Problema Solucionado
A elaboração da metodologia de incubação justificou-se pela necessidade de aperfeiçoamento permanente nos processos realizados, bem como a busca de alternativas para a alta rotatividade do público vinculado aos empreendimentos assistidos, o que implicava em um retrabalho das ações para dar conta da vacância destes indivíduos e pela até então, falta de uma metodologia suficientemente detalhada e de consenso, que orientasse o passo a passo e que fosse portadora de indicadores que servissem de subsídio para medir o grau de maturidade de cada empreendimento. Ademais, considerava-se importante orientar as ações da incubadora para que ela conseguisse desenvolver todo o ciclo formativo para os integrantes dos empreendimentos, visando atingir o processo de graduação do grupo de forma qualificada.
Descrição
A tecnologia social caracterizada na metodologia de incubação de empreendimentos econômicos sociais compreende as etapas da pré-incubação, da incubação e da pós-incubação.
A etapa de pré-incubação compreende três estágios, que são: o estágio da sensibilização, da prospecção e da seleção dos grupos. É no estágio da sensibilização que ocorrem os primeiros contatos com o público interessado, envolvendo os segmentos em vulnerabilidade social ou grupos interessados em se fortalecer em uma atividade econômica. Para além deste público, também podem fazer parte agentes públicos e de entidades representativas da sociedade. É relevante destacar que, a identificação do público alvo ocorre de diversas formas, como em fóruns de economia solidária, demandas originadas de diversas fontes, que chegam até a incubadora ou, ainda, aquelas identificadas junto ao poder público municipal.
Quanto ao estágio da prospecção são desenvolvidas duas fases de significativa relevância. A primeira compreende um instrumento de coleta de dados para o diagnóstico social e econômico da realidade de cada indivíduo interessado na constituição do empreendimento.
Na segunda fase é realizado um diagnóstico do novo empreendimento ou já existente, por meio de um instrumento de coleta de dados. No caso, são consideradas as habilidades individuais dos sujeitos envolvidos, bem como a aspiração de atividade para a futura constituição de associação, discutindo aspectos como: localização, infraestrutura, equipe, recursos financeiros, processo a ser desenvolvido, produto ou serviço oferecido, além de mercado potencial.
No terceiro estágio da pré-incubação acontece a seleção do empreendimento para a etapa de incubação, sendo firmado o contrato de incubação com o empreendimento a ser incubado. Com relação ao associado, é exigida a assinatura do termo de interesse de participação na associação bem como da ficha cadastral. Ao final desta fase é necessário identificar o grau de maturidade de cada empreendimento coletivo e individual.
Na etapa de incubação, o foco do trabalho concentra-se para a organização do empreendimento. Neste estágio é importante levantar modelos de estrutura organizacional para EES, visitas a empreendimentos já consolidados, bem como são realizados encontros e reuniões para apresentação, discussão, definição e elaboração de instrumentos de gestão. Exemplo disso é a elaboração de Estatuto, o organograma e, se pertinente, o regimento interno e tratativas para legalização e formalização da constituição jurídica dos empreendimentos, como CNPJ, alvarás, licenciamento e demais documentos que são necessários para a obtenção de certidões, com a finalidade de regularizar o funcionamento da atividade.
Na sequência, inicia-se o processo de formação e qualificação para os empreendimentos econômicos solidários, planejando-se as capacitações e oficinas de formação, as quais orientam as práticas definidas, constituindo os parâmetros que servem de base para o monitoramento dos resultados.
O próximo passo a ser executado é a elaboração do plano de negócio do empreendimento coletivo. Isto pode ser desenvolvido a partir de estruturas de plano de negócios de domínio público relacionados à Economia Solidária. Após, prossegue com a realização de encontros e reuniões para apresentação, discussão e elaboração final do plano de negócios. Com o plano de negócio concluído, é possível avançar para buscar alternativas de formalização, considerando o tipo de empreendimento, o qual pode ser associação ou cooperativa.
É importante identificar se a infraestrutura física existente atende as necessidades das atividades do coletivo, se a institucionalização, legalização e formalização são evidenciadas na prática da autogestão. Também se as condições financeiras viabilizam as atividades do EES e se as atividades atendem a dimensão social e econômica dos associados e ainda, se a participação e o relacionamento interpessoal são mediados por instrumentos de autogestão.
A terceira etapa compreende a Pós-incubação, se constituindo no monitoramento do desempenho do empreendimento, que ocorre por meio de reuniões dos grupos graduados, momento no qual é preenchido um formulário que explicita os indicadores estabelecidos no plano estratégico. Estas informações servem de referência para um feedback da metodologia implementada.
Recursos Necessários
Estrutura física, sala com 12m² equipada com computador, impressora, telefone, equipamentos audiovisuais, internet e ainda, sala multiuso apropriada disponível para reuniões e formações. Também é necessário a disponibilidade de veículos para deslocamentos.
Material de expediente e didático necessário para desenvolver as atividades.
Resultados Alcançados
A experiência de tecnologia social fundamentada pela metodologia do processo de incubação para empreendimentos econômicos solidários já vem sendo discutida e testada, ao longo dos anos, pela equipe da Itecsol, com o objetivo de sistematizá-la e disponibilizá-la aos envolvidos com o movimento de Economia Solidária.
Desta forma, buscou-se estruturar os processos com base nos registros existentes. Ademais, respeitou-se a replicação do processo metodológico em diversos segmentos da Economia Solidária, como o do artesanato, reciclagem, agricultura familiar, corte e costura. Atualmente estão sendo acompanhados com a metodologia social os seguintes segmentos:
- Da reciclagem diretamente 30 famílias e indiretamente um público de 80 pessoas;
- Do artesanato e corte e costura diretamente 43 famílias e indiretamente um público de 80 pessoas;
- Da agricultura familiar diretamente 22 famílias e indiretamente um público de 40 pessoas.
No segmento da reciclagem podemos citar um dos avanços identificados em atividade de formação que revelam a evolução dos processos e resultados do grupo, conforme dados abaixo.
As pessoas envolvidas com os empreendimentos têm se manifestado de forma positiva quanto aos impactos e resultados no grupo e nos empreendimentos acompanhados pela Itecsol. Outro fator que pode ser observado com o passar do tempo que as pessoas envolvidas mesmo quando não permanecem no coletivo dos grupos tem-se destacado em atividades externas conseguindo desta forma dar continuidade na atividade de geração de renda e na conquista de oportunidades que são pré-requisitos para o exercício da cidadania.
Portanto, como este processo metodológico é o resultado de várias práticas realizadas, as quais estão sendo monitoradas e adequadas aos diferentes empreendimentos assistidos e acompanhados pela equipe da Itecsol Unijui. É possível defender que esta metodologia é uma contribuição para o movimento da Economia Solidária, além do mais, ela pode ser replicada por outras incubadoras e agentes sociais, porém levando em consideração as características socioeconômicas de cada território e empreendimento.
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