Problema Solucionado
O século XXI e as tecnologias trouxeram novas dimensões para os desafios locais de desenvolvimento sustentável, sobretudo para a promoção de uma educação de qualidade (ODS 5) e o desenvolvimento econômico (ODS 8). As gerações atuais crescem em uma sociedade onde cada vez mais lhes são exigidas habilidades e competências midiáticas e tecnológicas para terem acesso à direitos básicos e para protagonizarem transformações sociais. Mas nas comunidades do interior do Brasil ou das periferias das grandes cidades, as desigualdades econômicas limitam as experiências culturais, tecnológicas e de aprendizagem.
A ausência de políticas públicas para Alfabetização Midiática Informacional, recomendado pela Unesco, e para empreendedorismo criativo (segmento econômico que mais cresce e distribui renda no país), impedem que estes jovens e adolescentes utilizem a cultura digital para romper com ciclos históricos de exclusão social. Acreditamos que as bibliotecas são os espaços públicos onde o potencial criativo das comunidades para inovação podem ser fortemente estimulados e resultar em proposta para desenvolvimento sustentável.
Descrição
Esta tecnologia social possui duas linhas integradas de atuação. Por um lado, a inciativa funciona como empreendimento criativo e negócio de impacto, envolvendo uma equipe de 15 a 30 jovens e 2 profissionais dedicados à produção colaborativa da revista literária. Por outro, serve a centenas de meninas e meninos da comunidade, como um programa inovador educação para as mídias e formação de leitores do século XXI.
Anualmente a Página 9 ¾ abre uma convocatória para jovens leitores, com idade entre 14 e 21 anos, interessados em participar da produção da revista literária. A participação prioritária é por ordem de inscrição, mas sempre realizamos entrevistas com os inscritos, quando alinhamos expectativas e mapeamos áreas de interesse. Esse grupo encontra-se diariamente por um período indeterminado. O desafio central é fazer funcionar uma revista literária digital desde sua concepção editorial, passando pela produção, gestão, até a promoção e ampliação do seu impacto na comunidade. Nessa rotina desenvolvem competências para o trabalho com projetos, para a colaboração, a experiência vocacional em áreas da economia criativa. A equipe atua organizada em grupos de trabalho: produção de texto, produção de arte e produção de conteúdo e gestão de redes.
Nas reuniões semanais de pauta toda a equipe decide os assuntos que serão tratados nos conteúdos para a revista. Nesse processo democrático de decisão refletimos sobre nossas experiências de leitura literária, identificando quais delas podem ser o objeto de produção, seja de uma resenha, uma reportagem ou outro conteúdo. Os facilitadores são responsáveis por sugerir leituras, propor pesquisas, investigações e cobertura de eventos especializados. A produção dos textos, das artes e das campanhas em redes sociais são orientadas ao longo do seu processo de criação, e as demandas que vão surgindo pautam os assuntos dos momentos formativos. Assim a semana segue com um ritmo profissional de editoração, alternado por momentos mais formais de aprendizagem sobre técnicas de entrevista e reportagem, gestão de projetos, exercícios de escrita criativa, mídias sociais, realização de eventos, entre outros.
Paralelo à produção da revista, o projeto oferece uma programação anual de laboratórios criativos, atividades de curta duração (de 6 a 8 horas) que desafiam adolescentes e jovens explorarem novas linguagens para produção cultural. Realizamos de 3 a 4 atividades ao mês, para as quais a comunidade pode se inscrever através da internet, por aplicativos de mensagens e outras facilidades. Com turmas de 10 a 15 participantes desenvolvemos práticas de criação colaborativa, apresentamos novas profissões e produzimos conteúdos sobre literatura que também atualizam a revista digital. Cada um dos laboratórios descritos a seguir possibilita experiências de alfabetização midiática e informacional para a comunidade, explorando novas linguagens, o contexto da sua criação, seus aspectos técnicos para criação e exercícios de leitura crítica.
LAB Gifs Literários: Desafia os participantes a criarem séries especial de GIFs artísticos inspirados em seus livros preferidos disponíveis na biblioteca. Um conteúdo que promove o acervo público.
LAB Resenha da Vez_a arte de recontar histórias: Desafio de recontar histórias lidas, que explora técnicas de escrita de resenhas críticas e amplia as possibilidades de aprendizado técnico e o conhecimento sobre o mercado e as profissões do mundo editorial.
LAB Fábrica de Fanfics: Atividade que explora o fenômeno cultural da internet conhecido como Fanfiction, histórias fictícias inspiradas nos livros, séries, filmes ou games preferidos de quem escreve. Uma experiência de criação literária e de descoberta desse novo mercado e espaços de publicação.
