Problema Solucionado
A TSM foi criada para estimular pessoas e organizações a produzirem projetos coletivos de memória a partir de histórias de vida, valorizando as experiências e os saberes de todas as pessoas, com o objetivo de impulsionar processos de mudança nas relações sociais. Nesse sentido, a metodologia foi criada para desenvolver a capacidade de ouvir e aprender com o outro e facilitar o enfrentamento de desafios coletivos com a geração de impacto social a baixo custo e em larga escala, utilizando nosso único recurso educativo comunitário acessível e inesgotável: as histórias de vida. Cinco problemas, cuja centralidade está na educação, motivaram sua criação:
Educação escolar | Falta de integração entre escola e comunidade.
Desenvolvimento sociocultural | Falta de valorização e uso de habilidades, saberes e conhecimentos locais.
Preservação de patrimônio imaterial | Falta de registro histórico e cultural das cidades e uso em atividades educacionais locais.
Mediação de conflitos | Baixa qualidade nos relacionamentos entre diferentes comunidades e setores da sociedade.
Descrição
Unidade da Tecnologia Social: metodologia educativa comunitária.
Método de implantação
1) Mobilização de grupos e planejamento coletivo de ações.
2) Construção de histórias.
3) Organização de histórias.
4) Socialização de histórias.
Técnicas utilizadas
1) Mobilização de grupos e planejamento coletivo de ações:
- Sensibilização do grupo - Grupo é convidado a participar de vivências voltadas para a escuta e narração de histórias individuais.
- Linha do tempo individual e coletiva - Construção de uma cronologia que estimula as pessoas a organizarem sua própria história e a do grupo.
- Construção de sentido - Alinhamento de expectativas do grupo e construção de diretrizes que vão orientar o projeto: que memória o grupo quer registrar? Para que contar a história? Para quem vai contar? Quais vão ser as fontes? Qual narrativa produzida pelo grupo vai ser divulgada em um produto?
- Definição das etapas e atividades - Recursos materiais, recursos humanos, divisão de responsabilidades, potenciais parceiros, mapeamento de iniciativas de memória já existentes, perfil de voluntários e forma de preservação e compartilhamento das histórias que serão registradas.
- Criação e disponibilização do projeto na plataforma do Museu da Pessoa.
2) Construção de histórias:
- Rodas de histórias com registro em áudio e/ou texto e/ou vídeo;
- Pesquisa de contexto (dados e informações históricas oficiais);
- Criação de quadro de entrevistados;
- Coleta de dados via fichas de campo (cadastro, identificação de material e autorização de reprodução e uso);
- Entrevistas de história de vida (com definição prévia de critérios, mapeamento de nomes, contato inicial, pesquisa preparatória e criação de roteiro);
- Registro de entrevista em vídeo e/ou áudio ou registro da história em desenho e texto criativo (quando utilizada em escolas com crianças);
- Seleção e digitalização de fotos, documentos e objetos para complementação da entrevista.
3) Organização de histórias:
- Definição de forma de preservação de acervo (caso desejado);
- Processamento do conteúdo gerado (narrativa e imagens) e catalogação;
- Produção de textos (sinopse, minibio, transcrição, entre outros);
- Edição do texto e vídeo.
4) Socialização de histórias:
- Construção da narrativa para tornar o conteúdo produzido disponível para o público, divulgar o projeto, difundir as histórias;
- Realização de vivências e eventos de divulgação;
- Elaboração e difusão de produtos e/ou projetos (livros, exposições, videotecas, web-rádios, centro de memória, etc.) (caso desejado).
Possibilidades de implantação por área temática:
Educação. Implantação para:
- Promoção do diálogo entre escola e comunidade mediado por interesses de alunos e histórias de vida de moradores das cidades;
- Desenvolvimento de projeto didático por professores para que seus alunos aprendam a história local dos lugares onde moram;
- Ampliação de habilidades de escrita de texto historiográfico e de leitura;
- Criação de canal para construções coletivas de histórias de comunidades por meio da valorização do protagonismo dos alunos na produção e divulgação da história local.
Desenvolvimento local. Implantação para:
- Planejamento de ações coletivas e fortalecimento de identidade local via transmissão de habilidades, saberes e conhecimentos da população;
- Uso das habilidades, saberes e conhecimentos da população em estratégias de desenvolvimento realizadas em nível territorial;
- Geração de conexão intergeracional com foco no uso das habilidades, saberes e conhecimentos da população;
- Fortalecimento da coesão local por meio da escuta e do compartilhamento de experiências comuns.
