Problema Solucionado
Estima-se que são jogados em torno de 15 toneladas por dia de resíduos de pescado no litoral paranaense. Apontamos a preocupação acerca da gestão dos resíduos, com a retirada de em torno de 160 quilos por mês desses resíduos, por meio da tecnologia social. Com a ampliação da unidade produtiva, pode-se elevar esse numero para 480 quilos por mês, desencadeando um processo que converta esses números em potencial econômico. A ponderar todas essas idéias na busca de soluções para os problemas, surgiu à necessidade de se formar, inicialmente, um grupo com 21 mulheres pescadoras/marisqueiras com a finalidade de montar uma Unidade de Processamento de Peles de Peixes (curtume). Além de abrir novas frentes de trabalho, o desenvolvimento da tecnologia que transforma pele de peixe em couro recicla e agrega valor comercial a um material que antes ia para o lixo (agente poluidor ambiental das baías e mangues). Também agrega valores culturais, sociais e ambientais levando a região a um desenvolvimento sustentável.
Descrição
A tecnologia social proposta consiste na transformação da pele de peixe "in natura" em couro. A pele de peixe "in natura" é resíduo de descarte e, portanto, sem valor comercial. É visto como lixo. Em função disso, a pele é coletada de pescadores ou de comerciantes que manipulam o pescado sem uma contrapartida financeira. Atualmente, a coleta em várias áreas de produção do pescado e o transporte até o local de processamento é feita com auxilio de veículo emprestado por terceiros. A matéria-prima é mantida em caixas com gelo para que não estrague em razão das altas temperaturas-ambiente na região do litoral.
Para se transformar pele em couro, a pele do peixe passa por processo chamado curtimento. O processo de curtimento tem as seguintes etapas:
1) Descarne: remoção da camada hipodérmica da pele;
2) Desengraxe: eliminação do excesso de gordura;
3) Caleiro: abertura das fibras em que se elimina gorduras, retira escamas e intumesce as peles;
4) Desencalagem/Purga: remoção da alcalinidade das peles. Purga visando limpeza interna das peles;
5) Píquel: preparação das fibras colágenas para receber o curtente;
6) Curtimento: promoçaõ da estabilização da proteína colágena, tornando as peles imputrescíveis;
7) Basificação: eliminação dos ácidos livres existentes;
8) Recurtimento: acentuação/modificação das características obtidas durante o curtimento;
9) Tingimento: fixação das cores;
10) Engraxe: dá maciez;
11) Secagem: eliminação do excesso de água;
12) Amaciamento: complementa o trabalho feito durante o engraxe;
13) Acabamento Final: confere aspecto definitivo ao couro;
14) Estocagem: armazenamento final de forma a preservar o produto e garantir a manutenção da sua qualidade.
Através disso se obtém um produto acabado, de alto valor agregado, que pode ser comercializado diretamente no mercado de couro. Pode-se usar o couro como matéria-prima – insumo – para diversas finalidades, inclusive a confecção de artesanato em geral, que é o procedimento padrão da comunidade. O produto final pode ser vendido no mercado de couro ou usado em processos de artesanato, que é trabalhar o couro para a produção de biojóias, cintos e bolsas. Na artesania, o processo é manual, sem equipamentos específicos para cortar, passar o couro e costurar.
Recursos Necessários
-Fulão, 60 quilos: equipamento onde ocorre todo processo químico;
-Máquina de descarnar : para limpar as peles;
-Balança: pesar produtos químicos e peles;
-Estufa de Secagem: para secagem dos couros;
-Máquina de amaciar o couro;
-Estação de Tratamento de Efluentes 12.000 litros para reutilização da água, no processo.
Resultados Alcançados
Com a implementação da tecnologia social no âmbito da Copescarte de Antonina, no Paraná, houve a inclusão social de 21 pessoas da comunidade pescadora e/ou marisqueira com aumento da renda, autoestima, autoconfiança e qualidade de vida. Além disso, acentuou-se a cultura regional, causando impacto turístico e exercício da cidadania com dignidade. Também melhorou a condição de saúde e da qualidade de vida das beneficiárias através da conscientização feita por constantes conversas entre as beneficiárias e as intervenções no campo da saúde pessoal das mulheres por meio de tratamento médico.
Capacitação da mão-de-obra local, em funções diversas do processo de trabalho (21 pescadoras/marisqueiras) no aproveitamento total do pescado, abrindo novos horizontes para geração de renda e de uma profissão que garanta um futuro mais promissor e que desenvolva a comunidade e o município.
Houve aumento da retirada de resíduos do meio ambiente deixando de poluir as águas e os mangues, agregando valor aos resíduos, o que aumentou a renda familiar.
Na avaliação dos couros, através de testes de resistências em equipamentos laboratoriais do SENAI/RS no Centro de Referência do Couro na região de Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul, demonstrou-se que o produto apresentou elevado índice de qualidade e garantiu superioridade de duas vezes e meio mais resistência do que o couro de gado bovino.
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