Observatório De Olho Na Quebrada

Objetivo

Coletar dados quantitativos e qualitativos para compreender e enfrentar a desaceleração do desenvolvimento na região. Além disso, busca identificar de maneira precisa as demandas e necessidades reais dos moradores de Heliópolis, visando assim promover ações e soluções que impulsionem o crescimento sustentável e melhorem significativamente a qualidade de vida do território.

Problema Solucionado

O principal fator que ocasionou no surgimento do Observatório, foi o censo do IBGE. Ele era por vezes extremamente defasado e não refletia na realidade diária de Heliópolis - a maior favela de São Paulo, com cerca de 1 milhão de metros quadrados e mais de 220 mil habitantes -. Devido ao senso incorreto, diversas políticas públicas não chegavam ao território, ou ainda chegavam em quantidades menores que não supriam realmente a demanda da comunidade, e quando o governo era indagado frente a isso, correspondiam com o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Por isso, o Observatório foi criado inicialmente, para mapear o real número de habitantes da comunidade, visto que os pesquisadores eram pertencentes do mesmo e reconheciam suas particularidades - como mais de uma casa no mesmo quintal, casas em becos e vielas -. Atualmente, o Observatório segue produzindo pesquisas em outras temáticas que são desafios da comunidade, e também expandindo para fora de Heliópolis a realidade diária e promovendo o fortalecimento e conhecimento da cidade, trazendo novos aspectos culturais e sociais para a quebrada e para fora dela.

Descrição

A UNAS- União de Núcleos, Associações dos Moradores de Heliópolis e Região, possui vasto histórico em trabalhos sociais e culturais. Lutamos por direitos e por políticas públicas que supram a necessidade da comunidade, desde de a década de 90, iniciando com a luta pela posse de terra. No período atual, encaramos outras provocações, como a saúde mental dos moradores da periferia, o impacto do coronavírus na comunidade, o acesso à alimentação e a internet, os artistas e coletivos culturais na pandemia, o baile funk presente no território, os comércios, diaristas e trabalhadoras do lar, pesquisa sobre as mulheres. Todos esses tópicos são pesquisas já concluídas pelo Observatório, que segue levantando dados e trazendo informações para a comunidade de forma acessível e comunicativa. A organização interage com a comunidade através dos 59 projetos existentes em Heliópolis e Região e a partir dos parâmetros diários de busca dos moradores para demandas e necessidades existentes no território. Os projetos que temos hoje em dia variam em diferentes eixos, sendo eles: Educação: CEI - Centro de Educação Infantil e MOVA – Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos. Assistência Social: CCA - Centro para Criança e Adolescente, SASF - Serviço de Assistência Social à Família – Chico Mendes, Centro Dia Do Idoso - Nelson Mandela, MSE-MA Medida Socioeducativa em Meio Aberto e Projeto de Assistência Jurídica Gratuita. Cultura: Biblioteca Comunitária de Heliópolis, Rádio Comunitária Heliópolis, Telecentro e Núcleo Áudio Visual Periférico - Câmera e Ação Helipa. Esporte: Futebol Heliópolis, Futsal Heliópolis e Vencer Pelo Jiu-Jitsu. Rede de proteção: CDCM - Centro de Defesa e Convivência da Mulher - Sonia Maria Batista, Centro de Cidadania LGBT - Edson Neris, (VANEN) Violência Aqui Não Entra Não, SPVV – Serviços de Proteção a Crianças e Adolescentes Vítimas de Violência e Abuso Sexual – Curumins do Brasil, “MUDEM" Minas e Manos Unidos Desconstruindo o Machismo, NPJ - Núcleo de Proteção Social e Apoio Psicológico e NAPSI - Núcleo De Apoio Psicossocial À Crianças E Adolescentes Vítimas De Violência; Trabalho e Renda: Costurando com Arte; Segurança Alimentar: Da Horta para a Mesa e Rede Cozinha Escola; Juventude: Observatório Heliópolis - De Olho Na Quebrada e Heliópolis Investindo na Vida. Além dos projetos, temos os movimentos de base que são os princípios das ações coletivas da UNAS e a forma de organização popular dos moradores. Eles são muito importantes para a comunidade pois são o momento de conversar sobre diversos assuntos e desafios existentes na sociedade, tornando assim os moradores e as pessoas da instituição mais críticos frente às problemáticas cotidianas. Os Movimentos existentes atualmente são: Movimento de Mulheres de Heliópolis e Região, Movimento LGBTQI+ - O Grito da Diversidade, Movimento Negro de Heliópolis e Região, Movimento de Juventude - Fala Jovem, Movimento Sem Teto de Heliópolis e Região Movimento Fé e Política e Movimento Sol da Paz. Além disso, a comunidade participa dos processos de tomada de decisão da organização, pois são importantes para todo o processo de implementação das ações e atividades. A demanda de projetos inicia-se no levantamento das necessidades existentes, que são advindas do olhar da instituição para o território e de pessoas da própria organização, que em sua maioria são moradores de Heliópolis e Região. A partir da análise da pertinência da atuação, a escrita do projeto também passa por pessoas com expertise no assunto dentro da comunidade, para realmente idealizar um projeto que supra as necessidades ou diminua os impactos de algum desafio. O projeto Observatório de Heliópolis Iniciou suas atividades em fevereiro de 2019 com o apoio da “Open Society Foundation” foram dois anos de trabalho e durante o processo de execução proporcionou implementar uma metodologia de trabalho divida em 3 pilares: 1 – Formação da equipe: O processo de formação da equipe foi fundamental para o êxito nas ações do projeto, pois além de possibilitar o reconhecimento do território através de um levantamento histórico dos primeiros moradores, também apresentou como o estado nos enxerga e como nos enxergamos no mapa, provocando na equipe um sentimento de pertencimento e identidade que possibilitou mensurar a importância do trabalho para o território. A questão das ferramentas e instrumentos de acesso a coletas de dados oficiais possibilitaram visualizar um Heliópolis invisível aos olhos do estado e comparar com o Heliópolis efervescente e cheio de vida que os moradores vivenciam. 2 – Reconhecimento territorial: O estudo do território através dos mapas e dados sociodemográficos unificados com as experiências e vivências dos moradores de Heliópolis evidenciou um processo de transformação ao longo dos anos, apresentando a importância de articulação e união dos moradores para a busca de políticas públicas e ações que visam a melhoria da qualidade de vida e o desenvolvimento integral da comunidade. Esse processo de mobilização comunitária que fez a diferença na transformação positiva de Heliópolis e é importante continuar sendo realizada com as novas gerações com foco nos jovens e exaltando a relevância das mulheres nesse processo. 3 – Incidência Política: O resgate da memória de Heliópolis e reconhecimento da importância das lideranças do território na provocação do estado para a implantação de políticas que resultaram na formatação de vários projetos e serviços necessários à população. Além desses 3 pilares, foram realizadas algumas etapas que foram seguidas através do objetivo de instigar o fortalecimento do território e protagonismo juvenil juvenil por meio dos jovens pesquisadores através das seguintes atividades: 1 – Capacitação da equipe: A formação da equipe aconteceu desde o inicio do projeto seguindo as seguintes etapas. - Formação da equipe: desenvolvemos um processo de aprendizagem que começou no inicio do projeto com a apresentação do território e sua extensão, características sociodemográfica e histórico para que toda a equipe tivesse dimensão do trabalho a ser realizado. - Acesso aos dados existentes: Capacitação para o acesso a plataformas digitais que possibilitaram visualizar dados demográficos de Heliópolis e seu entorno facilitando o entendimento das demandas da população e ao mesmo tempo norteando as ações que seriam desenvolvidas pelo projeto. - Trabalho de campo: Realização das pesquisas de acordo com as demandas territoriais apresentando e confrontado dados já existentes e produzindo dados específicos de Heliópolis através das pesquisas. - Sistematização e devolutiva: Todo o processo de registro de memória desde os primeiros moradores até os dias atuais e a sistematização dos dados coletados através das pesquisas e levantamento foram analisados e formatados para serem apresentado a população de forma clara e simples, traduzindo o material para uma linguagem de fácil acesso aos moradores sendo disponibilizado de diversas formas, seja através das redes sociais do projeto e da UNAS, seja através da rádio comunitária Heliópolis e até através de matérias dos diversos veículos de comunicação.

