Objetivo
O objetivo geral da iniciativa é estimular comunidades, organizações da sociedade civil e empresas de diferentes locais, perfis e trajetórias a construírem, organizarem e socializarem suas histórias de vida, valorizando as experiências e os saberes das pessoas.
Os objetivos específicos são:
- Criar instrumentos metodológicos por meio dos quais toda pessoa, grupo, organização e comunidade possa registrar e compartilhar suas narrativas de memória com suas comunidades e integrá-las ao conjunto de narrativas de memórias da sociedade;
-Disseminar, por meio de programas de formação, os princípios, conceitos e práticas essenciais para que diferentes grupos sociais possam se apropriar da metodologia de registro, produção e socialização de narrativas históricas desenvolvida pelo Museu da Pessoa.
Problema Solucionado
Uma história de vida pode mudar o jeito de uma pessoa ver o mundo. Nossa Avaliação de Impacto demonstrou que histórias de vida são ferramentas cruciais para causar impacto social. A avaliação demonstrou que as histórias de vida ampliam a visão sobre as diferentes escolhas e formas de ser das pessoas, contribuem para fortalecer ou gerar novas maneiras de agir com relação a si e a outras pessoas, mostram como ter mais disponibilidade e atenção para escutar, aumentam a curiosidade e o entendimento sobre as experiências de pessoas que sofrem com a intolerância, além de contribuírem para construir, fortalecer ou refazer vínculos e aumentar o “arsenal de ferramentas” para interagir com as pessoas no cotidiano. Esta avaliação reforça nossa contribuição com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, enfatizando a relevância cultural. O contato com histórias de vida, ao fomentar atitudes contrárias à intolerância, promove sociedades pacíficas e inclusivas (ODS 16) e reduz desigualdades (ODS 10).
Descrição
A Tecnologia Social da Memória se constitui a partir de três etapas: construir, organizar e socializar histórias. Esse percurso acontece em diferentes dimensões: individual, coletiva e social.
Antes do processo iniciar, é indicado que o grupo autor do projeto seja sensibilizado e mobilizado para acompanhar a iniciativa. Este processo envolve a realização de uma roda de histórias e a construção de uma linha do tempo individual e coletiva (do grupo, da localidade, da instituição, tema ou projeto).
Para realizar projetos que tenham significado, é importante que o grupo construa o sentido da ação. Essa etapa é necessária para alinhar expectativas e estabelecer as diretrizes que formarão a base da iniciativa. Quanto mais coletiva é a construção dessas diretrizes, maior é a possibilidade de que o projeto se torne uma prática permanente na comunidade.
O primeiro aprendizado, antes de partir para a escuta e registro de histórias, é o planejamento orgânico e flexível das etapas. É assim que as ideias viram projeto.
Que memória o grupo quer registrar, que história quer contar? Seu papel é o de selecionar, registrar, organizar e articular uma narrativa. Uma série de elementos influi nessa articulação, que são revelados por uma sequência de perguntas: Por que quer registrar? Para que quer construir esta história? Onde está a memória? Para quem quer contar a história? As respostas irão nortear a definição do tipo de narrativa histórica do trabalho e os produtos que resultarão da iniciativa. Cada questão traduz uma escolha. O conjunto das respostas estabelece as diretrizes do projeto.
No primeiro momento, Construir Histórias, o grupo é estimulado a produzir narrativas, coletar documentos, fotos, objetos e identificar espaços e construções que considere parte da história. Da história individual à história coletiva, o grupo pode usar diferentes ferramentas (entrevistas, rodas de histórias, linhas do tempo, seleção e coleta de objetos, fotografias) para produzir registros que se tornam fontes e referências da história que quer narrar. Nesta etapa se desenha um quadro com a indicação das pessoas que o grupo quer entrevistar, dos materiais que serão coletados e consultados e das metodologias mais adequadas para a escuta que deseja fazer. Definidas as pessoas, o grupo produz um roteiro de perguntas ou organiza uma roda de histórias, de acordo com o que foi decidido no projeto.
Em seguida, o grupo passa a refletir sobre o que significa Organizar Histórias. Para que os conteúdos registrados e coletados na primeira etapa possam ser utilizados pelo próprio grupo ou por outros públicos, é necessário organizá-los e decidir as formas de preservação, identificação e catalogação. Acima de tudo, esta etapa permite que as pessoas acessem esses conteúdos e estabeleça novas conexões entre eles.
O terceiro momento, Socializar Histórias, fecha o ciclo. Toda história pressupõe troca – as narrativas só existem quando, além de narradas, são também escutadas e interpretadas por alguém. É nessa teia que as narrativas se conectam, abrindo novas possibilidades de interação. Esta socialização pode acontecer em diferentes níveis, do próprio grupo envolvido ao público mundial via internet. Neste momento, o grupo decide as formas de socialização, quais produtos ou atividades se encaixam no contexto e aos públicos decididos anteriormente.
Recursos Necessários
MATERIAIS DE PAPELARIA E ESCRITÓRIO
- Papel, tesoura, cola, canetas coloridas e imagens (podem ser de revistas, jornais ou cópias de fotos).
- Impressão de roteiro de perguntas e fichas de campo.
EQUIPAMENTOS
- Gravação de áudio e vídeo: Celular, filmadora ou câmera fotográfica com gravação em FullHD (1920x1080), na horizontal (sugere-se o uso de plano americano), microfones ou gravadores.
- Edição de vídeo (caso desejado): Softwares que requerem licença de uso ou de livre acesso, como o Davince.
- Digitalização de fotos antigas e/ou registro fotográfico de objetos: Um scanner ou um celular que garanta resolução mínima de 600 dpi e arquivos digitais nos formatos TIFF e JPEG.
