Problema Solucionado
Havia muita pobreza e mendicância na cidade de Chapecó na década de 1990. Estimulados pelo Comitê de Combate à Fome, do sociólogo Herbert de Souza, e liderados pelo padre Cleto João Stulp, foram convidados representantes de todas as entidades que tivessem preocupação em reduzir os problemas nas ruas de Chapecó. As principais lideranças se formaram com funcionários de bancos, do sindicato bancário, pessoas da comunidade e do poder público, e no ano de 1994, fundaram o Verde Vida. Foram imensas as dificuldades iniciais. Em 1997, o Programa mudou-se para o bairro São Pedro, o pior bairro da cidade de Chapecó, com poucos investimentos do setor público, onde o círculo vicioso da pobreza, exclusão, marginalidade e criminalidade predominava e aumentava a cada dia. Com auxílio da Fundação Banco do Brasil e da Fundação Mauricio Sirotski Sobrinho, o Programa construiu pavilhões, e passou a adquirir recicláveis dos catadores e atender jovens pobres no contra turno da escola, em oficinas de artesanato e datilografia. Com mais recursos, passou a atender mais adolescentes. Hoje, os recursos da reciclagem remuneram 65 colaboradores e permitem atender 140 adolescentes. Além disso, separa 250 toneladas/mês de resíduos para reutilização nas indústrias, e evita custos para o poder público. Essa é sua principal contribuição ambiental. Na área social o Programa passa a gerar empregos para pessoas simples, com baixa escolaridade, os quais teriam enorme dificuldade de conseguir empregos melhores em outros locais. Também passa a atender os filhos dos catadores em oficinas de convivência educativa que oferecem atividades culturais, esportivas, de lazer e de reforço escolar, as quais colaborarão para desenvolver habilidades importantes para a socialização, e o ingresso no mercado formal de trabalho. Há efetiva colaboração para o desenvolvimento sustentável. Melhoram as atitudes individuais da sociedade local em relação ao meio ambiente e a inclusão social evita a repetição do ciclo da pobreza, exclusão, marginalidade e criminalidade.
Descrição
O Verde Vida possui experiência de 25 anos na coleta, separação e venda de resíduos recicláveis, além de sua atuação na área social. No início, o Programa atendia 15 crianças, vendia apenas 7 toneladas/mês, e sobrevivia com auxílio da comunidade e do poder público. Atualmente, o programa atende 140 adolescentes, possui 65 colaboradores, separa e vende, em média, 250 toneladas/mês, e procura viabilizar-se financeiramente através da reciclagem. Para expandir sua atuação firma termos de colaboração com o poder público, encaminha projetos para parceiros, institutos e fundações. O Programa atende todos os requisitos da legislação trabalhista e do meio ambiente, seguro de vida em grupo para os colaboradores, e cesta básica para quem não falta ao trabalho. Possui equipamentos adequados como empilhadeira, esteiras, triturador, prensas, prensa horizontal, exaustores de ar, sem motor, e ventiladores, para facilitar a qualidade de vida no trabalho. Busca através de visitas a outras recicladoras perceber o que facilita a produtividade, a segurança no trabalho e, por meio de parcerias e apoio, implanta em suas instalações.
É constante no Programa a preocupação com questões de coleta de resíduos, a produtividade, os custos, e outras questões que não comprometam as finanças do Verde Vida, dependente do mercado oligopolizado de processamento de celulose. O Programa tem roteiro pré-agendado em 250 pontos de coleta, circula com caminhões próprios, e possui sede própria com 1.125m2 para separar os materiais.
