Objetivo
Redução da vulnerabilidades socioambientais, através da construção de um conhecimento gerado a partir da participação comunitária na identificação de riscos/ameaças e vulnerabilidades presentes no ambiente - natural e construído, suas causas, consequências, agentes responsáveis, e de atitudes individuais e ações coletivas.
Qualificação da percepção de risco promovida pela troca saberes, valorizando o conhecimento local.
Problema Solucionado
Os assentamentos precários englobam uma parcela da população que normalmente está mais exposta aos desastres pois vivem em áreas ocupadas desordenadamente e muitas vezes impróprias para habitação.Esta população normalmente está exposta a ameaças relacionadas a eventos naturais,como também a situações de risco originadas da inadequada ocupação do território,com ações antrópicas que podem ser responsáveis pela geração e/ou potencialização dos desastres.A solução adotada envolve um ciclo socioeducativo para redução de vulnerabilidade associada a riscos,a partir da identificação dos mesmos,da indução de reflexões sobre as causas e responsabilidades,bem como sobre ações e atitudes,no âmbito individual e coletivo,que colaborem para redução dos possíveis impactos.A abordagem desenvolvida busca qualificar a percepção de risco da população exposta,bem como empoderá-la de conhecimento,fortalecendo a participação coletiva.A mesma é composta por um conjunto de técnicas aplicadas sequencialmente,articuladas entre si com a finalidade de construir um conhecimento integrado entre equipe multidisciplinar e comunidade,valorizando o saber popular sobre o contexto no qual a comunidade está inserida.
Descrição
A tecnologia social proposta aqui será apresentada a partir das técnicas aplicadas na comunidade de Ilha das Flores, localizada no município de Porto Alegre dentro da área de preservação ambiental do Delta do Jacuí. Salienta-se, porém, que a mesma já foi aplicada em outras comunidades, podendo ser adaptável às características específicas de cada local. Sensibilização e mobilização: Promovem a integração entre equipe técnica e moradores, estabelecendo vínculos necessários para o desenvolvimento do trabalho, bem como preparam o grupo para os diferentes momentos do trabalho e fortalecem o processo participativo. Caminhadas comunitárias: são caminhadas realizadas em conjunto com moradores e equipe técnica. Esta técnica permite que a equipe multidisciplinar aprofunde o conhecimento sobre o espaço geográfico, identificando os cenários de riscos, os recursos e instalações públicas, forma de ocupação, hábitos e cultura local. A partir disso é possível compreender algumas relações de conflito existentes e como os moradores se relacionam com os aspectos voltados aos riscos. Elaboração da Linha da Vida: promove uma sistematização do histórico da comunidade, a partir de um conjunto de registros eleitos pelos moradores como significativo nas questões relacionadas à ocupação e situações de risco. Com a valorização da memória coletiva espera-se o fortalecimento da identidade do grupo. Esta técnica também busca sensibilizar os participantes para o estabelecimento de vínculos sócio afetivos, além de fortalecer a autoestima, afirmar valores e, indiretamente expressar desejos e expectativas de vida. Identificação de Elementos do Ambiente: técnica que favorece o processo de caracterização do ambiente natural e construído da comunidade a partir da identificação de elementos presentes em seu cotidiano, em suas moradias, no entorno imediato e no assentamento precário. Formulação de Mapa Interativo: Técnica para elaboração e/ou complementação dos riscos identificados a partir da percepção dos moradores, promove a localização dos mesmos no mapa, relacionando-os com suas prováveis causas. A técnica utiliza como instrumento de trabalho um mapa da comunidade, sendo que o mesmo pode ser extraído de imagens do Google Earth, fotografias aéreas, imagens de satélite, levantamentos cadastrais, ou até mesmo ser construído pelos próprios moradores a partir de desenhos. O importante é utilizar os instrumentos de trabalho disponíveis para a comunidade em questão. Painel Interativo Causas/Responsabilidades e Ações/Atitudes: promove reflexões sobre as causas dos riscos e as responsabilidades sobre os mesmos, bem como as ações e atitudes necessárias para o enfrentamento e minimização das situações de riscos identificados. Jogo cooperativo riscos-causas-responsáveis: a partir da análise da percepção de risco dos moradores, este jogo é mais uma estratégia de capacitação que busca complementar e aprofundar esta percepção, trazendo novos elementos e unindo os saberes popular e técnico-científico para uma visão ampliada dos riscos socioambientais. Dinâmica de grupo “Ações e atitudes”: a partir de um olhar integrado dos riscos da comunidade, bem como suas possíveis causas e responsáveis, utiliza-se uma dinâmica para promover discussões em grupos com o objetivo de eleger algumas soluções para os riscos. Além de garantir o registro destas informações, a dinâmica busca estimular a capacidade de se manifestar publicamente, através da apresentação do trabalho do grupo. Esta técnica reforça o trabalho participativo e os motiva a serem mais ativos na apresentação de suas propostas. Importante salientar que as técnicas são intercaladas por um acompanhamento multidisciplinar para monitorar objetivos e resultados. Para isso, a equipe técnica também elabora diários de campo, anotando as principais impressões e observações técnicas sobre o que está sendo expresso pela comunidade, bem como o visualizado em campo.
