Objetivo
O programa tem como objetivo o incentivo à coleta seletiva de materiais, a redução do volume de resíduos encaminhados ao aterro sanitário, a promoção do combate à fome e à miséria e a sensibilização do cidadão quanto à importância da reciclagem de resíduos.
Problema Solucionado
O município de Santo André é o único da região do ABC a possuir um Aterro Sanitário Municipal. Ele foi aberto em 1986 e é um dos mais bem avaliados pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). Atualmente, 100% do resíduo úmido coletado na cidade, aproximadamente 630 toneladas por dia, é destinado ao aterro público municipal, que tem vida útil prevista para apenas 4 anos.
Além da problemática citada, outras adversidades impactam na gestão integrada dos resíduos sólidos, principalmente em comunidades vulneráveis nos assentamentos precários. Tais como: os pontos viciados de descarte irregular de resíduos, a baixa participação dos munícipes na coleta seletiva municipal e a dificuldade de acesso para coleta em algumas áreas.
Paralelamente aos obstáculos relacionados aos resíduos sólidos, há diversas questões que merecem atenção nos núcleos habitacionais, como, por exemplo, a insegurança alimentar e a dificuldade de acesso a alimentos in natura.
Descrição
A metodologia adotada pode ser dividida em três etapas: diagnóstico, mobilização e execução.
Diagnóstico
Inicialmente é definido o local onde será implantada a tecnologia. No caso de Santo André, qual núcleo habitacional receberá o Moeda Verde. A definição leva em consideração a população local, a existência de ponto de descarte irregular de resíduos e uma área adequada para realização das trocas, considerando espaço para estacionamento dos veículos.
Com o local definido, são identificados os possíveis parceiros no território, que podem ser escolas, agentes de saúde, associações de moradores, instituições religiosas etc.
É iniciado também um diagnóstico do ponto de descarte irregular de resíduos que visa entender qual a origem do resíduo, quais as oportunidades de melhoria do sistema público de coleta e as possibilidades de revitalização. Com o diagnóstico finalizado, são iniciadas as melhorias no sistema de coleta e é iniciado o projeto da revitalização. Apesar de uma etapa importante, a revitalização em geral é algo simples como a pintura de vagas de estacionamento, ou o plantio de mudas, mas que em conjunto com ações de sensibilização colabora para que os moradores tenham a sensação de pertencimento e passem a cuidar do espaço, mantendo-o limpo e organizado. Em Santo André, os Departamentos de Trânsito e Manutenção de Áreas Verdes são grandes parceiros para a execução das revitalizações.
Mobilização
Considerada uma das mais importantes etapas, a mobilização se inicia com um convite aos possíveis parceiros para participar de uma reunião realizada na própria comunidade, geralmente em um espaço público (escola, unidade de saúde etc.).
Depois que os parceiros do território onde a tecnologia social será aplicada são mobilizados e já conhecem como funciona o programa, é iniciada a segunda etapa de mobilização. Dessa vez, os moradores são convidados a participar de uma outra reunião, num espaço localizado na própria comunidade. Esse local pode ser público ou não, pois o importante é que seja comum à população, para que se sinta acolhida. O convite para a reunião é realizado porta a porta pela equipe do programa, mas também é feito pelos parceiros da maneira como costumam se comunicar com os moradores locais (aplicativos de mensagem, pessoalmente, reuniões, cultos religiosos etc.). Nesta reunião, a população é orientada sobre como funciona o Moeda Verde e como deve ser feita a separação dos resíduos, podendo sanar diversas dúvidas, além de ser informada sobre o local de realização das trocas e a data de lançamento da iniciativa. É um momento de aproximação, permitindo que a equipe do Moeda Verde e os moradores comecem a criar vínculos, o que é muito importante, principalmente porque as pessoas em situação de maior vulnerabilidade social se sentem distantes do serviço público. É na reunião que os moradores começam a entender que não estão somente inseridos na gestão de resíduos sólidos, mas que são peças fundamentais. Também é criado um grupo de WhatsApp para os munícipes participarem. Por meio do grupo, são divulgadas informações sobre o programa e os participantes têm a oportunidade de tirar dúvidas e dar sugestões.
A terceira etapa da mobilização é feita porta a porta. Os moradores são abordados em suas residências pela equipe do Moeda Verde para orientação de como funciona o programa, recebendo um convite para participar do lançamento.
