Problema Solucionado
A migração das famílias do campo para os centros urbanos em busca de meios de vida, as consequências na saúde pelo consumo de alimentos contaminados com agrotóxicos, a segurança alimentar e nutricional, a emancipação dos jovens e mulheres agricultores/as familiares, a necessidade da inovação, qualificação e protagonismo na agricultura familiar e convivência no semiárido, são dimensões atuais que necessitam de uma intervenção sistemática na inversão dos resultados. Sobre esse propósito a metodologia desenvolvida no Mutirão Ciranda durante o tempo comunidade dos educandos do Curso Técnico em Agroecologia ministrado pelo Serviço de Tecnologia Alternativa – Serta, é fundamental para consolidar e afirmar o protagonismo dos jovens e mulheres na autogestão de ações que contribua para a transformação das circunstâncias locais. Disseminando tecnologias alternativas, fortalecendo as organicidades locais, motivando a força de trabalho solidária, a produção de alimentos saudáveis e o resgate dos valores e crenças da educação popular nas famílias e comunidades, diante da escassez de recursos.
Descrição
O SERTA foi criado em 1989 a partir de um grupo de técnicos e agricultores preocupados com o futuro da agricultura familiar. Eles iniciaram seus trabalhos desenvolvendo tecnologias alternativas e conhecimentos a serviço da vida no campo, considerando os elementos técnicos, pedagógicos e culturais para valorização dos saberes das famílias sobre agricultura e suas diversas formas de viver em harmonia com a natureza.
Construiu ao longo desses 28 anos um referencial técnico, pedagógico, político e metodológico, dialogando com as diretrizes da educação formal e educação popular. Essa capacidade interativa permitiu ao SERTA criar um curso profissional, dentro das normas regimentais da educação formal, porém, com os valores e concepções da educação popular. Essa construção permitiu aos estudantes e seus familiares serem autores do processo de construção do conhecimento e das práticas de intervenção local, fortalecendo sua identidade, permitindo buscar formas alternativas e viáveis para o desenvolvimento de suas propriedades e comunidades familiares. Nesta perspectiva o Programa Educacional de Apoio ao Desenvolvimento Sustentável - PEADS desenvolvida pela instituição, tem sido o referencial filosófico na formação e construção do conhecimento pelos educandos jovens, agricultores e agricultoras familiares.
O Curso Técnico-Profissional em Agroecologia tem duração de 18 meses de formação, no qual tem carga horária total de 1.200 horas aulas, sendo 795 horas atribuída ao “Tempo Escola” e 405 horas aulas destinadas a intervenção do “Tempo Comunidade”. Nessa trajetória de formação, o SERTA se preocupa com a capacidade de mobilização social e incidência dos jovens e mulheres agricultores/as familiares na sua realidade, apoiando iniciativas assumidas pela própria família e comunidade, contribuindo para a permanência e sobrevivência diante dos desafios e oportunidades do campo.
No entanto, emerge a tecnologia social, ora apresentada, o “Mutirão Ciranda” metodologia que usa e potencializa os saberes populares para o protagonismo e extensão dos conhecimentos da escola para a transformação das circunstâncias locais na famílias e comunidade. Na qual os estudantes de forma autogestionária planejam e executam em suas comunidades Mutirões que convergem com a produção de alimentos saudáveis, práticas de conservação e preservação do solo, rotação de culturas, defensivos naturais, tecnologias de tratamento e reaproveitamos de águas cinzas, práticas de agregação de valor aos produtos da agricultura, consumo solidário, segurança alimentar, segurança de nutrientes, segurança hídrica, segurança de energia e práticas de organização familiar e comunitária.
O SERTA- Serviço de Tecnologias Alternativas, conecta a teia agroecológica, na Escola do Campo que está a serviço da agricultura familiar, hoje está sediada em duas Unidades de Ensinos, localizadas nos municípios de Ibimirim e Glória do Goitá, com mais de 600 estudantes ativos e uma rede de egresso de mais de 2.000 profissionais Técnico Agroecologia que atuam nas circunstâncias locais.
Os estudantes ativos estão mobilizados, por meio do Tempo Comunidade, a mensalmente produzir encontros e a conectar à Rede de estudantes egressos, hoje Técnicos, formando cerca de 20 Núcleos, que representam 100 Municípios, 12 Territórios, 04 Estados do Nordeste semiárido (Pernambuco, Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte) realizando cerca de 20 atividades coletivas mês, atividades essas, que com base no "Mutirão” contribuem para a participação e mobilização social, familiar e comunitária, disseminando tecnologias de baixo custo, permacultura, cultura de permanência, que nos norteia em como podemos alcançar autonomia de Segurança Hídrica (captação, armazenamento, reaproveitamento...), Alimentar (Agricultura Familiar, Agrofloresta Alimentícia), Energética (tecnologias de baixo custo) e Nutricional (composteira, minhocário, reciclagem, a humanidade provém do húmus, num solo fértil se provém abundância e prosperidade), nas propriedades dos próprios estudantes, em associações, Escolas e Instituições de suas respectivas Comunidades.
