro comunidades da cidade (Três Lagoas, Portal da Foz, Cidade Nova e Porto Meira) colaborando com a manutenção de um ambiente familiar protetor para mais de 340 crianças.
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