Execução
No Banco Municipal de Alimentos, os alimentos hortifrúti são triados e embalados de quilo em quilo, e então são transportados até onde será implantada a tecnologia social. A agência móvel do Moeda Verde chega ao local da troca um pouco antes do horário previsto e a equipe organiza o espaço. Os moradores são organizados em fila e tem início o cadastramento dos participantes, através do preenchimento de dados básicos, como nome, CPF, RG, endereço e telefone. No horário combinado é iniciada a pesagem do material, sempre respeitando a fila.
Após a pesagem, o participante recebe dois informativos em papel: um com a data da próxima troca que será realizada no mesmo local e outro com a indicação do peso dos recicláveis e quilos de hortifrúti equivalentes. Os resíduos pesados são dispostos no veículo e o participante é direcionado ao caminhão com os alimentos, no qual um funcionário do programa recebe o comprovante de pesagem e entrega os alimentos ao morador, além de uma hortaliça, brinde unitário direcionado a todos participantes. Na primeira troca, o participante recebe também uma ecobag do programa, confeccionada pelo Núcleo de Projetos Especiais (NUPE), que realiza oficinas de geração de renda voltadas a pacientes da Rede de Atenção Psicossocial de Saúde Mental. Os materiais são produzidos através da reutilização de banners que seriam descartados.
Recursos Necessários
Os equipamentos necessários para implantação de uma unidade da Tecnologia Social são:
- Veículo para transporte dos resíduos recicláveis recebidos;
- Veículo para transporte dos alimentos que serão trocados;
- Balança para pesagem dos resíduos;
- Balança para pesagem dos alimentos;
- Redes plásticas para acondicionamento dos alimentos (a quantidade depende do número de pessoas participantes);
- Alimentos hortifrútis;
- Computador;
- Calculadora;
- Mesa dobrável;
- Materiais de escritório como caneta, prancheta, folhas de sulfite etc.
Quanto ao pessoal, são necessários 8 profissionais, sendo:
- 2 Motoristas;
- 4 ajudantes ou serventes gerais;
- 1 auxiliar administrativo;
- 1 coordenador responsável.
Resultados Alcançados
Presente em 26 comunidades e com 6 anos de existência, o Moeda Verde entregou até outubro de 2023 256,48 toneladas de alimentos hortifrúti. Quanto aos resíduos, até a mesma data recebeu 1.282,24 toneladas de recicláveis. Em 2022, foram recebidas 340 toneladas de resíduos recicláveis através do programa, representando 4% do total de 9.157,75 toneladas coletadas pelo município no mesmo ano.
De acordo com o estudo gravimétrico dos resíduos do município realizado em 2022 e publicado pelo Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André - Semasa, o material recebido no Moeda Verde é o de melhor qualidade entre os resíduos recicláveis recebidos pelo município, comprovando que o programa é um instrumento de educação ambiental que sensibiliza os moradores quanto à importância da reciclagem, melhorando a qualidade ambiental do local e contribuindo com a valorização dos resíduos recebidos nas cooperativas.
Foram revitalizados 5 pontos de descarte irregular de resíduos nas regiões onde a Tecnologia Social é aplicada. As ações permitiram, além da requalificação dos espaços, a economia de dinheiro público com a limpeza. Antes das intervenções, eram gastos anualmente R$ 1.013.000 com a limpeza. Atualmente são gastos R$ 120.500,00 o que representa uma queda de 80% deste valor.
Somente em 2022, quase 27 mil pessoas foram impactadas diretamente pelo programa e, indiretamente, cerca de 100 mil pessoas. Ou seja, o Moeda Verde impactou positivamente na vida de quase 15% da população de todo o município. Número significativo, especialmente porque o programa se tornou lei em novembro de 2022, tornando-se uma política pública do município.
O programa ainda serviu de inspiração para outros municípios, como Francisco Morato, Amparo, Mauá e São Caetano, que implantaram projetos semelhantes baseados na iniciativa de Santo André. Fato que demonstra que, além de ser uma Tecnologia Social de sucesso, ela ainda pode ser replicada ajustando-se à realidade de cada município.
Como resultado qualitativo baseado na percepção da equipe do Moeda Verde, é importante citar a aproximação entre o morador de núcleo habitacional e o serviço público, visto que o programa permite que os moradores e os servidores mantenham constante comunicação. Assim é possível que questões referentes a temas relacionados ao Moeda Verde sejam rapidamente verificadas, fator positivo tanto para a comunidade, quanto para o serviço público, que passa a contar com um apoio local muito maior.
Público atendido
População em geral
Catadores material reciclavel
Famílias de baixa renda
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Adolescentes Protagonistas
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