Problema Solucionado
Os processos de incubação de empreendimentos econômicos solidários (EES) apresentam uma esplêndida complexidade, pois buscam o bem-estar dos envolvidos com o empreendimento e não apenas a maximização dos lucros. Esses empreendimentos são normalmente constituídos por pessoas da sociedade, de baixa escolaridade, sem perfil empresarial e com deficiências de acesso a informação. Assim, o sistema de sensibilização e de prospecção de EES bem como a sensibilização e a consolidação de uma equipe para atuar nesses processos de incubação representa um grande desafio. Nas universidades brasileiras, a maioria das incubadoras de empreendimentos da economia solidária são projetos de extensão e os apoios aos empreendimentos incubados sofrem solução de continuidade pois se realizam normalmente somente no período de vigência desses projetos. O processo de certificação dessas incubadoras não está ainda estabelecido pois ao contrário de empreendimentos de base tecnológica, a incubação dos EES têm como foco o acesso à políticas públicas e à inclusão social. Os sistemas exigidos pelo Centro de Referência para Apoio a Novos Empreendimentos (CERNE) precisam ser adequados para ressaltar esse foco.
Descrição
Em 2000, alguns pesquisadores da UFMT, juntamente com cooperados da Cooperativa dos Pescadores e Artesãos de Pai André e Bonsucesso (COORIMBATÁ), formalizaram no Estatuto daquela Cooperativa, a pesquisa científica como um de seus objetivos. Esta inovadora forma de organização criou espaços comuns de trabalho nos quais acadêmicos, pessoas de comunidades tradicionais, pescadores e artesãos da zona urbana, se integraram voluntariamente no mesmo negócio, tornando as situações de trabalho ainda mais complexas e promovendo um desconforto intelectual que favoreceu um processo de “autoincubação” de todos os envolvidos. Com a integração voluntária de acadêmicos e pessoas de comunidades tradicionais em um mesmo negócio (no caso da COORIMBATÁ) cada uma dessas pessoas (de diferentes categorias) se impôs a necessidade de enquadrar a sua atividade de modo a tirar o melhor partido da experiência de cada um, por menor que ela fosse.
O Projeto Rede de Colaboração Solidária, executado pela Cooperativa COORIMBATÁ com o patrocínio da PETROBRAS entre 2005 e 2008, teve como objetivo potencializar a atuação entre a UFMT e a COORIMBATÁ, iniciada em 2000, no apoio em Rede a empreendimentos solidários de comunidades ribeirinhas tradicionais, quilombolas e agricultores familiares da Baixada Cuiabana. A prática adotada pela COORIMBATÁ em articulação com a UFMT é reconhecida como Tecnologia Social pela Rede de Tecnologia Social (RTS) e pelo Banco de Tecnologias Sociais da Fundação Banco do Brasil e tem sido agraciada por diversos prêmios com destaque para o Prêmio ODM 2007, o Prêmio Amazônia Samuel Benchimol 2005 e Prêmio BASA de Desenvolvimento Regional em 2011.
Um dos importantes resultados do Projeto Rede de Colaboração Solidária foi à criação, em 2006, da ARCA Multincubadora que funciona no Campus da UFMT. Em janeiro de 2010 a estrutura de incubação da ARCA Multincubadora foi incorporada pelo Escritório de Inovação Tecnológica (EIT), criado na UFMT em atendimento à Lei de Inovação Tecnológica n° 10.973/2004. A ARCA Multincubadora, juntamente com o EIT, mantém um escritório de gestão compartilhada para apoio aos projetos da Universidade e também para apoiar diretamente a gestão contábil dos empreendimentos incubados. Esta Incubadora atendeu a demanda das entidades parceiras da Rede de Colaboração Solidária, por ter uma estrutura em condições de coordenar a ampliação, o fortalecimento e a manutenção das parcerias articuladas pela Incubadora.
A atuação articulada da ARCA Multincubadora e do EIT resultou na execução, pela UFMT, do Programa “Sistema Integrado e inovação Tecnológica Social – SITECS” (PROEXT 2011) que contribuiu para a institucionalização da Incubadora de Tecnologia Social e Economia Solidária (INTECSOL) no EIT-UFMT. Atuando na INTECSOL pesquisadores e bolsistas da UFMT, Pesquisadores Cooperados da COORIMBATÁ e Gestores de Tecnologia Social da ARCA Multincubadora integram projetos/programas de pesquisa e de extensão da UFMT. Articuladas, essas entidades elaboram novos projetos para instituições financiadoras de ações de inclusão social e de geração de renda. Os recursos desses projetos são utilizados para reaplicar não somente o Pesquisador Cooperado como também outras Tecnologias Sociais que potencializem os seus resultados. Com a integração voluntária de acadêmicos e pessoas de comunidades tradicionais em um mesmo negócio, as pessoas de diferentes categorias se impuseram a necessidade de enquadrar as suas atividades de trabalho de modo a tirar o melhor partido da experiência de cada uma, por menor que ela fosse. Esta forma de atuação sistêmica promove a integração entre as ações de várias entidades, já que as possibilidades de articulações são disponibilizadas de forma ágil nos projetos.
