Objetivo
Criar oportunidade de aprendizado do artesanato e bordado como forma de socialização e geração de renda.
Dar visibilidade ás artesãs locais e ao trabalho produzido.
Ensinar estratégias de empreendedorismo para o artesão local.
Criar uma marca forte que valorize a história das mulheres da periferia do Alto Vera Cruz.
Contribuir de forma singular para a socialização, aprendizado e a convivência comunitária feminina de mulheres idosas.
Problema Solucionado
Como resultado dos encontros promovidos por Valdete Cordeiro, muitas mulheres passaram a não consumir remédios destinados à depressão e falta de sono que era de uso constante e exagerado pelas mulheres da comunidade do Alto Vera Cruz em Belo Horizonte.
Foi conversando, contanto seus problemas mais íntimos e histórias, realizando artesanatos, cantando, dançando e repartindo os saberes que o grupo, hoje reconhecido por vários seguimentos das ciências humanas, educacionais e culturais veem neste um modelo a ser replicado em grupos que trabalham com mulheres e pessoas idosas, o respeito mútuo, a valorização do saber e o empoderamento comunitário a partir do seu próprio saber, como atitudes que fortalecem o ser humano e podem provocar modificações profundas no ser humano independente de sua classe social e gênero, como foi no caso de várias integrantes que foram curadas de males psicológicos graves e consequentemente melhoraram fisicamente, emocionalmente e intelectualmente ao se sentirem valorizadas como parte de um todo atuante e, que poderiam esperar por algo a mais na vida, além do sofrimento e rejeição com que estavam acostumadas.
A produção artesanal, retomada em 2016 obteve importantes resultados de comercialização de produtos. Porém ainda necessita de mais impulsionamento para seu fortalecimento e definição como grupo de mulheres produtoras da comunidade.
Descrição
O projeto foi fundado em meados dos anos 90, por Valdete da Silva Cordeiro, uma militante dos direitos civis. Na época, Valdete passava em frente ao posto de saúde do aglomerado Alto Vera Cruz, em Belo Horizonte, e olhava mulheres saindo com sacolas de remédios e antidepressivos. “Elas tomavam remédio para comer, para dormir, para preocupação, enfim, para viver, e isso me entristecia. Então, comecei a conversar com elas, que me diziam que tomavam remédio porque se sentiam angustiadas, tristes. Comecei a notar que precisavam melhorar a autoestima e cuidar mais de si mesmas”, explica Valdete (07/09/1938 – 14/01/2014).
Para ajudar, ela resolveu chamá-las para um bate-papo semanal. No início, foi tudo muito difícil. “Elas diziam que tinham mais o que fazer, uma até chegou a me dizer que o tanque dela estava cheio de roupa para lavar.” No começo eram somente quatro, e essas quatro começaram a influenciar outras mulheres. Além da conversa semanal, uma passava para a outra aquilo que sabia fazer: fuxico, tapete, bichinhos e bonecas. Era uma terapia e elas ganhavam um dinheirinho extra também. Mas o principal objetivo das reuniões ainda não havia se cumprido: as mulheres continuavam fazendo uso de antidepressivos. Com a implantação da expressão corporal para idosos, Valdete incluiu movimento, dança e teve a certeza que havia acertado. Os encontros continuavam três vezes por semana. Às segundas e quartas, elas faziam expressão corporal e às sextas-feiras, relembravam brincadeiras de infância como chicotinho queimado, passa anel, barra manteiga e brincadeiras de roda. Muitas delas não tiveram a oportunidade de brincar quando criança devido ao trabalho precoce e, agora podiam curtir sua infância tardia. Nesta época o grupo semanal era de 50 mulheres.
Inicialmente o grupo se chamava Lar Feliz e foi com esse nome que ocorreu a primeira apresentação para um público de duas mil pessoas em uma festa de rua no bairro Alto Vera Cruz. “Nesse evento teve várias apresentações de grupos de capoeira, dança afro, hip hop, essas coisas de jovens. Quando elas viram aquelas garotas lindas em cima do palco dançando, as senhoras do grupo falaram: ‘Não vamos subir lá de jeito nenhum’. Dona Isabel chegou a dizer: ‘Morro de medo de rirem de mim’. Decididas, pensaram em desistir e ir embora do local”, relembra Valdete, que se manteve firme com palavras de incentivo. “Vamos, gente, vai ser bonito, todo mundo vai gostar.” Mas ninguém queria subir ao palco, até Valdete começou a ter receio de ser vaiada. Enfim, lá estavam aquelas senhoras no palco. “Quando nós subimos, houve aquele silêncio, a gente escutava até o barulho dos carros passando. Pensei: ‘Meu Deus, depois desse silêncio, o que virá?’ Então fizemos a expressão corporal. A gente só escutava coisas como ‘eu não consigo fazer aquilo que elas fazem’. Quando terminou, fomos aplaudidas e muita gente chorou porque nunca tinha visto gente idosa fazendo essas coisas bonitas.” Dona Isabel, feliz, chegou a exclamar: “Você viu, agora nós somos artistas!”. O canto então foi mais fortemente integrado ao grupo e, a comunidade solicitava para quase tudo a intervenção das Meninas, seja para protestarem contra o lixo na esquina, como para inauguração de escolas, praças etc. A fama das cantadeiras do Alto Vera Cruz foi crescendo e desceu o morro, alcanço a cidade, o Estado e o Brasil e em 2012 foi parar na Polônia. Desde 1996 o grupo também se empenha em visitar creches, escolas e instituições de longa permanência para idosos (ILPI’s) na difusão das brincadeiras, cantigas de roda através de duas oficinas que promovem (Balaio de Sinhá e Brincando e Marcando Ponto).
