Objetivo
O projeto Catapoesia tem o objetivo de formar coletivos juvenis para serem protagonistas da produção de livros com capas de papelão a partir da coleta de histórias em comunidades e em bairros, incentivando a leitura e a escrita, as artes visuais e a educação patrimonial, privilegiando os conteúdos de caráter cultural e social e dando voz a esses jovens e a autores localizados à margem do mercado editorial.
Problema Solucionado
O problema solucionado pela metodologia Catapoesia foi que, por meio da produção de livros com capa de papelão de uma maneira totalmente artesanal com impressoras não-profissionais, os jovens puderam dar vazão às suas produções textuais resultantes de entrevistas e das rodas de conversa para a coleta de histórias com os mestres e as mestras de bairros, comunidades tradicionais ou não. Os custos para a publicação desses livros são mínimos, se comparados à uma editora convencional, o que fez com que o trabalho se tornasse colaborativo e não competitivo, desde a coleta do papelão em comércios locais, a coleta das histórias, a transformação em textos, a digitação, a impressão, a publicação até a sua comercialização, com custo também reduzido. A metodologia Catapoesia tem um caráter de itinerância e é multiplicada também em escolas, bibliotecas, faculdades, centros culturais. Outro problema solucionado por essa metodologia é que ela leva a formação aonde o jovem está, evitando que este se desloque de sua comunidade para a capacitação, dando-lhe a oportunidade de se profissionalizar na área editorial e posteriormente inserir-se no mercado de trabalho gráfico.
Descrição
A metodologia Catapoesia pretende ser uma ferramenta de registro/inventário das referências culturais da comunidade/bairro onde ela é aplicada por meio da troca intergeracional entre os jovens e os detentores dos saberes, dos fazeres, das manifestações e das celebrações da comunidade. A partir do momento em que o jovem ouve/registra, ele também passa a ser o detentor, reconhecendo e valorizando a referência cultural como um patrimônio a ser salvaguardado por meio do livro artesanal. A transposição de linguagens oral-escrita passa a ser o vínculo a partir da troca de conhecimento, ou seja, o jovem, ao realizar a produção textual do registro oral, passa a ser o protagonista, o autor, junto ao detentor, autoria que se torna coletiva, colaborativa. A metodologia acontece da seguinte forma:
1º – A coordenação pesquisa a comunidade em que o projeto possa ser desenvolvido, contacta lideranças e jovens, apresenta a proposta e faz a sensibilização para a realização do projeto. Se houver parceria, escolhem-se os jovens que se interessam pela proposta para dar início às atividades. Um jovem do coletivo é escolhido pelo grupo para ser o coordenador local na comunidade.
2º - Assim feito, são agendados os primeiros encontros de formação em que são trabalhados os temas: Metodologia Catapoesia, Cultura, Leitura e Produção Textual, Meio Ambiente, Gestão Cultural, Artes Visuais, Audiovisual e Fotografia – temas esses fundamentais para que os jovens possam entender os objetivos, a totalidade e a abrangência da metodologia Catapoesia.
3º - Após a formação por tema, inicia-se a formação específica para o projeto: Projeto Cultural (planejamento de atividades), Memória e História Oral, Registro, Produção Textual, Edição em Software, Impressão, Artes Visuais (pintura em papelão), Cartonagem, Publicidade, Produção de Eventos, Multiplicação da metodologia.
4º - Escolha do tema e das pessoas envolvidas na produção do primeiro livro.
5º - Após a escolha do tema e da pessoa entrevistada ou do roteiro a ser traçado, agendam-se os encontros para a coleta de material como histórias de vida, casos, memórias, saberes e fazeres na comunidade, o que ocorre em consonância com o item 3, uma vez que a proposta é conciliar a teoria à prática, estimulando os jovens a planejarem, executarem e finalizarem cada etapa do processo.
6º - A partir do momento em que já se tem o material coletado, o coletivo juvenil se reúne para assistir aos vídeos e realizar as oficinas de produção textual, onde aprendem técnicas de escrita e reescrita dos textos para adequá-los à proposta.