A incubação dos empreendimentos é feita de modo articulado entre a Arca Multincubadora e o EIT, compartilhando espaço físico, equipamentos, técnicos, bolsistas, professores, pesquisadores estudantes, assessores e consultores para garantir os processos de sensibilização, prospecção, seleção, qualificação, planejamento, graduação e relacionamento com empreendimentos graduados e gerenciamento básico da incubadora. Essas entidades mantêm um escritório de gestão compartilhada para apoio aos projetos da Universidade e também para apoiar diretamente a gestão contábil dos empreendimentos incubados. Articuladas, essas entidades elaboram projetos para instituições financiadoras de ações de inclusão social e de geração de renda.
Esse conjunto de ações trouxe o aumento de intensidade de relacionamento pessoal e direto entre os membros, possibilitou uma rápida integração de ações e esforços em prol de projetos comuns. A Tecnologia Social “Sistema Integrado de Inovação Tecnológica Social”, que tinha o foco em empreendimentos da Economia Solidária, passou a ser chamada de “Sistema Integrado de Inovação Tecnológica e Social” (SITECS), sendo utilizada tanto para empreendimentos de base tecnológica como para empreendimentos da Economia Solidária.
Recursos Necessários
Os recursos materiais necessários para a sua reaplicação do SITECS depende das condições existentes nos empreendimentos econômicos solidários a serem incubados, da estrutura existente em cada instituição universitária e também da existência de pesquisadores sensibilizados para se dedicarem aos processos de incubação. A sensibilização desses pesquisadores de outras instituições tem sido efetuado por lideranças da Incubadora da ARCA Mulrincubadora em articulação com a UFMT, difundindo os projetos de captação de recursos já aprovados e também a metodologia do SITECS através de vídeos e artigos apresentados em congressos e conferências regionais e nacionais nas quais participam. São necessários recursos tais como laptops, data show, impressoras e softwares tais como Corel Draw, Autocad, Excel, Word ( ou equivalentes em software livre) para que possam ser utilizados par atender as demandas dos empreendimentos. É também fundamental que a equipe da incubadora tenha recursos para a aquisição de combustível para veículos particulares que serão utilizados para visitas constantes nos empreendimentos. É fundamental que a equipe conte com um veículo utilitário, tipo caminhonete, para atender demandas imediatas dos empreendimentos. É fundamental também que seja disponibilizado na incubadora, móveis e equipamentos para o funcionamento de um escritório de gestão compartilhada, que apoiará a gestão contábil dos projetos da incubadora como também a gestão contábil dos EES incubados.
Resultados Alcançados
O compartilhamento das atividades de trabalho dos membros do Escritório de Inovação Tecnológca (EIT) da UFMT com os da Arca Multincubadora possibilitou identificar que o principal espaço de articulação do SITECS é o FTSAN-BC. Muitos dos processos-chave exigidos pelo CERNE ocorrem nas reuniões e ações ali realizadas tendo como foco empreendimentos econômicos solidários sem, porém, serem incompatíveis com os demais empreendimentos. Essa forma de atuação ampliou a credibilidade da Rede de Colaboração Solidária, liderada pelos Pesquisadores Cooperados e fortaleceu as relações de confiança entre a UFMT, COORIMBATÁ, Arca Multincubadora, empreendimentos econômicos solidários integrantes da Rede e outras entidades.
Atualmente, seis projetos em execução receberam, juntos, recursos financeiros da ordem de R$12.426.000,00 e têm em comum a atuação em regiões de agricultores familiares de comunidades tradicionais. É importante ressaltar que cada projeto teve um proponente diferente com diferentes fontes de recursos, o que trás uma independência entre eles. Foi por meio da perspectiva de ações intersetoriais propostas pelo SISAN que as ações desses projetos se articularam por meio do SITECS por meio do FTSAN-BC
No final de 2016, em ação liderada pela Arca Multincubadora, diversas associações e cooperativas se articularam com Coorimbatá e com a Cooperativa Central da Agricultura Familiar da Baixada Cuiabana para fornecerem produtos da agricultura familiar para a alimentação escolar das escolas dos municípios de Cuiabá e de Várzea Grande no ano de 2017. O valor dos produtos da agricultura familiar a serem vendidos para as secretarias municipais e estadual para atendimento da alimentação escolar das escolas municipais e escolas estaduais é da ordem de R$8.000.000,00. Esta articulação é inédita, inovadora e desafiadora no Território da Baixada Cuiabana.
A ARCA Multincubadora, em articulação com a incubadora da UFMT, sediada EIT, foi certificada pelo CERNE nível 1 tendo como foco empreendimentos econômicos solidários. Está em execução um projeto para certificação CERNE nível 2 da ARCA Multincubadora, com recursos obtidos pelo SEBRAE. Essa atuação articulada favorecerá também a certificação da Incubadora da UFMT junto ao CERNE que, embora atue com empreendimentos econômicos solidários, terá como foco os empreendimentos de base tecnológica, aproveitando as práticas e procedimentos do CERNE já certificados para a ARCA Multincubadora.para Empreend.. Econ. Solidários.
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