Problema Solucionado
No Brasil, a maior parte das cidades carece de sistemas adequados de tratamento de esgoto, o que causa contaminação das águas subterrâneas e superficiais, um dos maiores problemas ambientais e de saúde pública. Na bacia hidrográfica do Rio dos Sinos são gerados mais de 215mil m³ de esgotos domésticos diariamente. Menos de 10% deste volume é tratado antes do lançamento nos cursos d’água. Neste cenário, os jardins filtradores despontam como alternativa de saneamento de fácil acesso econômico e social. Até o momento, foram implantadas unidades em centros de educação ambiental, escolas e propriedades rurais que são referência para multiplicação destas práticas. Pelo monitoramento feito nas unidades, houve remoção acima de 80% para coliformes fecais (E. coli) e acima de 90% da carga orgânica (DBO). Atualmente, os estudos e objetivos deste projeto visam expandir as ações para outras comunidades, rurais e urbanas, como forma de sanar ou reduzir a carga orgânica e patogênica destinada ao ambiente.
Descrição
A disseminação de tecnologias de saneamento simples e descentralizadas pode ser uma alternativa para sanar a falta de tratamento de esgoto no Brasil. O tratamento de esgoto com plantas existe à centenas de anos, sendo difundido e popularizado em diversos países do mundo. Consiste basicamente em leitos impermeabilizados, preenchidos por substratos de brita e areia e vegetado com macrófitas aquáticas. O esgoto é destinado para estes filtros, onde os substratos retêm a poluição que é depurada pelas plantas. Após passagem pelos sistemas a água pode ser devolvida limpa para natureza, sem oferecer riscos de contaminação do ambiente ou danos à saúde humana. As unidades já implantadas e monitoradas apresentaram desempenho satisfatório na remoção da carga orgânica, turbidez e estabilização do pH. Os sistemas atenderam a legislação em todas as médias do esgoto tratado para DBO, DQO, Turbidez e pH, comprovando sua eficiência.
Passo-a-passo da implantação:
a) Diagnóstico do local de implantação, inventário de recursos e usuários do sistema;
b) Abertura dos leitos (Escavação);
c) Implantação do sistema de impermeabilização;
d) Instalação do sistema de drenagem (Tubulações e brita);
e) Preenchimento do filtro fino (areia);
f) Preenchimento do filtro grosso (brita)
g) Instalação do sistema de distribuição do esgoto;
h) Cobertura do sistema de distribuição do esgoto (brita);
i) Plantio das macrófitas.
O Instituto Ambiental Daterra é parceiro do Projeto VerdeSinos, coordenado pelo Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos – COMITESINOS, que mobilizou diretamente mais de 17mil pessoas entre 2014 e 2016, em ações que possibilitaram qualificação e implantação de soluções ambientais com o intuito de contribuir com as condições de qualidade e quantidade das águas. Com 41 entidades parceiras, o VerdeSinos tem o potencial de alavancar a participação social, assegurando pelo menos 10 (dez) espaços beneficiados. Tais espaços deverão estar habilitados e comprometidos com a disseminação da tecnologia social, podendo ser: instituições de ensino, pequenas comunidades através de suas formas de organização social, centros de educação ambiental, propriedades privadas voltadas ao lazer e turismo (desde que empenhadas para a multiplicação didática da tecnologia de jardins filtradores).
A participação ativa de, no mínimo, 20 (vinte) pessoas por espaço beneficiado se dará desde a identificação da necessidade e do potencial multiplicador, passando pela qualificação teórica, depois a construção propriamente dita, funcionamento, ajustes e monitoramento (prática e discussão conjunta dos resultados). É desejável o envolvimento direto de mais pessoas nas diferentes etapas.
O Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social 2017 possibilitará a edição, impressão e distribuição de manual técnico-didático sobre jardins filtradores, a ser utilizado durante e após as atividades para disseminação da tecnologia social.
Recursos Necessários
A tecnologia proposta permite diversas configurações, podendo ser empregada de formas mais simples ou complexas, em termos de materiais requeridos, conforme a situação em que se aplica. De forma geral, emprega-se sistemas convencionais de fossa séptica e filtro anaeróbico para pré tratamento do esgoto, seguidos pelos jardins filtradores, tema central da proposta. Os jardins filtradores devem contar com sistema de impermeabilização (geralmente empregando geo-membrana, alvenaria ou caixas d’água), sistemas de tubulações para entrada e saída do esgoto e preenchimento do filtro com camadas de brita e areia (Cerca de 0,5 m³ de brita e 0,3 m³ de areia por m² de filtro). A vegetação empregada é geralmente obtida no local da implantação. A área necessária é de cerca de 1 metro quadrado por pessoa. A construção é simples e requer treinamento básico, não precisando de mão de obra especializada.
Resultados Alcançados
Até o momento, o Instituto Ambiental DaTerra implantou 10 unidades de tratamento de esgoto empregando jardins filtradores, em cursos e oficinas visando a capacitação de pessoas para construção e multiplicação da tecnologia. Destas unidades, 5 (cinco) foram viabilizadas pelo Projeto VerdeSinos, patrocinado pela Petrobras até 2016, e monitoradas através da análise dos efluentes tratados para comprovação da eficácia dos sistemas. Ao todo, mais de 9mil pessoas foram contempladas pelos cursos e oficinas. Em conjunto, as estações tratam efluentes gerados por mais de 600 pessoas/dia que frequentam os locais de implantação de forma permanente ou esporádica.
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