Princípios e fundamentos elevados nos Mutirões:
a) Protagonismo e autogestão, empoderamento das pessoas (Estudantes, famílias e comunidades) como atores com potencial de mudança no apoio do processo de reflorestamento, cuidado da terra, segurança alimentar e nutricional;
b) Extensão das aprendizagens do Tempo Escola, para o Tempo Comunidade, integrando redes de contato, articulação local e rodízio de ações locais, com o favorecimento de acordo com a participação nas ações planejadas;
c) Integração e aprendizagem, conectar as pessoas, agentes de transformação - se busca atividade integrativas e culturais, como místicas de yoga, dança circular, biodança, capoeira, etc.
d) Formação de núcleos comunitários, pesquisa local, troca de saberes, que visam o levantamento das culturas locais: árvores nativas, frutíferas, culturas de base, criação de animais, Plantas Nativas – PANCS, et
Recursos Necessários
As intervenções do Mutirão Ciranda no tempo comunidade do Curso Técnico em Agroecologia ministrado pelo Serta, vareia de acordo com as especificidades das famílias e comunidades locais, em seu conjunto o Serta tem motivado a implementação das seguintes tecnologias na prática protagonizadas pelos estudantes:
- Implementação de Sistemas Agroflorestais - SAF;
- Implementação de bioágua e filtro biológico;
- Curvas de nível;
- Criação de animais com manejo agroecológico;
- Implementação de defensivos naturais;
- Implementação de fertilizantes naturais;
- Implementação de tecnologias de armazenamento de água (Cisterna ferro cimento, barragem subterrânea, barreiro, tanque de pedra, cisterna de placas, cisterna de enxurrada, barreiro trincheira, açude, etc);
- Produção de material orgânica (Composto, cobertura morta, humos, etc);
- Técnicas de podas, coroamento, enxertia,etc);
- Produção de biogás - Biodigestor;
- Produção de Bio fertilizante Bokashi;
- Produção de banco de sementes;
- Produção de mudas;
- Entre várias outras ecotecnologias de baixo custo.
Seguindo esse pulsar, energizado por coletivos voluntários, visualiza-se a dificuldade de alimentação, transporte, ferramentas básicas e específicas para garantir que o número de pessoas mobilizados possam fazer as práticas e ter instrumentos adequados para realizar diversas ações. Como: enxada, enxadeco, ciscador, pá, carro de mão, tesoura de poda, kit jardinagem, makita, para realização das atividades.
Resultados Alcançados
O principal resultado é mobilizar o envolvimento das famílias e comunidades a atuarem na transformação das suas circunstâncias locais:
1)Trabalho em equipe com espírito crítico, além de se expressar e se relacionar com pessoas e instituições;
2)Atuação na mobilização das comunidades, municípios e territórios;
3)Conduzir e liderar de forma participativa, encontros, reuniões, assembleias e iniciativas do meio local;
4)Realizar pesquisas e diagnósticos participativos nas comunidades, analisando o contexto social, ambiental e econômico;
5)Difusão de tecnologias, processos formativos e estratégias inovadoras de produção, organização, gestão e capacitação, apropriadas e apropriáveis, apoiando a agricultura familiar;
6)Avaliar e comparar os modelos de agricultura convencional/tradicional, com a alternativa ecológica, compreendendo o processo de transição para modelos agroecológicos;
7)Busca de mercados diferenciados e alternativos levando em conta a multifuncionalidade e pluriatividade existentes no campo.
8)Identificação das inter-relações e interconexões entre homem, planta, solo, água, temperatura, clima, animais, insetos, microorganismos;
9)Desenvolvimento de tecnologias de uso, manejo, conservação, e recuperação de solos;
10)Compreensão os recursos naturais e suas leis de inter-relação, associação, interconexão, cooperação, interdependência, sustentabilidade, flexibilidade, diversidade, co-evolução;
11)Preparação dos diversos tipos de adubação orgânica: compostagem, vermicompostagem, biofertilizante, bokashi e outros preparados de forma orgânica;
12)Identificação de desequilíbrios que provocam o aumento de pragas e doenças e conhecer os procedimentos de controle biológico;
13)Elaboração, acompanhamento, e execução junto aos agricultores/as familiares o desenho predial da propriedade de acordo com os princípios da permacultura;
14)Manejar animais de porte pequeno, médio e grande, hortas, pomares, jardins, lavouras, pastagens e sementeiras, na visão da permacultura;
15)Pesquisar a realidade local do território, identificando as potencialidades e as fragilidades, as oportunidades e ameaças das pessoas, das instituições, do meio ambiente, da cultura, da política, da economia, da saúde, da educação etc;
16)Desenvolvimento do protagonismo juvenil, de mulheres, agricultores e agricultoras familiares como estratégias de desenvolvimento sustentável das comunidades locais;
17)Assessoramento as comunidades em processos organizativos locais.
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