7º - Com os textos prontos, o coletivo juvenil divide-se para realizar a sua digitalização em programa de computador e a sua posterior impressão e também para a pintura das capas de papelão. Cada livro tem uma tiragem inicial de cem (100) exemplares.
8º - Com os conteúdos impressos e com as capas prontas, o passo seguinte é a colagem dos mesmos nas capas, finalizando, assim, a etapa produção dos livros.
9º - Em seguida, é organizado o evento de lançamento do livro com um sarau literário.
10º - O lançamento acontece com a tiragem de cem (100) livros, no mínimo.
11º - Durante todo o processo é feita a divulgação em mídias.
12º - Distribuição dos livros para comercialização.
13º - Esse processo é repetido a cada realização de um novo título/livro.
Assim sendo, a metodologia se estrutura por meio do protagonismo e do empoderamento de todos os atores sociais envolvidos: coordenadores, educadores sociais, lideranças, mestres do saber popular e tradicional, coletivos jovens, família, comerciantes locais, educadores, escolas locais e demais moradores da comunidade.
Recursos Necessários
Os recursos necessários para a implementação da tecnologia são: um local equipado com multimídia para o processo formativo dos coletivos jovens, uma câmera fotográfica e uma filmadora, uma impressora laser preta e uma laser preta/colorida, um computador, papel sulfite, tinta de várias cores, pincéis, tesoura, estilete, régua, grampeador.
Resultados Alcançados
A metodologia Catapoesia está sendo disseminada nos estados de São Paulo e Minas Gerais.
Em Serra Negra, há o coletivo De-Fusão, composto por 10 jovens; Em Amparo, há o coletivo Pantaleão, composto por 15 jovens; em Belo Horizonte, há o coletivo Gerais, composto por 10 jovens; em Cordisburgo, há o coletivo Loucos por Memória, composto por 15 jovens; em São João das Missões, há o coletivo Raízes de Xakri, composto por 15 jovens. Esses coletivos são responsáveis pela multiplicação do projeto em suas comunidades. Em números, o projeto já atingiu: São Paulo (150 diretos, 300 indiretos); em Minas Gerais (500 diretos, 8 mil indiretos); redes sociais e vendas (1000 diretos).
Livros publicados:
1. Tia Tança, que não me sai da lembrança…, Jaboticatubas, Minas Gerais (2009)
2. Trilho, Serra Negra, São Paulo (2009)
3. Gota D’Agua, Serra Negra, São Paulo (2009).
4. Homem é Fogo!, Belo Horizonte, Minas Gerais (2010).
5. Faces I, Serra Negra, São Paulo (2010).
6. Brotecos, Serra Negra, São Paulo (2011).
7. Faces II, Serra Negra, São Paulo (2011).
8. In-Verso, Cordisburgo, Minas Gerais (2012).
9. Homenagem ao Sr. Elifa, Xakriabá, Minas Gerais (2011).
10. A Lenda da Serra da Mantiqueira, Serra Negra, São Paulo (2012).
11. Lixo na Aldeia Sumaré I, Xakriabá, Minas Gerais (2012).
12. Frutinhas do Cerrado, Xakriabá, Minas Gerais (2012).
13. Tocos do Cerrado, Cordisburgo, Minas Gerais (2012).
14. Bordando Letras, Cordisburgo, Minas Gerais (2012).
15. Bambolê, Amparo, São Paulo (2012).
16. Churrocker, Serra Negra, São Paulo (2012).
17. Quartas, Serra Negra, São Paulo (2012).
18. Robôs, Serra Negra, São Paulo (2012).
19. Fim D’Ano, Serra Negra, São Paulo (2012).
20. Flora, Serra Negra, São Paulo (2013).
21. Viver é Etcétera, Cordisburgo, Minas Gerais (2013).
22. Minis, Serra Negra, São Paulo (2013).
23. Saci, Belo Horizonte, Minas Gerais (2013).
24. Papel, Serra Negra, São Paulo (2013).
Livros a serem lançados no 1º semestre de 2013:
25. Circulares
26. Chita
27. Rama
28. De-repentes
Público atendido
Povos tradicionais
Comentários