Objetivo
Promover o uso de terrenos públicos ociosos com o envolvimento da comunidade no projeto de hortas comunitárias.
Problema Solucionado
No setor urbano encontram-se muitas áreas públicas sem uma destinação social eminente, tornando-se depósitos de entulhos e focos de contaminação. Ao mesmo tempo várias famílias carentes vivem em extrema pobreza margeando essas áreas. Com a implantação da horta comunitária faz-se o aproveitamento racional do uso do solo urbano para a produção de alimentos que servirão para as famílias em situação de vulnerabilidade social e nutricional, solucionando seu problema de fome, bem como o de geração de renda com a venda do excedente.
É o que está acontecendo em Maringá, onde nós temos cerca de 430 famílias participantes e mais de 2000 pessoas sendo beneficiadas direta e indiretamente com o projeto. Além disso, está sendo verificado que pessoas idosas, aposentados e desempregados estavam se sentindo ociosos, em alguns casos até mesmo deprimidos e passaram a se interessar e se dedicar às atividades da horta, resolvendo graves problemas de saúde pública. O envolvimento dos integrantes na produção da horta permite a participação de todos os componentes de sua família gerando um vínculo mais estreito com espírito de união e trabalho.
Descrição
A ideia é promover o uso de terrenos públicos ociosos com o envolvimento da comunidade no projeto de hortas comunitárias, promovendo parcerias com empresas públicas, privadas e organizações não governamentais que estejam focados no projeto que visa a promoção da saúde através da produção agroecológica de verduras, legumes e frutas que vão compor a dieta alimentar das famílias de baixa renda que participam das hortas.
A experiência prática do profissional de agronomia com suporte da Universidade Estadual de Maringá (UEM),o envolvimento de entidades sociais da rede pública e privadas, como os Centro de Referência em Assistência Social (CRAS), a Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistênciais, o Rotary Club Maringá Sul e as associações de moradores dos bairros confere solidez ao projeto.
A metodologia adotada é a seguinte:
- Primeira etapa: mobilização da comunidade. Iniciando pelo contato com o presidente do bairro, considerado uma peça chave no processo pois conhece todos os moradores e sabe quem pode vir a participar. Já neste contato fazemos um questionamento com o mesmo para indagar se ele sabe onde existe um terreno público no seu bairro que possa instalar uma horta. Por meio dele é feito a primeira divulgação do projeto no sistema boca a boca. Em seguida é feita a divulgação do projeto nos CRAS e posto de saúde convocando a comunidade para uma reunião;
- Segunda etapa: realização de reuniões técnicas. A primeira reunião tem como principal objetivo esclarecer aos interessados como funciona a projeto de hortas comunitárias. Na segunda reunião é realizada uma excursão com todos os interessados visitando as hortas já implantadas para que vejam como funiciona. Na reunião seguinte constitui-se o grupo de liderança da hora: presidente, vice presidente, secretário e tesoureiro. Nessa mesma ocasião é estabelecido o estatuto da horta e uma taxa de manutenção onde todos deverão contribuir para a sustentabilidade da horta. Paralelamente a horta vai sendo construída pela prefeitura e na última reunião é feito o sorteio dos canteiros por família;
- Terceira etapa: assistência técnica. A equipe técnica da prefeitura, composta de 1 engenheiro agrônomo e 2 auxiliares e mais a equipe do Centro de Referência em Agricultura Urbana e Periurbana (CERAUP) prestam a assistência técnica, orientando e monitorando todos os trabalhos que os participantes estarão realizando a partir da inauguração da horta. Os insumos (sementes, mudas e adubo orgânico), máquinas e implementos são fornecidos pela prefeitura e pelo CERAUP;
- Quarta etapa: realização de reuniões mensais. Constituída e organizada a horta comunitária, seus membros e a equipe técnica escolhem uma data e mensalmente se reunem para resolver os problemas e dirimir qualquer dúvida quanto o pleno funcionamento do projeto.