Desde 2006 o grupo promove em sua cidade e em sua sede oficinas protagonizadas por suas integrantes e ainda outras oficinas oferecidas gratuitamente para a comunidade, com professores de instrumentos musicais (flauta, violão, viola, percussão) e também de artesanato e canto. Visitam escolas realizando um trabalho interdisciplinar com os professores e alunos. Recebem pesquisadores de diversas áreas. Influenciam a criação de outros grupos de mulheres, influenciam grupos de idosos, influenciam projetos para idosos, enfim, por onde passam deixam marcas profundas e uma inquietude que fortalece e promove mudanças. Lembramos que, em meados dos anos 90 não existia em BH nenhum projeto que se dirigisse ao público idoso, logo, o grupo de Dona Valdete, ao fundar o Grupo Meninas de Sinhá, influenciou toda a cidade que hoje, pode se orgulhar de ser um dos maiores berços de projetos que envolvem tal público. E, desde 2014 com seu falecimento, procuramos caminhos para alargar os horizontes com os produtos artesanais produzidos desde 2016.
Recursos Necessários
Um local cedido gratuitamente para realização de pelo menos 2 encontros semanais, este local deve ser coberto e ventilado, apto para receber inclusive pessoas com idade avançada e mobilidade reduzida, com cadeiras inclusive reforçadas, mesas para realização de atividades artísticas; espaço adequado para realização de atividades corporais como ginástica e dança, sonorização básica ambiente.
Material para oficinas de artesanatos como: tesouras, papéis diversos, tecidos, lápis de colorir, canetinhas, giz de cera, tinta à base de água, pincéis etc
* No valor estimado abaixo sugerimos um acompanhamento desde a sua implantação até a aceitação do próprio grupo de seu destino sociocultural em sua comunidade, destacando suas próprias opções de abordagem, não sendo necessariamente música, poderia ser teatro, artesanato, dança, contação de história. E imprescindível aceitar e compreender que cada comunidade tem a capacidade de escolher qual caminho seguir e isto virá com o tempo de trabalho. Já conhecemos comunidades em Araçuaí, que tinham um grupo de mulheres que cuidavam de hortas comunitárias e isto uniu a comunidade e fortaleceu laços familiares e de compromisso social.
Resultados Alcançados
O grupo sobrevive de doações de um grupo de amigos e fãs, e da venda de seus produtos (CD´s, DVD, Shows e Oficinas) sendo que no caso de shows e oficinas a verba é dividida com cada integrante que participa do mesmo e outra parte paga outros custos e pessoal.
Ao longo desta caminhada percorremos até o momento 30 cidades brasileiras.
Influenciamos positivamente mais de 30 mil pessoas no Brasil
Influenciamos positivamente mais e 10 mil pessoas no exterior
Realizamos mais de 150 shows e mais de 50 oficinas
Mais de 60 mulheres já passaram pelo grupo
Visitamos mais de 200 escolas (com bate-papo, depoimentos, shows e oficinas)
Contamos pra mais de 500 universitários a nossa história
Atendemos mais de 30 crianças e jovens com oficinas de musicalização
Atendemos mais de 60 idosos anualmente através de oficinas variadas
Participamos de importantes eventos como TEDxBH, Brave Festival, Música Brasil, Arte Bonequeira e Popular do SESC-SP, Idoso Protagonista SESC-SP, Luta Antimanicomial
Restauramos a saúde emocional e vida social de mais de 20 integrantes
Promovemos a restauração familiar de mais de 10 famílias de integrantes
Através das atividades, temos assiduamente integrantes com doenças graves como insanidade mental, depressão, câncer e, ainda outras que, independente de artroses, bursites, diabetes e outras doenças, chegam e vão para repartir o que tem de melhor, elas mesmas, com suas fortes e emocionantes histórias de vida.
Público atendido
Idosos
Famílias de Baixa Renda
Mulheres
Organização Não Governamental
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