Recursos Necessários
Computador desktop, Notebook, Projetor multimídia, Tela de projeção, Impressora, Máquina fotográfica, Filmadora, Gravador portátil, GPS, Tablet, Uniforme (identificação da equipe), Flipchart, Quadro Branco, Software gráfico (CorelDraw) pacote office e google Earth, Linha telefônica fixa e móvel e acesso a internet, Material de expediente para atividades diárias e oficinas, Materiais pedagógicos (incluindo impressão gráfica).
Resultados Alcançados
A identificação e mapeamento dos riscos através do olhar da comunidade,bem como a complementação através do olhar técnico multidisciplinar,contribui para empoderar a comunidade de conhecimento sobre a ocupação daquele território.A área onde está localizada a Ilha das Flores está passando por um período de indefinições,visto que as diretrizes referentes ao uso e ocupação do solo estavam sendo colocadas em discussão através da elaboração do Plano de Manejo,coordenado pelo Governo Estadual. Diante disso, muitas eram as dúvidas dos moradores sobre a possibilidade de permanecer no local de moradia. A metodologia proposta permitiu que os moradores compreendessem as condições de risco aos quais estavam expostos, sendo que muitas delas não estavam necessariamente relacionadas a eventos naturais,mas sim a fatores antrópicos,como a ocupação da faixa de domínio da BR-290,doenças provocadas pela água poluída do rio,riscos de incêndio devido à precariedade da rede elétrica,entre outros.A compreensão dos riscos por parte dos moradores foi comprovada através das proposições feitas no painel ações e atitudes sobre formas de enfrentamento.Os resultados também podem ser visualizados através da motivação do grupo de moradores,representada através da frequência nos encontros, adesão às técnicas, receptividade,envolvimento,comprometimento e manifestações de apreço nos depoimentos espontâneos.A equipe técnica da área social identificou também sentimentos de valorização,tanto no âmbito individual como coletivo do grupo, promovido pelo respeito a sua história, anseios e projetos para o futuro.O exercício de liderança promovido pelas técnicas contribuiu na melhoria da expressão de ideias pessoais dos moradores e a forma de se posicionar perante os demais.Identificou-se uma melhoria da participação comunitária (maior número de presentes) em encontros promovidos para discutir sobre a comunidade, como reuniões do próprio Plano de Manejo.Este resultado foi comprovado pelos depoimentos do presidente da associação de moradores, que se manifestou positivamente em relação à efetividade da mobilização.A parceira com a ONG Redecriar foi aprofundada, produzindo desdobramentos que evidenciaram resultados do aprendizado do grupo de moradores a respeito das formas de reduzir suas vulnerabilidades frente aos riscos identificados, expressos na criação de maquetes.Novas parcerias estão se constituindo com o grupo de moradores, contribuindo com reflexões p/ o direito à moradia segura (jurídico).
Público atendido
Lideranças comunitarias
Famílias de baixa renda
Mulheres
Outros
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