Preservação de patrimônio imaterial. Implantação para:
- Realização de inventários participativos de patrimônios intangíveis locais, tais como saberes e fazeres, valores, festas e ritos, personagens simbólicos etc;
- Registro de histórias locais;
- Incentivo a experiências comunitárias via desenvolvimento de projeto coletivo de memória;
- Construção de diálogo intra-comunitário e frente a atores com alto impacto histórico-cultural na comunidade, tais como projetos de turismo que prejudicam a identidade local.
Mediação de conflitos. Implantação para:
- Construção de diálogo intra-comunitário e/ou inter-setorial com foco na ampliação da percepção de diferentes pontos de vista e na busca de soluções coletivas.
Desenvolvimento organizacional. Implantação para:
- Promoção do registro da memória de organizações, principalmente das que trabalham com "memória";
- Registro de história e valores fundantes de organizações, visando garantir registro e disseminação de seu legado;
- Uso das histórias de vida como ferramenta para melhora de integração de equipe e comunicação.
Recursos Necessários
MATERIAIS DE PAPELARIA E ESCRITÓRIO
- Papel, tesoura, cola, canetas coloridas e imagens (podem ser de revistas, jornais ou cópias de fotos).
- Impressão de roteiro de perguntas e fichas de campo.
EQUIPAMENTOS
- Gravação de áudio e vídeo: Celular, filmadora ou câmera fotográfica com gravação em FullHD (1920x1080), na horizontal (sugere-se o uso de plano americano), microfones ou gravadores.
- Edição de vídeo (caso desejado): Softwares que requerem licença de uso ou de livre acesso, como o Davince.
- Digitalização de fotos antigas e/ou registro fotográfico de objetos: Um scanner ou um celular que garanta resolução mínima de 600 dpi e arquivos digitais nos formatos TIFF e JPEG.
- Armazenagem (caso desejado): Física: espaço sem grandes alterações de temperatura e livre de umidade (reserva técnica, sala comum ou até mesmo uma estante). Digital: portal com áreas para abrigar o registro de histórias de vida, como o museudapessoa.net e cópias do conteúdo em hospedagem em nuvem ou em mídias físicas, como HDs externos ou LTO.
- O suporte no qual as histórias serão registradas é estabelecido durante a definição do projeto coletivo de memória, podendo ser vídeo, áudio, texto, desenho entre outros. Por essa razão, o custo do suporte não é dimensionado, uma vez que ele é parte do desenvolvimento do projeto coletivo.
Resultados Alcançados
Para contribuir com o monitoramento e melhora da implementação da TSM, foi realizada uma avaliação externa em 2011, que avaliou o projeto Memória Local na Escola nos municípios de Guaíba – RS, Apiaí – SP, São Bernardo – SP, Indaiatuba – SP e Sorocaba – SP. Duzentas e duas pessoas responderam ao questionário de avaliação, evidenciando resultados quantitativos e qualitativos, dos quais destacamos:
- 70% considera que a formação contribuiu bastante (grande) para que os educadores ampliassem sua capacidade de formular projetos didáticos.
- 72% aponta grande contribuição da formação para que os mesmos passassem a partilhar mais dos projetos didáticos com seus alunos.
- 81% diz que a formação contribui muito para que os participantes valorizassem as histórias de vida das comunidades, um dos desejos centrais do Memória Local na Escola.
- 79% diz que a formação é de grande contribuição para que as histórias de vida passassem a ser utilizadas como fonte e/ou produto de conhecimento.
- 61% afirma que também foram grandes as contribuições para que houvesse mudanças nas práticas de ensino da disciplina de história.
- 83% afirma que o projeto contribuiu muito para que a participação dos alunos na construção de roteiros de entrevista fosse valorizada.
- 74% afirma que a formação deu grande contribuição para que as idéias dos alunos na produção de textos fossem mais valorizadas pelos educadores.
De 191 respostas analisadas, emergiram padrões em torno das seguintes categorias:
- A valorização das histórias de vida dos entrevistados, das pessoas comuns, das comunidades onde as escolas estão inseridas.
- Os encontros entre educadores, formadores, técnicos e secretarias, proporcionando a troca de experiências e saberes, bem como atividades de colaboração.
- A disponibilidade de livros para leitura, associada a dicas para leitura, atividades de apoio à leitura e escrita, trabalho com diferentes textos, produção e revisão de texto, etc.
- A aprendizagem de técnicas de trabalho com história e memória, a elaboração de roteiros, de produtos, o planejamento de atividades.
- O trabalho com desenhos, retratos, auto-retratos.
- A formação crítica dos educadores, a pesquisa histórica, a possibilidade de revisar conceitos de memória e história, de articular os conceitos de memória individual e coletiva.
- O entusiasmo dos educados com as histórias da comunidade e da escola, com suas próprias histórias e identidade, valorizando a escola, a comunidade e suas próprias raízes.
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