Problema Solucionado
Desde 1994(na conferência de Cairo)houve o consenso de que os homens deveriam ser engajados para a eficácia das ações feitas com as mulheres.A forma como homens e mulheres são socializados em diferentes sociedades confere ao homem mais poder, tanto na esfera pública quanto na esfera privada.O exercício da masculinidade é, muitas vezes, associado à força,à resistência física e à possibilidade de resolução de conflitos por meio da violência.Às mulheres,cabe o cuidado da saúde sexual e reprodutiva e o cuidado dos filhos e muitos programas,atravessados por esta ideia, continuam dirigindo suas ações para as mulheres.Acreditando ser importante questionar normas em nossa cultura, que influenciam a maneira como homens e mulheres se comportam e produzem diferenças em relação a poder de decisão e acesso a bens e espaços sociais, as quatro organizações, que já desenvolviam pesquisas sobre os temas, se juntaram, coordenadas por Promundo, para desenvolver e testar atividades para promover comportamentos equânime de gênero entre os homens.O conjunto de atividades deu origem ao ProgramaH,uma estratégias para o envolvimento de homens jovens, que foi aplicado e avaliado em diversas comunidades.
Descrição
Os Programas H e constituídos por um conjunto de ferramentas destinadas a incorporar a noção de relação de gênero entre os jovens. Isto significa que as normas sociais de gênero afetam tanto a homens quanto a mulheres, tornando-os vulneráveis a problemas de saúde diversos e a violência. O componente principal dos Programas são atividades educativas (dinâmicas) que criam um espaço seguro e de confiança para o questionamento de normas rígidas de gênero, por meio de jogos, peças teatrais e debates sobre aspectos positivos e negativos da socialização de homens e mulheres, e as vantagens de mudar certos comportamentos. Os manuais com as atividades possuem também como componentes três desenhos animados criados para provocar uma reflexão sobre como estas normas influenciam a vida de meninos e meninas: “Minha vida de João”, “Era uma vez outra Maria” e “Medo de quê?”. Por meio da história de cada um de seus personagens principais, os desenhos apresentam diversos aspectos do amadurecimento da vida de homens e mulheres, da infância, adolescência e vida adulta: divisão de tarefas domésticas, presenciar cenas de violência, primeira relação sexual, partilha do cuidado com os filhos, etc. Por não conter diálogos, os facilitadores podem projetar as histórias e construir falas junto com os jovens, além de poder ser exibido em diferentes países. Os vídeos usam um lápis como metáfora para a socialização de gênero, em que determinados comportamentos são escritos e outros apagados. Para complementar o processo de reflexão sobre normas de gênero, os jovens são envolvidos em um processo de elaboração participativa de campanhas comunitárias. Por meio deste processo foi criada a campanha Hora H, uma campanha para uso de preservativo, baseada na divulgação de alternativas para o padrão tradicional de ser homem: “que aceita, compartilha e cuida”, e a campanha “Entre Nós”, que tinha como veículo principal uma radionovela, resumida mensalmente em HQs, que contava a história de dois jovens que buscavam se entender através do diálogo.
Recursos Necessários
A principal inovação da metodologia, que faz com que seja facilmente adaptada em inúmeros países, está no desenvolvimento de atividades
que envolvem homens jovens e atores locais em discussões que são consideradas tradicionalmente femininas. Para isso esses grupos passam por atividades educativas que utilizam recursos lúdicos para o a promoção de debate sobre aspectos positivos e negativos da socialização de homens e mulheres, e as vantagens e os caminhos de mudar certos comportamentos. Para isso são usados recursos de audio-visual (animações) que permitem a fácil adaptação ao publico pretendido. As campanhas comunitárias, que complementam as atividades educativas, são criadas em cada contexto e são construídas usando materiais e recursos que possam ser de fácil adaptação pelos participantes.
Resultados Alcançados
O Programa H foi lançado em 2002 pelo Promundo e organizações parceiras (Instituto Papai, ECOS, Salud y Género) e já foi adaptado em mais de 30 países.
O Programa H foi considerado boa prática na promoção da igualdade de gênero e prevenção da violência baseada em gênero pelo Banco Mundial, pela Organização Mundial de Saúde e citado pelo UNICEF e pelas Nações Unidas pela sua eficácia. Foi ainda reconhecido pela Organização Pan Americana de Saúde, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento e Fundo de População das Nações Unidas. Foi adotado oficialmente pelos Ministérios da Saúde no Brasil, México, Chile, Croácia, entre outros. Os Programas H e M foram ganhadores do III Prêmio Melhores Práticas que incorporam a perspectiva da Equidade de Gênero na Saúde do Adolescente e Jovem do Escritório de Gênero, Diversidade e Direitos Humanos da Organização Panamericana de Saúde,
em 2010.
Reconhecendo a necessidade de trabalhar com o empoderamento de mulheres jovens em paralelo com os homens, e baseando-se nas contribuições dadas pelas parceiras dos participantes no Programa H, o Programa M (M de mulheres e mujeres, em português e espanhol) foi lançado em 2006. O Programa M procura incentivar a reflexão sobre normas de gênero rígidas e o empoderamento entre mulheres jovens. O Promundo e parceiros recomendam a adoção de ambas as abordagens e a inclusão de debates sobre diversidade sexual e homofobia durante a realização das oficinas.
As escolas têm tido um papel central na implementação dos Programas H e M, proporcionando ambientes receptivos através dos quais estas abordagens podem ser elevadas em escala institucionalmente. No Brasil, o Promundo lançou o Portal Equidade de Gênero nas Escolas com o objetivo de capacitar os professores sobre a metodologia dos Programas H e M através de um ambiente virtual, e na Índia as abordagens do Programa H foram incorporadas em nível governamental, alcançando 25 mil escolas.
No Brasil, desde sua criação, as atividades dos programas já foram realizadas em 14 estados brasileiros: AL, AM, BA, CE, ES, MA, MS, MG, PE, RN, RS, RJ, SP e SE, por meio de oficinas com profissionais de saúde e educação que realizaram projetos de replicação das atividades entre os jovens com os quais trabalham.
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