Problema Solucionado
As cerca de 500 famílias de quilombolas, envolvendo 2.000 pessoas, e as 900 mulheres ribeirinhas que participaram do projeto careciam de alternativas que proporcionassem melhoria em sua qualidade de vida. Nas comunidades quilombolas, a carência de alternativas e a deficiente organização de seus membros limitavam a geração de renda, dependendo quase que exclusivamente da produção de farinha, o que gerava uma receita mensal bruta de até R$ 200,00 por família. Por outro lado, essa receita não dava para cobrir os gastos com a saúde, por não possuírem postos de saúde e acompanhamento médico dentro das comunidades, e o desconhecimento do uso das plantas medicinais que poderiam ser utilizadas para reduzir esses gastos e melhorar a sua qualidade de vida. Na comunidade carcerária, a carência de alternativas para ocupação do preso aumentava a ociosidade do mesmo, dificultando o processo de ressocialização deste. Fora da penitenciária o preso não trazia nenhuma alternativa que pudesse ser desenvolvida, principalmente junto à sua própria família.
Descrição
A realização de treinamentos/cursos gerais e específicos sobre cultivo, conservação, uso e manipulação de plantas medicinas em cada comunidade permitiu o repasse e a troca de informações de maneira correta à população local. A capacitação/formação de membros nas comunidades proporcionou melhor uso e manipulação das espécies, geração de renda e redução de custos na aquisição de medicamentos. A instalação de hortos medicinais em cada comunidade proporcionou melhor aproveitamento/conservação das plantas e maior conhecimento sobre as mesmas, e despertou o associativismo entre os membros de cada comunidade. No sistema carcerário, os presos passaram a ocupar melhor o tempo, qualificando-se, e em alguns momentos, sendo instrutores durante os treinamentos das comunidades que vivem em torno das penitenciárias, beneficiando com isso o seu regresso ao convívio da sociedade. O cultivo e extrativismo orientado de espécies de interesse socioeconômico em cada comunidade proporcionou o aumento de renda e melhoria na qualidade de vida.
Recursos Necessários
- 1 KIT por comunidade, contendo utensílios domésticos (1 caçarola de 2 L, 2 leiteiras de 1 L, 1 colher de madeira, 1 crivo plástico, 1 ralador, 1 ebulidor ou pequeno fogão de uma boca)
- 1 KIT por comunidade, contendo ferramentas diversas (1 ancinho, 1 enxadeco, 1 enxada, 1 regador, 1 tesoura de poda)
- 1 KIT por comunidade, contendo: 1 L de óleo de copaíba, óleo de andiroba, mel de abelha, sabão glicerinado neutro, 1 kg de gordura vegetal e 1 frasco contendo pastilhas de cânfora, 500 frascos para produção de pomada, xarope, shampoo, creme e sabonete.
- 1 KIT por comunidade, contendo: 50 mudas de plantas medicinais, plaquetas de identificação das espécies e placa de identificação do horto, sombrite, madeira diversas para construção de canteiros e sustentação do telado, adubo orgânico.
Resultados Alcançados
A Instalação de hortos e oficinas de manipulação de plantas medicinais nas comunidades quilombolas e ribeirinhas permitiu que a tecnologia trouxesse novas oportunidades de melhoria da qualidade de vida através do aumento de renda pelo uso dos próprios produtos sem a necessidade de adquiri-los de outra fonte, ou pela comercialização dos mesmos, além do uso correto das ervas medicinais. Enquanto que, nas comunidades carcerárias, essas instalações são inéditas dentro do Sistema Penal Brasileiro, contribuindo para a reintegração dos presos ao convívio da sociedade, proporcionando aos mesmos a oportunidade de desenvolver atividades que possam resgatar a sua dignidade. A venda de apenas 100 frascos por mês de cada produto natural como xampu, pomada anti-inflamatória e creme para celulite, pode gerar uma renda líquida de até 3,5 salários mínimos nas comunidades. A produção de sabonete medicinal no complexo penitenciário para uso dos internos poderá reduzir um gasto de aproximadamente R$ 14.000,00/mês com esse produto pelo Governo Estadual. Houve ainda a redução de doenças dermatológicas na penitenciária com o uso da pomada e sabonete, e de doenças respiratórias na comunidade quilombola pelo uso correto de xarope à base de guaco. Houve a formação de uma cadeia produtiva envolvendo comunidades quilombolas, ribeirinhas e de periferia urbana.
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