Problema Solucionado
A cada eleição a mesma dificuldade ressurge, como garantir compromissos públicos dos candidatos que tragam benefícios para determinada comunidade e a cidade.
Um método comum são as cartas compromisso para os candidatos ou abaixo assinados para pressionar a tomada de determinada decisão pelo candidato (ou prefeito eleito). Por meio das Ciclorrotas e sua metodologia cidadã de planejamento cicloviário temos uma abordagem completamente diversa.
Participação pública colaborativa é uma dificuldade que surge não apenas no período eleitoral, muitas vezes os interesses coletivos são subrepresentados ou não recebem a devida atenção do poder público por conta da falta de articulação das partes interessadas.
Frente a grande oportunidade que se apresentava para a cidade a cidade do Rio de Janeiro pré-Olímpico, era preciso incluir a bicicleta nos investimentos previstos para a cidade, em especial a região central.
Apenas no centro estava planejado o VLT, novas praças e espaços públicos, uma grande remodelação que “esqueceu” a bicicleta. Era preciso trazer um olhar localizado, preciso e colaborativo sobre uma região específica e o potencial da bicicleta para a região.
Descrição
Concepção da idéia:
O projeto “Ciclorrotas - Metodologia cidadã de planejamento cicloviário” nasceu da necessidade de criar um mecanismo de participação pública capaz de ajudar o poder público a construir mais infraestrutura para bicicleta e ao mesmo tempo estabelecer as bases para a interlocução e futuras parcerias entre a administração municipal e a sociedade civil.
Aplicação na prática:
O primeiro passo para a replicação da tecnologia social é realizar a coleta de dados sobre o que já foi implementado em favor da bicicleta na região, o que foi planejado e está no papel. Através desse histórico geral é que será construída a base para o trabalho.
Com o histórico pronto, organiza-se um primeiro workshop com participação ampla de ciclistas que pedalam pela região, quem gostaria de pedalar e quem simplesmente tem interesse no tema e em colaborar. Neste trabalho presencial as pessoas participam marcando os caminhos por onde já pedalam e os caminhos por onde gostariam de passar, as linhas de desejo.
Os deslocamentos e as linhas de desejo permitem a criação de “mapas de calor”, os locais por onde as pessoas mais passam ou querem passar. E com base nesse mapeamento realizam-se contagens de ciclistas (no caso específico foram cinco), uma tecnologia participativa de levantamento de dados. Desta contagem podem participar pessoas envolvidas ou não no Workshop.
Logo após o primeiro workshop, abrem-se para a participação pública online o mapeamento das linhas de deslocamento e desejo.
Realizadas as contagens de ciclistas nos pontos estratégicos definidos durante o primeiro Workshopo, são então incluídos nos “mapas de calor” das linhas de deslocamento e desejo os números de ciclistas que passam nas vias prioritárias.
Com os dados das contagens já compilados, realiza-se um novo Workshop. Novamente aberto e amplamente divulgado, para garantir a maior participação possível. Durante o evento são compilados no os caminhos prioritários para receberem infraestrutura com base nos fluxo real de ciclistas e nos apontamentos feitos através dos participantes online e nos Workshops. Tais caminhos são marcados em um mapa de intervenções que será então preparado para ser apresentado ao poder público.
Como forma de ampliar ainda mais o envolvimento da comunidade com o projeto, é importante, mas não obrigatória, a realização de uma exposição aberta ao público com a versão aprovada no segundo Workshop. Durante a exposição podem ser realizados eventos relacionados à bicicleta. A participação pública segue aberta ao público para que o mapa possa ser ainda mais complementado.
Com o fim da exposição, encerra-se a participação pública e inicia-se o processo de produção do material final a ser apresentado para o corpo técnico e político da prefeitura. Além de uma versão digital do mapa e relatório, é recomendável que haja uma versão impressa para ser distribuída para membros da administração municipal.
A versão impressa do mapa e relatório devem ser entregues aos responsáveis na gestão municipal com ampla divulgação para a população e para a mídia. Recomenda-se um trabalho conjunto nas redes sociais e imprensa tradicional para garantir que o público tenha conhecimento de que o projeto para expansão cicloviária da região contemplada está disponível para ser concretizado pela prefeitura.
Como reconhecimento do trabalho, tanto a versão digital quanto a impressa continham agradecimentos para cada uma das pessoas que se envolveu no processo. Seja nos Workshops, contagens ou online.
Recursos Necessários
Para que a tecnologia necessite do mínimo de recursos financeiros possíveis, é importante que se invista na realização de parcerias com outras organizações e que se possa contar com um grupo de voluntários.
Primeiro será preciso um espaço amplo e de fácil acesso, dentro da região a ser trabalhada, para a realização dos workshops. Além do espaço físico, também é preciso que haja o material necessário para realização de oficinas colaborativas. Mapas impressos da região, mesas amplas, canetas e quadros.
Para ampliar a participação, é preciso também disponibilizar uma plataforma online de participação onde as pessoas possam incluir seus caminhos, linhas de desejo e comentários.
Será necessário também que hajam pessoas aptas a fazerem contagens nas ruas com pranchetas e papel.
Por fim, será necessário um espaço para exposição do mapeamento. Mas principalmente, de profissionais capazes de produzir o material visual a ser apresentado ao público e aos gestores municipais.
Resultados Alcançados
O projeto Ciclorrotas Centro, que fornece as bases para a tecnologia social apresentada contou com a participação de mais de 100 pessoas que demonstraram um grande grau de participação de participar do projeto. Ao mesmo tempo, são pessoas engajadas insatisfeitas com a implementação do projeto e aptas a pressionar o poder público para que concretize o que foi planejado pela sociedade civil.
Foram no total 33 quilômetros de malha cicloviária proposta e que foram integralmente incorporadas ao Plano de Mobilidade Municipal até 2020. Desse total cerca de 20% já foi implementado, incluindo o Boulevard Olímpico.
Além disso, a metodologia inovadora foi apresentada na London School of Economics and Political Science em Londres, na Bienal de Design em Shenzen na China, participou (a convite do curador) da Bienal de Arquitetura de Veneza e segue em exposição no Museu do Amanhã no Rio de Janeiro na exposição “Hacking the City”.
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