Problema Solucionado
As desigualdades sociais criaram a necessidade de busca de alternativas de trabalho e renda para que as comunidades tradicionais permaneçam em seu território.
O falecimento da liderança empreendedora e o declínio dos recursos pesqueiros, decorrentes da sobrepesca industrial estão fazendo da pesca artesanal uma atividade insuficiente para o sustento das famílias que vivem dela tradicionalmente.
Outra questão colocada é a implantação de Unidades de Conservação de Proteção Integral nas áreas de Mata Atlântica, onde moram essas comunidades artesanais, estabelecendo proibições de atividades tradicionais, como o roçado e a extração de recursos naturais.
A ausência de alternativas de trabalho e renda, além da tristeza, provoca também a expulsão dos jovens, o que prejudica a continuidade da comunidade da Enseada da Baleia.
Neste contexto, através da análise do ambiente, o lixo marinho, uma preocupação das comunidades da Ilha do Cardoso pela grande quantidade e pelo impacto ambiental causado com a poluição das praias e perigo para a vida marinha e o meio ambiente. Dessa forma, foram aproveitadas e planejadas peças de confecção que gerem renda e resolvam a questão.
Descrição
O trabalho iniciou com as seguintes etapas: 1) diagnóstico; 2) levantamento de dados e oportunidades de forma participativa; 3) reconhecimento de habilidades e sonhos dos participantes dos coletivos; 4) capacitações e intercâmbios; 5) pesquisa de modelos de peças e soluções para o uso dos recursos encontrados; 6) realização de testes; 7) exposição de peças e feedbacks; 8) confecção de peças para a comercialização; 9) realização de catálogo das peças e promoção; 10) criação de oficina de confecção para grupos de estudo do meio; 11) abertura de pontos de comercialização; 12) estabelecimento de parcerias; 13) prestação de contas coletivas; 14) avaliação contínua.
O reconhecimento das habilidades, a busca de oportunidades e qualidade de trabalho com melhoria do relacionamento dentro do grupo, com o intuito maior do que geração de renda, tornando-se também um coletivo de discussão e diálogo dentro da comunidade.
Mapeamento dos parceiros, Ongs e entidades que poderiam ajudar a comunidade a fortalecer os eixos de trabalho do grupo. Participação dos espaços para construção de propostas que possam fortalecer os eixos inserindo a necessidade da comunidade.
A tecnologia teve quatro eixos principais: economia solidaria, feminismo, cultura tradicional caiçara e meio ambiente.
1- A Economia solidária, por meio da AMESOL - Associação de Mulheres da Economia Solidária e a Associação Rede Cananeia, trouxeram a oportunidade de intercâmbios para conhecer outras realidades e participar de palestras e pesquisas que introduziram o trabalho de Gestão com os princípios da Economia Solidária, onde proporcionaram o reconhecimento das habilidades, geração de renda igualitária, gestão de trabalho e gestão financeira compartilhada e participativa. Buscando a inserção do grupo em busca de conhecimento e entendimento de como implantar a atividade econômica e modelo de autogestão, buscando canais de comercialização que valorizem o produto artesanal, e precificando os produtos no preço justo para quem compra e quem produz.
2- O Feminismo com SOF - Sempre Viva Organização Feminista com participação em seminários, feiras, eventos, movimentos políticos, sociais, ideologias e filosofias que têm como objetivo comum: direitos de igualdade as mulheres, bem como o conhecimento de metodologias para discutir relações famíliares e empoderamento dentro do lar.
3- A Cultura Caiçara - Apropriação da nossa cultura, com o auto reconhecimento que atraíram o turismo de base comunitária e geração de renda. As parcerias do movimento social como a coordenação Caiçara e fórum de povos e comunidades tradicionais, que fizeram a comunidade participar de forma mais ativa dos conselhos em busca de fazer valer seus direitos e uniram as comunidades proporcionando diversas conquistas.
4- O Meio Ambiente- ISA- Instituto Sócio Ambiental proporcionou capacitação de uma jovem da comunidade, para um olhar de melhorar o meio ambiente em seu território, além de conhecimento de outras culturas tradicionais e seus desafios. O resultado para comunidade foi a possibilidade de implementação da rede de pesca na confecção das mulheres da Enseada.
Recursos Necessários
Para a replicação da metodologia:
- Conjunto de materiais encontrados no território;
- Kit de materiais para a confecção de peças para a comercialização: recursos materiais necessários para transformar os recursos do território (que podem ser tecido, linhas, tesoura, agulhas, elasticos, material para bordado no caso de confecção ou outros materiais, no caso de outras tecnologias).
- Kit material de escritório - folhas de flip chart, canetões, fita crepe, giz de cera, folha sulfite colorida.
Para a estruturação de um espaço de produção:
No caso da Enseada da Baleia, foi reaproveitada a escolinha rural que tinha sido desativada. E os equipamentos que estão sendo usados lá para o reaproveitamento das redes são equipamentos necessários para corte e costura, além de materiais necessários para a confecção de roupas e acessórios.
Resultados Alcançados
- Outras frentes de trabalho adaptadas à economia solidária, como resgate do método tradicional do peixe seco, o turismo de base comunitária e criação sustentável de marisco perna a perna.
- Fortalecimento das relações dentro da comunidade;
- Formalização de associação comunitária;
- Participação mais ativa de conselhos;
- Participação de encontros do movimento social como feminismo e cultura tradicional, com criações de propostas que ajudem as comunidades caiçaras;
- Elaboração de oficina de disseminação da tecnologia;
- Turismo cultural com escolas para estudo do meio;
- Reconhecimento do trabalho;
- Valorização e autonomia da Mulher;
- Criação de produtos valorizando o conhecimento e habilidade de cada mulher do grupo;
- Praias da comunidade mais limpas;
- Conhecimento com as capacitações, cursos, intercâmbios,
- Pescadores mobilizados sobre o impacto ambiental e doando materiais para confecção;
- Coleta e doação de mais 300 quilos de redes das praias ou que não podiam ser usadas nas atividades;
- Mais de 500 peças confeccionadas com redes de pesca doadas e coletadas;
- Geração de renda complementar para as mulheres a partir da confecção da grife MAE;
- Geração de renda com oficinas dentro e fora da comunidade;
- Parcerias que vieram fortalecer a comunidade;
- Criação de materiais de divulgação do trabalho;
- A comunidade criou uma rede de amigos que auxiliam a comunidade nas atividades principalmente ligadas a território;
- Ajuda no empoderamento para busca de conhecimento e entrada na universidade;
- Qualificação das mulheres nas áreas de interesse pessoal e coletivo para autonomia do grupo em capacitação de recursos com pesquisa, formulação e elaboração cartográfica e comunicação;
- Luta pelo território da Nova Enseada na restinga sul da Ilha do Cardoso, para onde está sendo realocada a comunidade após processo de intensificação de um processo erosivo que ameaça a integridade do território da comunidade..
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