Gestão Comunitária De Resíduos Orgânicos E Agricultura Urbana

Problema Solucionado

O PRB surgiu pelo grave problema de infestação de ratos e mortes na comunidade por leptospirose, ocasionado pela quantidade de lixo misturado e revirado nas ruas. Com as ações de sensibilização de um grupo comunitário, esta situação foi reduzida pela correta separação dos resíduos orgânicos em baldinhos entregue às famílias e disposição de Pontos de Entrega Voluntária (PEVs) nas ruas, com a coleta e compostagem destes materiais e transformação em composto orgânico. As comunidades inseridas vivem em áreas periféricas de Florianópolis, onde a migração é intensa, concentrando grande número de famílias em situação de pobreza, baixa escolarização e insegurança alimentar. Desta forma, o projeto resgata moradores e jovens para o trabalho sócio-ambiental remunerado, onde sua participação em eventos, oficinas, palestras e oportunidades, estimula a volta aos estudos. A distribuição gratuita do adubo às famílias, impulsiona a agricultura urbana nos quintais com plantio de hortaliças, temperos, frutíferas e medicinais, com alimentos saudáveis, além de hortas agroecológicas nas escolas, que auxiliam no trabalho pedagógico prático junto aos estudantes, para uma educação alimentar.

Descrição

O projeto se organiza em três eixos: 1) mobilização e sensibilização; 2) execução; 3) incidência política. Para mobilização e sensibilização, foram distribuídos nas visitas domiciliares,baldinhos para as famílias, para a correta separação, na fonte, dos resíduos orgânicos. Na frente de algumas casas, ao lado de postes nas ruas, foram instalados Pontos de Entrega Voluntária (PEVs) onde cada morador transfere seus resíduos orgânicos para uma bombona de 50 litros. Dois dias por semana é feita a coleta e reposição das bombonas, que são encaminhadas até o pátio de compostagem para reciclagem. Em um galpão, o composto orgânico é peneirado em diferentes granulações, onde parte é distribuído gratuitamente aos participantes para uso nas hortas em quintais e hortas escolares e parte é destinado para comercialização. O PRB articula a formação de uma cooperativa legalizada e é base para a incidência política, no qual se busca que o valor pago pela prefeitura para se enterrar o "lixo", seja repassado ao grupo comunitário para as ações de reciclagem, garantindo a autonomia e renda aos envolvidos para que essas ações possam ser reaplicadas. O empoderamento do grupo comunitário, que envolve jovens e moradores locais é um dos aspectos mais importantes do PRB, pois mostra que uma transformação ambiental caminha aliada à valorização social. O projeto é uma parceria com o Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo (Cepagro), que capacitou o grupo para o desenvolvimento da técnica de compostagem termofílica, uso do composto orgânico, práticas de sementeiras e hortas agroecológicas em quintais e escolas. Essas formações são realizadas por meio de reuniões, oficinas e vivências práticas, sempre no intuito da autonomia do grupo PRB. Também são realizadas oficinas de compostagem e agricultura urbana com instituições e grupos interessados, visitas guiadas e palestras, no intuito de disseminar a experiência e possibilitar que outras pessoas possam reciclar seus resíduos orgânicos e cultivar alimentos. A cada ano é realizado um encontro com as famílias participantes, com apresentação do projeto, mostra dos resultados e dificuldades apresentadas, assim como cada participante relata sua observação sobre o andamento do projeto, para que sempre ele possa ser aperfeiçoado.

Recursos Necessários

- 80 bombonas de 50 litros; - 200 baldinhos de 15 litros; - 500 camisetas de divulgação; - 50 placas de identificação dos PEVs; - 1 peneira mecânica; - 1 ensacador mecânico; - 2 carrinhos para transporte das bombonas; - 8 pares de botas; - 6 garfos de jardinagem; - 4 enxadas; - 4 pás; - 8 pares de botas; - 8 pares de luvas; - 1.000 folhetos informativos do Projeto; - Materiais com necessidade mensal: -10 fardos de palha; -50 sacos de serragem;

Resultados Alcançados

Com 5 anos de projeto, são beneficiadas diretamente 200 famílias com a coleta dos resíduos orgânicos (aproximadamente 750 pessoas), 06 unidades escolares, aproximadamente 800 pessoas entre crianças e educadores e três ONGs, formadas por associações comunitárias e entidades ligadas às igrejas. Somados, são em torno de 1550 pessoas beneficiadas diretamente. Os resultados estão na diminuição dos ratos com a coleta do resíduo orgânico e a produção do composto orgânico. Cerca de 500 toneladas de resíduos orgânicos já foram recicladas desde o início do PRB. O composto é a base para as hortas em quintais e hortas agroecológicas nas escolas, com plantio de hortaliças, temperos, frutíferas, plantas medicinais e ornamentais. Indiretamente, todo o bairro Monte Cristo, com seus quase 30 mil habitantes, foi beneficiado. Já foram instalados 43 Pontos de Entrega Voluntária (PEVs) na comunidade e são coletados cerca de 12 toneladas de resíduos orgânicos por mês, que são transformados em quatro toneladas de adubo orgânico. Eles suprem a necessidade de 25 quintais, quatro hortas escolares e um espaço comunitário. Foram empregados quatro jovens que viviam em risco social, que agora trabalham na sensibilização da comunidade, no processo de compostagem e plantio nas hortas. Nesse sentido, cabe ressaltar que esse trabalho de gestão comunitária de resíduos traz como resultado a reciprocidade, melhora da autoestima do lugar, além da melhora na saúde e segurança alimentar. O projeto agrega enquanto experiência de gerenciamento comunitário de resíduos descentralizada e contribui para a reciclagem do resíduo orgânico e qualifica os resíduos recicláveis secos, como papel, papelão, latinhas e vidro, utilizado por outras cooperativas. Esse modelo de gestão de resíduos está sendo repassado para entidades e prefeituras, com o intuito de ampliá-lo. Esta iniciativa foi premiada como tecnologia social em 2011.