Todo o processo de implementação conta com a mão de obra da equipe técnica da prefeitura e membros da comunidade, que participam juntos da instalação da horta exercendo as seguintes atividades: reunião com a comunidade; capina e preparação do solo; cercamento do local; adubação; confecção de canteiros; fornecimento de mudas e sementes. Ou seja, da organização geral e distribuição dos canteiros por famílias participantes e sua entrega à comunidade.
Recursos Necessários
A composição de custos de implantação da horta comunitária se resume em:
- Cercamento da área.................R$ 8.565,80;
- Malha de irrigação....................R$ 15.380,40 (incluindo a perfuração de um poço artesiano como garantia do fornecimento de água);
- Mudas.....................................R$ 900,00 (para o plantio inicial da horta - posteriormente as mudas serão feitas na horta);
- Sementes................................R$ 2.773,00;
- Adubação orgânica...................R$ 4.800,00;
- Total Geral...............................R$ 32.419,20.
Esse valor corresponde a uma unidade da horta comunitária para atender a cerca de 50 famílias. O gasto com a energia elétrica e com o poço artesiano fica sob a responsabilidade da comunidade. A prefeitura fornece a assitência técnica, as operações de mecanização agrícola, a cessão em comodato do terreno e o transporte de adubo orgânico.
Resultados Alcançados
Efetiva participação de 430 famílias no projeto, beneficiando cerca de 2000 pessoas, gerando uma produção anual estimada em 150 toneladas de verduras, legumes e frutas que passaram a compor a dieta alimentar desses produtores - além da contribuição financeira que em alguns casos chegou a ter uma significativa participação na renda familiar.
Observou-se também melhorias na saúde dos indivíduos. Há relatos de pessoas que estavam com problemas de depressão e que estão se sentindo muito melhor participando da horta. O trabalho com a terra e plantas é utilizado como terapia ocupacional para pessoas com problemas psicológicos, que melhoraram sensivelmente.
As pessoas estã experimentando uma melhora sensivel em sua saúde, relatando que após participarem do projeto estão se alimentando mais e melhor e alcançando melhores níveis de sono - pois a atividade física na horta as deixa predispostas ao descanso noturno de pelo menos 8 horas. Indivíduos com problemas emocionais, como depressão por exemplo, estão se sentindo mais úteis e passam a ter uma ocupação durante o dia e com isso se autovalorizam pelo trabalho que realizam ao ver as plantas desenvolverem e por ocasião da colheita. A auto-estima dessas pessoas é muito mais alta pela sensação agradável de colherem aquilo que plantaram.
Um outro aspecto que se ressaltou no projeto foi a criação do "banco da colegagem". O que vem a ser isso?
Foi criado - pela própria iniciativa das pessoas envolvidas - um local dentro da horta onde foi construido um semi círculo de bancos de madeira onde, por ocasião do final do dia de trabalho, eles se reunem naquele lugar que denominaram "banco da colegagem". Ali eles conversam sobre os acontecimentos do dia e planejam as atividades do dia seguinte. Há momentos de discontração com anedotas sadias e relato de notícias do dia-a-dia da sociedade. Vislumbram nesse momento o resgaste dos tempos antigos onde as famílias se reuniam na porta das casas para conversar e trocar ideias enquanto as crianças brincavam na calçada. Estamos resgatando esse momento de relacionamento entre as pessoas, o que, infelizmente, a televisão está nos roubando, pois as pessoas estão ficando exclusivamente diante do aparelho de tv e se esquecem que as pessoas estão ao seu redor para conversar, dialogar e confraternizar. Sem dúvida o projeto de hortas comunitárias nos faculta alcançar resultados alvissareiros em diversos aspectos: de produção, financeiros, de saúde física e psicológica e de relação interpessoal.
Público atendido
Adulto
Adolescentes
Agricultores familiares
Analfabetos
Desempregados
Crianças
Famílias de baixa renda
Lideranças comunitarias
Mulheres
População em situação rua
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