Problema Solucionado
As agricultoras faziam cursos de beneficiamento de produtos articulados pela cooperativa, porém a matéria prima utilizada não era regional desestimulando-as. Percebia-se a ociosidade das cooperadas e o desperdício dos alimentos nos quintais produtivos. A implementação do projeto possibilitou a geração de renda para as mulheres agricultoras familiares da Cooperativa Agropecuária de Alagoas – COOPAAL na direção do desenvolvimento sustentável e da agroecologia.
Descrição
A partir de uma inquietação das mulheres, foi realizada uma reunião de sensibilização com algumas lideranças da cooperativa, as mulheres da comunidade e a nutricionista. As mulheres faziam cursos de beneficiamento de produtos articulados pela cooperativa, porém a matéria prima utilizada não era regional desestimulando-as. Percebia-se a ociosidade das cooperadas e o desperdício dos alimentos nos quintais produtivos.
Após a sensibilização iniciou-se visitas às propriedades rurais e, além da produção dos quintais, observou-se o contexto social das mulheres. Na análise da infraestrutura existente, a nutricionista adotou uma postura a evitar qualquer tipo de constrangimento às famílias envolvidas.
Dentre os alimentos encontrados nos quintais produtivos encontrou-se: macaxeira, batata doce, abacaxi, laranja, caju, maracujá, manga, cacau, açaí, goiaba, banana, limão, melancia, milho, pimenta de cheiro, canela, coco, cajá, couve, coentro, cebolinha, tamarindo, feijão verde, inhame, coco.
O projeto de formação e desenvolvimento de produtos foi criado no sentido de valorizar a sociobiodiversidade local e as práticas tradicionalmente utilizadas pelas mulheres.
Inicialmente a proposta foi apresentada ao presidente da Coopaal e ao agrônomo, que junto com a nutricionista pontuaram a possibilidade de aumentar a produção de determinados itens, definir o tempo de colheita dos ingredientes e providenciar o plantio de novas culturas importantes para o desenvolvimento de produtos inovadores, tais como hibiscos, cará roxo, açafrão da terra.
Após esse planejamento, o projeto foi apresentado as mulheres cooperadas para validação e inicialmente realizou-se 20 oficinas nas casas das cooperadas. Dentre as temáticas trabalhadas na formação inclui-se: trabalho em equipe, limpeza e organização do ambiente, boas práticas de manipulação dos alimentos, técnicas culinárias e de conservação.
Para a viabilização das oficinas, as rotinas das mulheres precisaram ser alteradas, principalmente das mulheres que recepcionaram nas oficinas. As técnicas de preparação, conservação e as medidas caseiras foram adaptadas ao contexto social, com o objetivo de ser acessível a todos. Os ingredientes saíram da produção delas e os utensílios, basicamente os que elas já tinham. Apenas alguns itens foram comprados para a padronização das medidas e identificados para se tornarem acessíveis as que tinham dificuldades na leitura.
As receitas tradicionais foram aprimoradas ao padrão da legislação, a busca do mercado, visando a redução ou ausência de gordura trans, farinhas refinadas, sal e açúcar, ou seja, promovendo a alimentação adequada e saudável.
Dentre os produtos inovadores destaca-se o polvilho azedo a partir da massa puba, a pectina da casca de maracujá, a biomassa da banana verde. Ademais as técnicas de congelamento das polpas de frutas da safra, macaxeira e jaca verde.
Para definição das embalagens e das informações de rótulos estudou-se o shelf life – tempo que um alimento preparado permanece fresco e próprio para consumo.
Para a reforma da Casa de beneficiamento foi observada a legislação sanitária e a sustentabilidade. A água utilizada parte de uma nascente que foi revitalizada e protegida. Construiu-se um sistema de coleta e tratamento de água, com filtragem no início do processo e filtragem antes das pias de manipulação dos alimentos. Após uso na elaboração dos produtos, a água retorna ao ambiente, novamente filtrada, a ser utilizada na irrigação do plantio.
No desenvolvimento de novos produtos, a Coopaal busca atender ao mercado com alimentos mais saudáveis, inserindo grãos e outros ingredientes funcionais.
Na busca pela qualidade e padronização, a cooperativa possui ficha técnica de cada produto processado e realiza o monitoramento do produto final, priorizando a qualidade do produto comercializado. Os rótulos também são elaborados segundo legislação, incluindo a identificação do prazo validade.
Nas feiras locais, as produtoras realizavam vendas individuais de doces, bolo de macaxeira, massa puba e goma de tapioca. Com a Casa de beneficiamento, além das feiras locais, a COOPAAL vende por meio do PAA e PNAE. Na capital alagoana comercializa em feiras instaladas no shopping center e em outras instituições públicas e CEASA.
Foi uma das cooperativas idealizadoras do Projeto Roça Cooperativa, implementado pelo Sistema OCB/AL, e protagonizado por nove cooperativas alagoanas. O objetivo do projeto é auxiliar estas cooperativas na inserção de mercados e na produção agroecológica dos alimentos, visando um consumo saudável e sustentável. Através do projeto, a COOPAAL oferece produtos, segundo a sazonalidade e os dias festivos, no ponto de venda ou por encomenda aos cidadãos de Maceió - AL. As mulheres também pensam no uso responsável das embalagens. Elas dão desconto aos clientes, quando retornam as embalagens.
Recursos Necessários
- Espaço físico ajustado a legislação sanitária;
- Utensílios de cozinha e equipamentos;
- Embalagens recicláveis, biodegradáveis;
- Computador, impressora, etiquetas artesanais.
Inicialmente foi necessário R$ 15 mil para a reforma da agroindústria, R$ 15 mil dos equipamentos, R$ 5 mil dos utensílios, R$ 3 mil dos equipamentos e materiais de escritório, totalizando R$ 38 mil reais.
Resultados Alcançados
Hoje, a capacidade de produção mensal da Casa é de 140.000 kg/ano de doces e geleias, 4.000 kg/ano de produtos de panificação. A estruturação organizacional da cooperativa possibilitou as mulheres a inserção no mercado público e privado, gerando renda e melhorando as perspectivas socioeconômicas de toda a família.
A produção agroecológica despertou na sociedade alagoana, principalmente na capital, para os danos causados pelos agrotóxicos e sistemas de produção convencionais.
Dentre os produtos comercializados, encontra-se:
*Geleias extra (65% de polpa da fruta em média) -Abacaxi com pimenta, manga com maracujá;
*Doce -Banana com biomassa de banana verde, goiaba em calda, goiabada cascão cremosa, abacaxi em calda;
*Pães-Macaxeira, batata doce, inhame, batata doce roxa, todos com multigrãos e macaxeira, batata doce, inhame, todos com ervas;
*Bolos-Macaxeira, batata doce, massa puba, banana com e sem canela, massa puba com cenoura e abacaxi, macaxeira caramelizado, bolo de leite;
*Biscoito-Batata doce, broas de milho com goiabada;
*Salgados-Empada e Pastel de batata doce, macaxeira, inhame (70% de raízes) – com recheio de galinha e carne seca.
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