Problema Solucionado
O fórum de moradores “Bem Maior”, em parceria com o Ateliê de Ideias, constatou que o principal problema ambiental das oito comunidades que compõem o Território do Bem são os pontos sujos, onde se depositam os resíduos de maneira inapropriada, dado seus efeitos deletérios (nicho para insetos e animais vetores de doenças, mau cheiro e degradação do entorno) podendo, nos casos de chuva forte, levar à deslizamentos e enchentes.
Descrição
O programa “Ecos do Bem” é um dos componentes do plano “Bem Maior” (plano estratégico participativo do território). É uma estratégia da própria comunidade para promover a educação ambiental e o desenvolvimento sustentável local.
A partir de alianças entre lideranças locais, comunidades, organizações da sociedade civil, universidade e administração municipal, diversas medidas estratégicas foram realizadas para viabilizar a revitalização de áreas degradadas e a conscientização da população local sobre a boa gestão dos resíduos:
- Mobilização de atores internos e externos ao território para organização e planejamento das atividades do projeto;
- Articulação de lideranças comunitárias para organização dos mutirões comunitários;
- Mapeamento dos pontos sujos e seleção dos locais prioritários para intervenções;
- Visitas aos domicílios das comunidades para entregar material de educação ambiental;
- Intervenções nos pontos sujos selecionados.
O primeiro passo foi a mobilização de lideranças comunitárias do Território do Bem por meio de participações nas plenárias do fórum “Bem Maior”. Em seguida, com o envolvimento de lideranças e de estudantes do EMAU/UFES (Escritório Modelo de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Espírito Santo), realizou-se o mapeamento dos pontos sujos da região. A partir de um mapa-base de cada bairro, foram feitos registros que subsidiaram o entendimento de cada local crítico na região. Foram apresentadas em plenárias do fórum as informações do mapeamento, que viabilizaram o processo de escolha e validação dos pontos sujos pelos moradores, sendo eleitos eixos principais dentro da área de abrangência do Mutirão do Bem.
Por meio de metodologia participativa, envolveram-se: fórum Bem Maior, estudantes universitários, voluntários provenientes de 11 países articulados pelo CISV Internacional (Children's International Summer Villages, organização não governamental vinculada à UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), EMAU/UFES, ONG Moradia e Cidadania, Comitê de voluntários do Banco do Brasil e outros voluntários, além do governo municipal de Vitória.
Concluída a mobilização dos atores e a articulação das lideranças o grupo de trabalho - criado durante o andamento do projeto para atuar como facilitador do processo – passou a serem desenvolvidas as ações preparatórias e foi realizado, entre 04 a 19 de janeiro de 2011, a campanha “Mutirão do Bem – Valorizando o Lugar em que Vivemos”, que visava a erradicação dos pontos sujos de lixo nas comunidades do Território do Bem. Com a participação de 165 pessoas, o projeto mobilizou moradores, desenvolveu campanhas de educação, intervenção e sensibilização ambiental e dialogou com autoridades governamentais responsáveis pela coleta do lixo seco.
Adicionalmente, ocorreram também processos de sensibilização dos moradores do entorno dos pontos sujos para que estes conseguissem gerir, com maior eficiência, seus lixos secos e úmidos.
Foram realizadas campanhas diárias de sensibilização e educação ambiental no território. A partir da capacitação de 165 pessoas participantes do projeto, organizaram-se equipes de três pessoas que foram às ruas das oito comunidades do território e visitaram as famílias em suas casas, demonstrando a importância da separação dos resíduos e de seu não descarte em espaços públicos. Foram utilizados materiais didáticos, incluindo um conjunto de exemplares de diversos resíduos sólidos e úmidos, o que convidava os próprios moradores a simular a separação do lixo.
Além da educação ambiental, participantes se reuniram para realizar a limpeza e intervenções urbanísticas em pontos sujos considerados prioritários, transformando-os em espaços coletivos de convivência. As intervenções também foram planejadas e executadas de modo participativo, utilizando, inclusive, materiais alternativos e recursos das próprias comunidades.
Recursos Necessários
É necessário o emprego de recursos materiais em duas etapas específicas da implantação da tecnologia: durante as visitas aos domicílios para educação ambiental e nas ações de intervenção urbanística para revitalização dos pontos sujos de lixo.
Para a primeira, é necessário dispor de recursos didáticos adequados para garantir a compreensão e o envolvimento dos moradores conscientizados. A estratégia adotada por esta ação trabalhou com álbuns seriados, bolsas feitas de banners, exemplares de lixos (secos, úmidos e contaminados) reaproveitados, cartazes, adesivos e cartilhas.
Para a segunda, é necessário ter material de construção, equipamentos e instrumentos apropriados para as obras (a intervenção propriamente dita). A especificação desses materiais, equipamentos e instrumentos variam de acordo com cada terreno e o projeto arquitetônico/urbanístico desenvolvido para a revitalização (o que também é determinante para o custo final da reaplicação da experiência).
Resultados Alcançados
Foi realizado o mapeamento de 216 pontos sujos no Território do Bem. De acordo com o centro de controle de zoonoses da Prefeitura Municipal de Vitória, em duas semanas, os participantes do projeto trabalharam a sensibilização e a educação ambiental em 2.173 domicílios e distribuíram 1.450 contentores de lixo doméstico, a partir da prévia constatação de que muitos moradores do local sequer tinham lixeiras em casa.
Realizou-se também a limpeza de seis pontos sujos. Destes, dois terrenos foram transformados em parques e jardins das comunidades Jaburu e Floresta, localizados em regiões de morro e onde antes só havia lixo. Comunidades e voluntários retiraram mais de seis caminhões de lixo dos locais e criaram pontos de atividades recreativas, incluindo uma horta comunitária. Na comunidade de Floresta as crianças batizaram o local de Parque da Amizade e agora utilizam frequentemente essa área de lazer, que conta com amarelinha e pista de carrinho pintados no chão e outros brinquedos feitos com aproveitamento de materiais. Já no Jaburu, além do passatempo para crianças – que deram ao espaço o nome de Parque do Bem – foram criados uma horta e espaços de convivência para os adultos e jovens. Um fato interessante foi o envolvimento de moradores do bairro na continuidade das obras dos parques e no seu cuidado, mesmo após o término das atividades.
Outra conquista do projeto foi a instalação de mais equipamentos de coleta seletiva no território e, como consequência, constatou-se o aumento do volume de lixo seco depositado neles pelos moradores.
Vale destacar outro impacto alcançado pelo projeto: efetivou-se a abertura de diálogo para a elaboração de uma política participativa de gestão de resíduos entre moradores mais conscientes e organizações mais sensibilizadas para a resolução do problema.
Além da elaboração de um estudo de caso referente à iniciativa “Mutirão do Bem” (que está participando de seleção mundial, promovida pela Global Network for Disaster Reduction) e do trabalho técnico “Ecos do Bem: Educação Ambiental no Território do Bem” (selecionado para o terceiro seminário da região sudeste do Brasil sobre resíduos sólidos, promovido pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental), o projeto possibilitou realização de parceria com o programa “Férias Solidárias”, da Fundação Arcelor Mittal, que, em julho de 2011, contou com a participação de 10 voluntários de outros países nas ações realizadas.
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