Problema Solucionado
A problemática ambiental e social gerada pelo acúmulo de resíduos sólidos e os padrões de consumo crescentes, tem levado milhares de indivíduos em condição de vulnerabilidade econômica a se unirem para coletar resíduos sólidos e garantirem a sobrevivência de suas famílias e simultaneamente, transformam-se em figuras chave no processo de criar cidades mais sustentáveis.
A TS Conexão Cheiro Verde é mais uma ferramenta na implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), em especial no que diz respeito a inclusão das cooperativas e associações de catadores e catadoras que têm a reciclagem e a compostagem dos resíduos como principal fonte de renda a seus associados.
Em 2008 uma rede de supermercados, com 10 lojas em Cuiabá-MT, buscou no Espaço Vitória solução para destinação de 20 Ton/dia de resíduos orgânicos de suas lojas . Paralelamente levantou-se a questão da necessidade de geração de renda para um grupo de chefes de família, formada em sua maioria por mulheres, que frequentava o Espaço Vitória. Donde surgiu o projeto Conexão Cheiro Verde, conectando resíduos e horta, no propósito de evitar agressão ambiental e gerar renda para comunidades carentes.
Descrição
Antecedentes:
O Espaço Vitória é conhecido em Cuiabá por causa de projetos sociais que impactou e impacta a vida de muita gente, entre os quais destaca o projeto Quintais Produtivos que confeccionou 257 hortas orgânicas em quintais de famílias carentes do bairro Jardim Vitória. Essa experiência motivou uma rede de supermercados procurar o Espaço Vitória, em 2008, para propor uma parceria por meio da qual os resíduos de suas lojas pudessem ser transformados em composto orgânico para que o mesmo pudesse servir de substrato para o plantio de hortaliças, sendo que a rede de supermercados se comprometeu em adquirir e comercializar toda produção de cheiro verde, desde que a mesma fosse produzida por pessoas da comunidade. Nasceu, assim, a Tecnologia Social Conexão Cheiro Verde, um ciclo virtuoso, onde parte os resíduos retornam a sua origem em formato de produto, evitando que o meio ambiente seja agredido e proporcionando que pessoas em situação de vulnerabilidade financeira recebam capacitação e obtenham renda, uma ação economicamente viável, ecologicamente correta e de emancipação social. Ganho para todos atores.
Formatada a ideia, o Espaço Vitória mobilizou moradores de seus arredores, ofereceu capacitação, e deu início na transformação dos resíduos orgânicos em substrato orgânico para produção de hortaliças orgânicas substrato jardinagem e vasos de flores, criando com eles a cooperativa de reciclagem.
Mais empresas se somaram ao projeto remunerando a cooperativa para recepcionar seus resíduos que antes encontravam seu destino em lixões ou sobrecarregavam o aterro sanitário municipal. Além dessa benfeitoria para o meio ambiente houve aumento da oferta de verduras orgânicas no mercado, proporcionando, em consequência disso, diminuição de riscos para a saúde por ingestão em excesso de agroquímicos normalmente utilizados na produção verduras convencionais.
O processo (recepção de resíduos orgânicos, produção das hortaliças e comercialização) aconteceu gradativamente. Iniciamos entregando cheiro verde em 01 loja. No final desse mesmo ano já operávamos em 5 lojas. Antes de entrar no 3º ano já estevávamos em 9 lojas da rede de supermercados que deu a ideia. - No início do projeto, o supermercado apenas pagava pelo cheiro verde entregue em suas lojas, sem pagar pela atividade de manejo de seus resíduos, o que passou acontecer a partir do final de 2013.
Em outubro de 2012 o grupo de economia solidária que participava do projeto criou a Cooperativa Conexão Cheiro Verde, com o objetivo de congregar produtores de hortaliças, compostagem, viveristas e jardineiros, dentro da competência profissional de cada um, na sua área de ação, para receber, processar e comercializar a produção dos mesmos, de forma cooperativa.
