Soluções Rurais

Problema Solucionado

A perspectiva que esta tecnologia social busca para pensar o desenvolvimento no semiárido cearense tem como foco a construção de um mosaico multidimensional de soluções criativas, viáveis, de baixo custo e que potencializem recursos tangíveis e intangíveis locais. Durante muitos anos, pensou-se no semiárido como uma região de desafios e de problemas sociais graves, relacionados às próprias características geopolíticas dos territórios. Tratando tais adversidades como naturais ou impossíveis de serem vencidas. O programa Soluções Rurais deseja mostrar que o Sertão brasileiro é viável e que a migração, o abandono ou a construção de uma representação social histórica negativa não condizem com o que a região tem como potencial oferecer para sua população. O principal pressuposto do Soluções Rurais é que o desenvolvimento apenas ocorre quando há equilíbrio operacional e estratégico em seus programas geradores – i.e., que soluções menores e viáveis integradas e complementares entre si, implantadas em ambientes de baixa escala, tendem a ser mais efetivas e sustentáveis que grandes e caras soluções, de larga escala, implantadas em uma única dimensão.

Descrição

Este Programa incrementa capacidades individuais (agricultores familiares) e coletivas (comunidades rurais) para que soluções sejam criadas, otimizadas, contextualizadas e implantadas de modo integrado, em rede e complementando umas as outras, em prol do desenvolvimento local nas comunidades atendidas. Isso representa instrumentalizar os atores locais para o desenvolvimento. As soluções serão identificadas de acordo com as demandas, as oportunidades e as potencialidades identificadas nas comunidades atendidas nas áreas de: manejo hídrico e saneamento, agricultura familiar e governança local. Dois são os temas transversais desta tecnologia social: juventude e gênero. O Programa foi implantado de acordo com as seguintes etapas: (1) As comunidades, mobilizadas previamente pelos atores proponentes, irão ser analisadas, com identificação de lideranças formais e informais e instâncias e estruturas organizativas existentes; (2) Atores comunitários serão formados em técnicas de diagnóstico participativo; (3) As comunidades serão diagnosticadas (metodologia de diagnóstico participativo), com identificação de ativos locais (recursos de todos os tipos, tais como saberes tradicionais, recursos naturais, manifestações culturais, etc.); (4) Elaboração de plano estratégico participativo para cada comunidade, construído no ambiente da instância organizativa chave – cada comunidade terá em seu plano estratégico participativo um conjunto de indicadores de desempenho para mensuração do efeito da implantação do programa (pacote de tecnologias sociais); (5) Seleção das tecnologias sociais (soluções específicas) em cada área de atuação, de acordo com os pontos críticos observados no diagnóstico participativo e colocados como prioridades no plano estratégico; (6) Formação de um conselho gestor de desenvolvimento local em cada comunidade, com atores locais e envolvimento da equipe técnica do projeto – que terá como função ser a esfera decisória em nível estratégico e fazer o acompanhamento das atividades planejadas; (7) Realização de atividades e eventos formativos em cada comunidade para implantação das soluções especificamente selecionadas (atividades formativas adicionais e específicas com jovens e mulheres); (8) Implantação das tecnologias sociais selecionadas através dos Fundos Rotativos Solidários; (9) Acompanhamento avaliativo mensal, com verificação dos indicadores de desempenho definidos no plano estratégico territorial; (10) Sistematização das experiências. As comunidades participantes do Programa foram selecionadas de acordo com três critérios principais: (1) são atendidas pela organização em suas comunidades, com graus satisfatórios de envolvimento e participação pró-ativas; (2) estão previamente mobilizadas e aptas a participarem de um programa que demanda participação e (3) possuem uma instância organizativa consolidada, formal ou informal. Desse modo, essas comunidades têm potencial para se envolverem no Programa.

Recursos Necessários

Para operacionalização do Programa Soluções Rurais são necessários: material de consumo e expediente (papel, canetas, pinceis, pastas, camisas, etc), alimentação dos participantes nas oficinas, cursos, reuniões e encontros, combustível para as visitas as famílias, capital semente para a implantação dos fundos rotativos solidários nas comunidades e recursos humanos para acompanhamento técnico das famílias e projeto.

Resultados Alcançados

Desde a sua implantação em 2008, o Programa Soluções Rurais já beneficiou mais de 800 agricultores familiares dos municípios de Pentecoste, Apuiarés, Tejuçuoca, General Sampaio, Umirim e Itarema. E os resultados alcançados variam de acordo com a comunidade trabalhada. Os principais resultados são: (1) acesso á água com qualidade para consumo; (2) eficiência no uso de recursos hídricos nas atividades produtivas; (3) redução da ocorrência de doenças e males causados nas famílias pelo consumo de água sem qualidade adequada; (4) proporção dos recursos hídricos disponíveis na propriedade efetivamente utilizados pela família; (5) aumento da produtividade dos pequenos e médios empreendimentos rurais; (6) ganho de rentabilidade e agregação de valor nas cadeias e arranjos produtivos locais; (7) proporção da produção comercializada de modo direto pelos pequenos e médios produtores; (8) ganho de qualidade nos produtos e de eficiência nos processos produtivos; (9) redução do impacto ambiental negativo das atividades produtivas nas comunidades (10) aumento da quantidade de jovens e mulheres envolvidos nas atividades produtivas; (11) estágios das cadeias produtivas ocupados pelos pequenos e médios produtores rurais; (12) aumento na frequência de encontros e de tomada coletiva decisões na instância organizativa local; (13) formação de associações territoriais; (14) implantação de 04 fundos rotativos solidários; (15) aumento na participação de jovens e mulheres nas atividades e espaços organizativos (governança) das comunidades.