- Armazenagem (caso desejado): Física: espaço sem grandes alterações de temperatura e livre de umidade (reserva técnica, sala comum ou até mesmo uma estante). Digital: portal com áreas para abrigar o registro de histórias de vida, como o museudapessoa.org e cópias do conteúdo em hospedagem em nuvem ou em mídias físicas, como HDs externos ou LTO.
- O suporte no qual as histórias serão registradas é estabelecido durante a definição do projeto coletivo de memória, podendo ser vídeo, áudio, texto, desenho entre outros. Por essa razão, o custo do suporte não é dimensionado, uma vez que ele é parte do desenvolvimento do projeto coletivo.
Resultados Alcançados
Para contribuir com o monitoramento e melhora da implementação da TSM, foi realizada uma avaliação externa em 2011, que avaliou o projeto Memória Local na Escola nos municípios de Guaíba – RS, Apiaí – SP, São Bernardo – SP, Indaiatuba – SP e Sorocaba – SP. Duzentas e duas pessoas responderam ao questionário de avaliação, evidenciando resultados quantitativos e qualitativos, dos quais destacamos:
- 70% considera que a formação contribuiu bastante (grande) para que os educadores ampliassem sua capacidade de formular projetos didáticos.
- 72% aponta grande contribuição da formação para que os mesmos passassem a partilhar mais dos projetos didáticos com seus alunos.
- 81% diz que a formação contribui muito para que os participantes valorizassem as histórias de vida das comunidades, um dos desejos centrais do Memória Local na Escola.
- 79% diz que a formação é de grande contribuição para que as histórias de vida passassem a ser utilizadas como fonte e/ou produto de conhecimento.
- 61% afirma que também foram grandes as contribuições para que houvesse mudanças nas práticas de ensino da disciplina de história.
- 83% afirma que o projeto contribuiu muito para que a participação dos alunos na construção de roteiros de entrevista fosse valorizada.
- 74% afirma que a formação deu grande contribuição para que as idéias dos alunos na produção de textos fossem mais valorizadas pelos educadores.
De 191 respostas analisadas, emergiram padrões em torno das seguintes categorias:
- A valorização das histórias de vida dos entrevistados, das pessoas comuns, das comunidades onde as escolas estão inseridas.
- Os encontros entre educadores, formadores, técnicos e secretarias, proporcionando a troca de experiências e saberes, bem como atividades de colaboração.
- A disponibilidade de livros para leitura, associada a dicas para leitura, atividades de apoio à leitura e escrita, trabalho com diferentes textos, produção e revisão de texto, etc.
- A aprendizagem de técnicas de trabalho com história e memória, a elaboração de roteiros, de produtos, o planejamento de atividades.
- O trabalho com desenhos, retratos, auto-retratos.
- A formação crítica dos educadores, a pesquisa histórica, a possibilidade de revisar conceitos de memória e história, de articular os conceitos de memória individual e coletiva.
- O entusiasmo dos educados com as histórias da comunidade e da escola, com suas próprias histórias e identidade, valorizando a escola, a comunidade e suas próprias raízes.
Programa Núcleos Museu da Pessoa e Programa Vidas Indígenas:
Núcleos: Desde 2020, as organizações da rede de Núcleos desenvolvem atividades a partir da TSM: 1 coleção de livretos; 1 museu virtual; 1 documentário; 1 disciplina eletiva para Ensino Médio; 1 círculo de histórias; 2 rodas de histórias; 2 podcasts; 7 exposições; 153 histórias de vida registradas.
Vidas indígenas: 82 pessoas foram formadas, 132 pessoas entrevistadas. Indiretamente, 782 pessoas.
Resultados quantitativos e qualitativos:
Avaliação de Impacto, de 2021, demonstrou que, após o contato com histórias de vida do acervo: 90,8% intensificou seus vínculos com as pessoas com quem convive; 97,7% aprimorou sua qualidade de escuta; • 98% percebeu sua relevância social e se sentiu motivada a intervir socialmente; 98,9% ampliou sua empatia com as pessoas; 100% aumentou sua compreensão sobre questões sociais que levam à intolerância, como discriminação e desigualdade.
Respostas de questionários de avaliação sobre a formação:
“Foi inspirador e muito importante para nossa equipe. Conseguimos ver a metodologia funcionando na prática e colocamos em nossas atividades diária um ritmo e uma organização do trabalho fundamentais para a continuidade do projeto do Núcleo.” Alexandre Basso - Núcleo Museu da Pessoa Espaço Imaginário (Florianópolis/SC)
“Essas atividades que estão acontecendo agora é o fruto do movimento indígena, onde nossos pais lutaram, discutiram, em várias ocasiões. Agora vocês tiveram o privilégio de participar desse fato. Eu também fui privilegiado, de ver a oralidade passar para outra etapa, da ‘digitalidade’. (...) Então, a escola integrada à cultura é isso, no meu entender. ” Liderança e pessoa entrevistada, povo kano, Cachoeira da Onça
As avaliações e o levantamento de dados são feitos periodicamente de acordo com a dinâmica de cada programa. Os instrumentos de levantamento de dados quantitativos são: os editais para inscrição nos programas de formação; o registro da presença nos encontros presenciais e online. As avaliações qualitativas são coletadas durante e após o período de formação.
Periodicamente, a Rede de Núcleos produz pesquisas de avaliação coletando informações de como podemos aprimorar a TSM para a sua aplicação pelas organizações. Também está sendo elaborada uma avaliação de impacto condizente com o programa Vidas Indígenas, que levante dados dos resultados da formação deste público na Tecnologia Social da Memória.
Público atendido
Adolescentes
Adulto
Afrodescendentes
Diretor de Escola
Lideranças Comunitárias
Jovens
Mulheres
Idosos
População em Geral
Povos Indígenas
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