Problema Solucionado
O Estado do Rio Grande do Sul passa por uma grave crise hídrica, agravada pelas constantes estiagens e seca que trazem prejuízos econômicos e maior empobrecimento das comunidades já vulneráveis. Apesar de receberem poucos investimentos, a agricultora familiar é responsável por 70% da produção de alimentos, necessitando de um maior reconhecimento e apoio. Segundo o censo agropecuário de 2006 (IBGE, 2009) no estado do Rio Grande do Sul há um total de 441.467 estabelecimentos, sendo que destes, 85,75% (378.546 estabelecimentos) estão em mãos de produtores familiares e apenas 14,25% (62.921 estabelecimentos) são de produtores não familiares. Porém a falta de água em diversas propriedades rurais fez com que ocorresse um êxodo rural em direção aos grandes centros urbanos. A maioria das fontes de água mapeadas em projeto piloto iniciado em 2010 na região de Vacaria (7 municípios) encontravam-se abandonadas sem a adequada proteção. A recuperação e preservação de fontes de água de agricultores familiares é uma ação simples, efetiva, propiciando uma maior produção de alimentos, tanto para consumo como para comércio, e desenvolvimento sustentável de propriedades de agricultura familiar.
Descrição
Levantamento e diagnóstico das propriedades: Para a identificação das propriedades onde serão recuperadas as fontes, é necessário antes de mais nada entender a realidade da comunidade e da propriedade de agricultura familiar. Técnicos agrícolas, sindicatos de trabalhadores rurais, os próprios agricultores e os agentes de Cáritas colaborarão para identificação dos locais. Após identificação e diagnóstico das propriedades e com orientação técnica inicia-se o processo de recuperação. Contudo, é acima de tudo, a ação concreta e a observação prático-pedagógica dos resultados que possibilitam a multiplicação de saberes e práticas entre as pessoas. Esses mutirões são a essência da replicabilidade dessa ação social que também gera integração, reforço de laços comunitários, solidariedade local e solução sustentável para agricultura familiar, com baixo custo. Essas tecnologias sociais contribuirão para a melhoria de qualidade ambiental da água fornecida ao tratamento dos animais, sendo um modelo de sustentabilidade. Local de execução: região de Vacaria. O DRP (Diagnóstico Rural Participativo) considera três pilares fundamentais: participação, considerando a grande responsabilidade desse tipo de abordagem no processo de formação de indivíduos, para que tomem parte das decisões e tenham parte nos resultados; do comportamento, que se refere à postura dos pesquisadores perante o indivíduo ou grupo participante reconhecendo a intersubjetividade existente no comportamento humano, respeitando as diferenças, reconhecendo o valor de todos os conhecimentos e explicitando seus interesses e objetivos; e das técnicas de campo ou ferramentas, que se combinam e se complementam sucessivamente (Gomes, et al. 1998).
Restauração de fontes/nascentes de água: nascente é um ponto de onde a água jorra através da superfície do solo, também conhecida como olho d’água, fio d’água, mina d’água, cabeceira e fonte. Nas partes mais baixas do terreno ocorre o armazenamento da água infiltrada, o que faz que o nível do lençol freático suba até a superfície provocando o encharcamento do solo, propiciando o surgimento de um grande número de pequenas nascentes espalhadas por todo o terreno, as quais são conhecidas como difusas, ocorrendo em brejos e matas localizadas nas partes baixas do terreno, sendo facilmente encontradas no meio rural. Sistema funcional de proteção para evitar que a fonte se seque e seja contaminada com limpeza da área, construção de muros de proteção e proteção com cobertura plástica. Vale a pena salientar que tal fonte/nascente, considerando a legislação ambiental vigente é considerada área de preservação permanente, sendo necessário a preservação no entorno aprox.de 50 metros.
Construção e instalação de 5 cisternas em propriedades de agricultura familiar - A estrutura da cisterna é de fácil construção, mas é preciso a ajuda de um
técnico para fazer os cálculos e determinar o tamanho ideal. A seguir, exemplifica-se como calcular o tamanho de uma cisterna. Cada pessoa precisa de 14 litros de água por dia. Então, uma família de 5 pessoas necessitará de 70 litros por dia (5 pessoas x 14 litros). Considerando que a cisterna será
usada durante o período seco do ano (8 meses) – mais ou menos 240 dias (8 meses x 30 dias) –, então ela deverá ter capacidade de armazenar 16.800 litros de água (70 litros x 240 dias), ou seja, um volume de 16,8 metros cúbicos (16.800 litros/1000).
Recursos Necessários
Despesas de deslocamento – viagens de campo - agentes locais para monitoramento de atividades nas propriedades dos agricultores familiares ( Paim Filho, São João da Urtiga ) 10 viagens de campo agentes locais e 6 viagens de campo coordenação – R$ 2.200,00
Despesas de material gráfico – elaboração e impressão de folders – R$ 1.000,00
Restauração e conservação de 50 fontes de água – R$ 25.000,00
Construção e instalação de cisternas - R$ 14.00,00
Resultados Alcançados
1) Restauração e proteção de 50 fontes de água (nascentes) em propriedades de agricultura familiar nos municípios de Paim Filho e São João da Urtiga,
2) Sensibilizar pelo menos 400 agricultores familiares através dos mutirões de limpeza. Isso também se dará através das viagens de campo dos agentes locais no mapeamento dos locais a serem restaurados, bem como com o apoio de técnicos rurais da instituição gaúcha EMATER, que trabalha na extensão rural.
3) Sensibilizar através de divulgação do projeto gestores públicos ( Prefeitos, secretários de agricultura e/ou meio ambiente)
4) Sensibilizar sindicatos rurais da região
5) Construção e instalação de 5 cisternas em propriedades de agricultura familiar.
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