As entidades que participam de sua diretoria são representativas de diversos segmentos sociais. É eclética. Participam desde clubes de serviço como Lyons (dois clubes) e Rotary (4 clubes), a Associação de Funcionários do Banco do Brasil, Associação de Pessoal da Caixa Econômica Federal, Clube de Diretores Lojistas - CDL, Associação de Senhoras de Rotarianos, Sindicato dos Bancários de Chapecó e região, Universidade Comunitária Regional de Chapecó-Unochapecó, Associação Comercial e Industrial de Chapecó - Acic, Sindicato da Indústria da Construção Civil - Sinduscon, Sindicato dos Hotéis Bares e Similares, Associação de Engenheiros e Arquitetos da região oeste de Santa Catarina, Associação dos Amigos do Rio Uruguai - AARU, Associação dos Moradores do Bairro Bom Pastor, Associação dos Moradores do Bairro Presidente Médici, Associação dos Moradores do Bairro Bom Pastor e Escola Básica Victor Meirelles.
O Verde Vida divulga suas atividades em universidades, e essa iniciativa tem trazido estágios e apoio das empresas dos estudantes. Foram inúmeras as contribuições obtidas, inclusive de marketing, implantação de planilhas, sugestões de parceiros, mudança de lay out, a partir das observações feitas pelos alunos. As iniciativas ambientais servem de atividades meio no Programa, atendem às demandas da sociedade, buscam sensibilizar para a mudança das atitudes individuais para melhorar o saneamento ambiental e a preservação dos recursos do planeta, enquanto a atividade fim é a inclusão social de jovens que vivem a vulnerabilidade, buscando condições para que não repitam o ciclo da pobreza, da exclusão, da marginalidade da criminalidade. Essa oportunidade de transformação social se dá através da atuação de 14 oficinas oferecidas no contra turno da escola que oferecem aos jovens atendidos atividades culturais, esportivas, de lazer, e de reforço escolar, além de informações e orientação para acessar o mercado formal de trabalho.
Recursos Necessários
4 caminhões, 2 camionetes, 2 prensas, 1 prensa horizontal, 1 triturador, 2 esteiras, 1 empilhadeira, 2 camionetes Strada, 1 aparelho de solda, ferramentas, bebedouros, para atender a parte produtiva.
Para a parte social é necessário uma cozinha industrial, 150 pratos, 150 talheres de cada tipo, equipamentos para cozinha, salas com espelho para dança e teatro, equipamentos para manicure, aparelhos musicais de todos os tipos, jogos de sala, xadrez, dama e outros, material esportivo, sala de informática com equipamentos, etc.
Resultados Alcançados
A grande contribuição do Verde Vida é, a cada ano, poder aumentar o número de adolescentes atendidos e ampliar a coleta seletiva. Inicialmente eram atendidos aproximadamente 15 adolescentes; hoje, o Verde Vida atende 140. No decorrer dos anos já passaram mais de 5.000 jovens, a maioria dos quais foram para o mercado de trabalho formal, alguns fizeram faculdade, outros estão cursando e uma ex adolescente é a atual assistente social do Programa, assim como, o professor de violino e o de judô. As oficinas socioeducativas têm critério técnico de condução, projeto político pedagógico, mensuração de indicadores qualitativos e quantitativos, e reavaliação constante de parte da equipe técnica (reuniões semanais) e da diretoria colegiada (reunião mensal). A maior contribuição é poder dar oportunidade, no contra turno escolar, para jovens participarem de oficinas socioeducativas, que têm como principais objetivos o resgate da autoestima, o equilíbrio emocional e condições para ingresso no mercado de trabalho. Na parte da reciclagem, a oportunidade do emprego para pessoas com dificuldade de ingressar no mercado de trabalho formal (baixa escolaridade, idade avançada, pouca qualificação), em bairro pobre, é a grande contribuição do Verde Vida para a comunidade local.
A parte da produção processa (coleta, separação e venda) a média de 250 toneladas/mês. O Programa já havia encaminhado para re industrialização 56.378 toneladas até o final de 2018. A reciclagem evita custos para o poder público, também, há redução no consumo de água, energia elétrica e produtos químicos no processo de re industrilização dos recicláveis. Já passaram pelo Programa mais de 700 colaboradores desde sua fundação.
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