Problema Solucionado
A região de Palmeiras dos Índios possui um vasto lençol freático, com um volume relevante de água que aflora à superfície, favorecendo aos moradores o desenvolvimento de hortaliças.
Apesar desta abundância de água, havia uma situação adversa em relação ao meio ambiente, provocada pelas ações dos moradores, desmatamento, assoreamento das nascentes, lixo doméstico, além da presença de um hospedeiro inconveniente: grande quantidade de caramujos que acabavam por propagar doenças.
Havia grandes problemas em relação à saúde. O consumo de água em meio a esta situação problemática acabava acarretando em doenças, tornando as visitas ao médico um fato constante. Como o consumo de água era feito nos mesmos locais em que existiam os problemas ambientais, a forma de tratamento existente mostrava-se insuficiente ao não conseguir combater as verminoses. Moradores da região, principalmente crianças e idosos, sofriam com dores de barriga, além do elevado índice de óbitos decorrentes da esquistossomose.
Outro fator agravante desta situação era a utilização de água contaminada para a irrigação da produção de hortaliças.
Descrição
A efetivação desta técnica tem início com o reconhecimento do local a ser beneficiado e sistematização dos dados coletados sobre estas áreas através de informações obtidas em entrevistas.
Em seguida, é estruturado um panorama socioambiental sobre as comunidades em que as nascentes estão localizadas (neste caso, as aldeias indígenas de Mata da Cafurna, Fazenda Canto, Cafurna de Baixo e Boqueirão, além das áreas não indígenas como a serra da Mandioca, serra do Candará, serra das Pias e a Serra do Amaro).
Após esse levantamento, é iniciado o processo de mobilização, estruturação e realização de oficinas e seminários, demonstrando aos moradores a situação em que se encontram as nascentes e os prejuízos decorrentes deste fato – como o alto índice de verminose, especificamente a esquistossomose, que tem a água como veiculadora.
Foram verificados dois problemas: a água disponível nas nascentes apresenta qualidade imprópria para o consumo humano e a falta de ocupação e renda para as famílias e moradores da região.
A partir das oficinas participativas, foi planejada uma série de ações a fim de recuperar as nascentes. Os técnicos, primeiramente, realizaram um trabalho de limpeza em todo o entorno destas nascentes, colocando pedras em volta do olho d’água. Em seguida, a área foi coberta por uma lona envolvida por terra, caracterizando seu aterramento. Depois de protegida de inimigos externos (como fezes de animais, componentes químicos e do caramujo transmissor da esquistossomose), canos de PVC são colocados por baixo desta lona para dar vazão a água da nascente. Parte dela segue o curso normal, desembocando nos rios, enquanto outra parte é direcionada a uma bomba, que leva a água até uma caixa d’água construída próxima a comunidade.
Por fim, é realizado o reflorestamento das áreas degradadas e a capacitação do agricultor para que ele mantenha, de forma saudável, essa nova fonte de água limpa e pura.
Recursos Necessários
Os recursos materiais necessários são:
- Kit de ferramentas (duas enxadas, dois enxadecos, duas pás, duas picaretas e um carrinho de mão);
- Um saco de cimento;
- Pedras diversas da região – três metros;
- Cano 0,25 mm com tampão – um metro;
- Cano 0,50 mm sem tampão – um metro;
- Cano 100 mm com tampão – um metro;
- Adaptador de registro;
- Uma caixa d água de 3.000 litros;
- Lona plástica de 200 micras de seis metros de largura – quatro metros.
Resultados Alcançados
Após a implantação da tecnologia, foram grandes os ganhos nas comunidades beneficiadas. Tem-se um total de 39 nascentes recuperadas, com um volume de 299.240 litros de água limpa por dia, abastecendo as comunidades para consumo humano, uso doméstico, abastecimento dos rebanhos e irrigação e manutenção dos córregos, que antes desapareciam devido o baixo volume de água.
É visível nas comunidades onde foram implantadas a técnica a melhoria na qualidade de vida, na autoestima destas pessoas, na geração de renda, e o despertar destes grupos para a conscientização ambiental, especialmente quanto aos cuidados com as minas, protegendo-as e fazendo os plantios de árvores nativas no entorno.
Também houve resultados significados na qualidade da saúde destes grupos, com redução da frequência de visitas ao médico e diminuição dos casos de incidência de problemas como dor de barriga.
Desta forma, com a recuperação das nascentes, as comunidades do Povoado Amaro, Candará, Serra da Boa Vista, Aldeia da Cafurna de Baixo e Aldeia Fazenda Canto sentem-se incluídas no processo acesso a água de qualidade, podendo ter uma vida mais saudável. Também cabe ressaltar a contribuição das demais comunidades para a melhoria da qualidade socioambiental do local.
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