Problema Solucionado
A falta de conhecimento e a desvalorização da cultura e da história local fazem com que a comunidade não se identifique com o bairro onde mora, gerando cidadãos inertes e conformados com a realidade em que vivem. O conhecimento histórico é fundamental para a compreensão da trajetória e das transformações nas quais o homem está imerso, e, a fim de colaborar com a formação de cidadãos mais críticos e reflexivos, desenvolvemos essa tecnologia social, que propicia o estudo da história local de forma investigativa e dinâmica, através da rememoração da trajetória de personagens antigos do bairro. Por meio de atividades planejadas, crianças e adolescentes fazem ciência. Uma ciência particular que busca não dizer tudo sobre determinada realidade, mas explicar o que é fundamental aos olhos desses pequenos agentes transformadores. Contribuir para o desenvolvimento de uma postura crítica, política e cidadã, despertando um novo olhar sobre a realidade local, é o objetivo desta tecnologia social.
Descrição
O Instituto Agronelli desenvolve a tecnologia anualmente com até 10 instituições, envolvendo diretamente 300 crianças e adolescentes e no mínimo 10 professores que são os Coordenadores Locais do Projeto (CLP). A metodologia adotada implica na descentralização das ações e na gestão compartilhada das atividades. No primeiro mês,os educadores participam de um curso de capacitação, realizado pelo Instituto Agronelli em parceria com instituições de Ensino Superior e com o Arquivo Público de Uberaba (APU). Essa capacitação visa discutir de forma reflexiva questões existentes em torn das temáticas: cultura, memória, história, espaço geográfico e identidade cultural. Durante o curso os educadores (CLP) se apropriam da metodologia e se preparam para dar continuidade às ações da tecnologia social em suas instituições. No segundo mês, as crianças e adolescentes (30 por instituição) realizam visita técnica ao APU e, em seguida, a equipe do APU realiza uma oficina de produção de texto, autobiografia e técnicas de entrevistas junto aos alunos, em cada uma das 10 instituições envolvidas. Os CLP acompanham o desenvolvimento de todas as atividades sob orientação da equipe técnica (IADES e APU). No terceiro mês, as instituições realizam o evento de comemoração do Dia Internacional de História de Vida, com a participação dos diversos atores envolvidos. São sugeridas atividades, mas o coordenador local tem autonomia para organizar e realizar o evento. Os quatro meses a seguir são utilizados para realização da pesquisa de campo e documental sobre o bairro. As crianças e adolescentes vão às ruas entrevistar as pessoas e conhecer melhor o funcionamento dos comércios, equipamentos públicos, associações de bairros, igrejas, creches etc., conversam com moradores antigos, entre outras atividades. Tudo que descobrem sobre o bairro é registrado por meio de diferentes linguagens (desenhos, textos, poesias, músicas, fotografias, vídeos etc.). Nos últimos dois meses de trabalho, a coordenação geral (Equipe do IADES e do APU) coleta as produções realizadas, selecionando o que irá para o livro. Após a formatação do “boneco” do livro, enviamos o arquivo para a diagramação e impressão. Todo o processo de diagramação é acompanhado pela equipe do IADES e do APU até a aprovação final do boneco, quando enviamos para impressão. Para a publicação do livro, é realizado um evento cultural gratuito, que chamamos de “evento de lançamento do livro e noite de autógrafos”. Esse momento é marcado pelos relatos dos professores, apresentações artístico-culturais realizadas pelas crianças e adolescentes envolvidos, num momento especial de trocas de experiências e recebimento do livro. Cada criança e adolescente (autora do livro) e cada professor envolvido recebem um exemplar. Essa tecnologia é realizada em Uberaba/MG desde 2008 e, em 2011, lançaremos o volume 4 do livro, em 2012, o volume 5, e assim sucessivamente. Além dos participantes diretos, todas as escolas públicas do município, bibliotecas públicas, Arquivo Público de Uberaba, bibliotecas de instituições comunitárias e de instituições de Ensino Superior recebem gratuitamente exemplares do livro para compor seu acervo. As histórias do livro intitulado “Meu bairro tem história, eu tenho futuro!”, retratadas pelo olhar das crianças e dos adolescente, contam através das memórias das pessoas dos bairros pesquisados sobre como era o bairro antigamente, como se deu a sua transformação até os dias atuais e o que ainda precisa ser melhorado para o futuro. Através dessa tecnologia, crianças, adolescentes, educadores, pais, mães e toda a comunidade têm a oportunidade de se apropriarem de sua história, fortalecendo a sua identidade com o local onde vivem, tornando-se protagonistas na valorização e na transformação da realidade. A continuidade dos exercícios se dá através do Projeto "Aprender a Transformar-Educação Fiscal", no ano seguinte.
Recursos Necessários
-Ter na cidade uma instituição interessada em desenvolver a tecnologia e disponibilizar um técnico para acompanhar/coordenar o projeto;
-Ter na cidade um arquivo público ou uma instituição que contenha os registros documentais sobre a história da cidade (biblioteca, museu etc.);
-Instituições e professores da rede pública;
-Transporte – ônibus – para as visitas aos espaços (arquivo, biblioteca, museu etc.);
-Transporte ou ajuda de custo (combustível) para o historiador realizar as oficinas nas escolas e instituições;
-Sala de aula com data show e computador para realização das oficinas nas instituições;
-Sala de aula com data show para realização do curso para os professores (Instituições de Ensino Superior podem ser parceiras disponiblilizando professores para ministrar o curso e ceder o local para realizá-lo);
-Diagramador para formatar o livro, gráfica para imprimir, anfiteatro para realização do evento de culminância do projeto;
-Computador e acesso a internet para comunicação online via email e telefone para manter contato com os professores nas instituições;
-Impressora e material de escritório (caneta, folhas A4, cartucho de tinta etc.).
Resultados Alcançados
-Capacitação de 48 professores de 35 escolas e instituições;
-Atendeu 856 crianças e adolescentes diretamente e contou a história de 31 bairros de Uberaba e 1 da cidade de Delta/MG no do livro “Meu bairro tem história, eu tenho futuro!”;
-Realizou 35 visitas ao Arquivo Público de Uberaba e 35 oficinas em 35 escolas e instituições;
-Realizou 35 eventos em comemoração ao Dia Internacional de História de Vida;
-Imprimiu 1800 livros em 4 volumes, do “Meu Bairro tem história, eu tenho futuro!”;
-Realizou 4 eventos de encerramento das ações, em 4 anos de projeto, com a participação de mais de 3000 pessoas direta e indiretamente;
-Melhorou o desempenho escolar e a frequência escolar de 60% das crianças e adolescentes envolvidas nos 4 anos de projeto;
-Ampliou em 60% a capacidade de interpretação e criação artística dos estudantes por meio de atividades interdisciplinares desenvolvidas sobre os bairros;
-Ampliou o conhecimento sobre a realidade local, de pelo menos 70 % dos envolvidos diretamente com o projeto;
-Certificou 100% dos professores concluintes do curso de formação do Educador do projeto.
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