Recursos Necessários

Material permanente: 1 Notebook para realizar prestação de contas, relatórios e as análises de dados e planilhas: Valor unitário: R$3.200,00 Valor total: R$3.200,00

Resultados Alcançados

Com o trabalho desenvolvido pelo projeto, conseguimos dimensionar as áreas que foram impactadas e o público que foi beneficiado direta e indiretamente por essa organização comunitária. Outro resultado relevante foi produzido através da parceria com o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e estáticas que desenvolve o CENSO de 10 em 10 anos, onde apresentamos o mapa de Heliópolis de acordo com a leitura do IBGE e logo em seguida apresentamos o mapa de Heliópolis de acordo com o desenvolvimento e história do território. Essa apresentação proporcionou uma nova leitura do território por parte do IBGE, acrescentado ao censo de 2021 áreas que não eram consideradas de Heliópolis nos censos anteriores. Esse crescimento vai fazer diferença no resultado do número de habitantes e por consequência será utilizado como insumo para pressionar o governo na esfera municipal, estadual e federal para efetivação de políticas públicas e equipamentos nas áreas habitacionais, educacionais, sociais, culturais e de saúde. Além disso, os jovens pesquisadores adquiriram conhecimentos e fortalecimento frente às demandas da sociedade, tornando-se cidadãos críticos e preocupados em buscar iniciativas pacíficas - como pelo levantamento de dados - para promover o desenvolvimento integral da comunidade.

Público atendido

Adolescentes
Jovens
População em geral