LAB Onde Insta Poesia?: Desafia os participantes a criarem séries poéticas para o canal da Página 9 ¾ no Instagram. Um exercício de escrita poética e composição visuais gráficas com diversas linguagens. Aproveita o mergulho nas possibilidades de expressão artística dessa rede social para compreendê-la de maneira crítica.
LAB Reportagem Literária: Desafia os participantes a narrarem histórias que julguem merecedoras, aprendendo técnicas de entrevista e redação informacional. Uma experiência vocacional com o jornalismo literário e a produção de conteúdo para a revista.
LAB Booktuber: Desafia os participantes a compartilharem suas experiências de leitura através da produção de vídeos para internet, da criação e gestão de canais literários. Uma forma de conhecer as novas fronteiras das profissões do audiovisual e do mercado editorial literário.
LAB Quem pode ser história? Biografia de escritorxs não-famosxs: Desafia os participantes a eternizarem a trajetória de vida de escritores e escritoras da própria comunidade, através da produção de biografias. Uma aprendizagem técnica de produção textual e reflexão sobre a literatura produzida localmente.
Recursos Necessários
A Revista Página 9 ¾ foi pensada para ser implementada em bibliotecas públicas, comunitárias ou escolares, uma vez que tem o acesso à um acervo literário como um dos principais recursos necessários.
Para montar uma unidade da Página 9 ¾ é necessário que a biblioteca disponha de um espaço que possa ser ocupado como redação e laboratório criativo da revista. Para isso sugerimos um ambiente com capacidade para abrigar pelo menos 10 pessoas, em mesas de trabalho coletivo.
O acesso à internet sem fio também um recurso fundamental para implementar ações de pesquisa, de criação e de gestão. Para uma unidade experimental sugerimos uma rede de internet mínima de 30 megas, além de 5 computadores, uma impressora multimídia, 1 quadro branco. Uma das estratégias de mobilização de recurso está na identificação da disponibilidade de dispositivos móveis dos próprios participantes, como celulares, tablets, câmeras e leitores digitais, utilizando-os nos professos educativos e de produção cultural.
Resultados Alcançados
Nestes 4 anos a Revista Página 9 ¾ acumula mais de 900 jovens atendidos pelas ações alfabetização midiática informacional, complementando os esforços de políticas públicas de educação. Mais de 80% dos atendidos são estudantes de escolas públicas e destes, 70% são meninas moradoras de comunidades da periferia da cidade.
Ao experimentarem processos de criação a partir de linguagens e ferramentas de produção cultural digital, estes jovens leitores compreendem como se dão os processos informacionais na internet, a intencionalidade dos algoritmos por trás de cada rede social, ou mesmo como uma imagem ou discurso pode ser manipulado e editado para contar várias versões da mesma história. As experiências tecnológicas também ampliam a capacidade destes jovens de acessarem direitos básicos, estruturados na forma de serviços públicos oferecidos em ambientes online.
Entre os mais de 60 jovens que já participaram da produção da revista digital literária, a experiência de empreender um veículo de comunicação especializado em literatura, ampliou as possibilidades de carreiras e profissões cogitadas em seus projetos de vida. Mais de 75% dos participantes desta linha de atuação iniciam seu itinerário no projeto sem reconhecer nenhumas das áreas profissionais da economia criativa que experimentam ao longo do projeto. Ao final de um ciclo anual, cerca de 60% dos participantes demonstram interesse em formação profissional em áreas criativas como o mercado editorial, de artes digitais, de produção cultural, de desenvolvimento tecnológico, entre outros do segmento da economia criativa. Destes 30% ingressam em universidades deste segmento ou são inseridos no mercado de trabalho seja contratados por empresas locais ou se formalizando como Micro-empreendedor individual em áreas correlatas.
A produção cultural desenvolvida por este grupo agrega hoje uma comunidade regular de 4500 leitores frequentes dos conteúdos publicados diariamente na Revista Página 9 ¾, gerando cerca de 12.000 impressões (visualizações nas redes sociais) por mês. Anualmente cerca de 5 resenhas, reportagens, artigos ou crônicas originais da Página 9 ¾ são republicados por jornais locais e especializados, com destaque para o portal do Ministério de Educação de Portugal. Destacamos ainda o impacto desta tecnologia social no aumento de mais de 65% o fluxo de adolescentes e jovens na biblioteca pública onde está sediado, no aumento de 45% da frequência de leitura literária espontânea entre os participante
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