A compostagem e o plantio das hortaliças acontecem dentro do perímetro urbano, distante 10 km do centro da cidade, numa área de 2 hectares, em Usina de Compostagem licenciada pela Secretaria de Meio Ambiente do Estado de Mato Grosso e possui selo de produção orgânica fornecido pelo Instituto Chão Vivo.
Para se chegar à criação da Cooperativa Conexão Verde Vitória, o Instituto Centro de Vida – ICV e o Instituto Cidade Amiga fizeram uma parceria com o Escritório de Inovação Tecnológica – EIT, da Universidade Federal de Mato Grosso, que capacitou os envolvidos.
O Instituto Cidade Amiga continua parceiro da cooperativa, cedendo o espaço e buscando novos parceiros e patrocínios para ajudar no desenvolvimento da cooperativa e busca de parcerias que possam dar continuidade na replicação Tecnologia Social Conexão Cheiro Verde em outras áreas do município ou em outros municípios do Estado de Mato Grosso.
Recursos Necessários
Uma unidade com capacidade de recepção de até 1m³ de resíduo /dia necessita de área mínima de 200m². Destes, 30 M² deve ser área coberta, ficando o restante disponível para o plantio de hortaliças. Ter sanitário e ferramentas como carrinho de mão, pá, enxada e facão.
Uma UNIDADE “Semi-industrial”, com capacidade de recepção de 20 m³ /dia necessita de área mínima de 1ha. Esta deve conter barracão de 600m² com cobertura com sistema de coleta de chorume, trator (mini) e maquinários para reduzir volume (triturador de resíduos, prensa separadora de líquido) e Kit para tratamento do líquido. Boa quantidade de água disponível para irrigar 4.400 m² de plantio.
Ter sanitário e ferramentas como carrinho de mão, pá, enxada e facão
Resultados Alcançados
Entre os anos de 2013 e 2016 a TS gerou R$ 750.000,00. Desta receita, 60% foi distribuído entre 25 cooperados. Durante esse período processou - se 14.000Toneladas de resíduos e comercializou mais de 500.000 pés de hortaliças.
Somam-se a esses números percepções, sentimentos e avalições positivas dos participantes, reforçando a ideia da necessidade de replicação dessa TS. Acreditam na prosperidade do negócio e que muitos de seus familiares poderão fazer parte do empreendimento, até porque as diretrizes da PNRS é uma realidade sem volta (os geradores terão que cumprir a Lei). Se a Prefeitura Municipal for eficaz quanto ao cumprimento da PRNS, no que diz respeito a utilização do Aterro Sanitário que apenas deve receber rejeito, enquanto os resíduos recicláveis e compostáveis devem ser encaminhados às cooperativas de catadores e de compostagem. Assim, aumentam as chances para o crescimento da COOPERVV.
Depoimentos de participantes demonstram que a TS proporciona vivenciar rica experiência de inclusão, pois pessoas que no passado tiveram uma relação com a terra, tem a oportunidade de aplicar conhecimentos antes aprendidos, possibilitando a eles empoderamento e sentimento de pertença, além das boas lembranças do trabalho com a terra. Não fosse a TS, dizem, não teriam onde trabalhar em função de suas idades e grau de escolaridade. Outro ponto que revela melhora na autoestima, em especial das mulheres que participam da cooperativa, é quanto ao entusiasmo com que falam da boa oportunidade de renda e vontade de aprender a ler e escrever. A prática constata que essa TS é bem apropriada para aglomerados urbanos: gerar renda, emancipa pessoas e promove movimento por uma cidade mais limpa e mais saudável. Produz, ainda, alimentos que não agridem a saúde de seus consumidores e articula rede que envolve empresários, governos e demais atores sociais, fatos que robustecem a tese de que nas localidades onde a TS for replicada todos esses bens acima descritos poderão enriquecer as histórias de muitas outras pessoas. Todo histórico da TS Conexão Cheiro Verde encontra-se registrado pelo Instituto Cidade Amiga. Esse material está disponibilizado de forma multimidiática nas redes sociais do Espaço Vitória e relatórios na sede do o Instituto Cidade Amiga e COOPERVV.
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