Objetivo
É uma metodologia de transferência de tecnologia que tem o objetivo de capacitar profissionais da assistência técnica, extensão rural e pecuaristas em técnicas, práticas e processos agrícolas, zootécnicos, gerenciais e ambientais. As tecnologias são adaptadas regionalmente em propriedades que se transformam em salas de aula. Estas são monitoradas quanto aos impactos ambientais, econômicos e sociais no sistema de produção após a adoção das tecnologias.
Problema Solucionado
Um levantamento atual realizado no Estado de Minas Gerais, responsável por mais de um terço da produção nacional, mostrou que apenas 4,4 % dos entrevistados produziam leite por ser um negócio lucrativo. Os outros 95,6 % produziam leite por este possibilitar uma renda mensal, por não saberem fazer outra coisa ou ainda, porque combinava com outra atividade na propriedade (GOMES, 2006). Nesse mesmo levantamento, quando os entrevistados foram questionados sobre o que pretendiam fazer com a produção de leite, responderam: utilizar tecnologia ou melhorar a que estava sendo empregada e aumentar a produção. Para atender esses produtores ávidos por informações técnicas e conseguir inseri-los no processo produtivo é necessário haver profissionais de assistência técnica capacitados e com boas condições de trabalho.
Descrição
Dentre as várias técnicas utilizadas no Projeto Balde Cheio, podem ser citadas:
-Agropecuárias: método de pastejo rotacionado de gramíneas forrageiras tropicais com divisão em piquetes de tamanho reduzido; correção de acidez do solo e adubação intensiva de pastagens com calcário, fertilizantes e adubos orgânicos; irrigação de pastagens; plantio direto de pastagens; produção de mudas de capim-tifton em bandejas; entrada dos animais nos piquetes no final da tarde/início da noite; sobressemeadura de aveia e azevém em pastagens tropicais durante o período de menor crescimento destas (outono-inverno); suplementação alimentar volumosa com cana-de-açúcar corrigida com a adição de uréia; implantação de áreas de sombra natural (renques de árvores); adequação de corredores para movimentação dos animais; cocho trenó; bebedouro-carrapato; uso de cerca elétrica com postes de “madeira plástica” (material reciclado); alteração no horário da ordenha da tarde; mudança na forma de condução dos animais; manejo da reprodução; implantação de um calendário sanitário; introdução de ordenha mecanizada; construção de salas de ordenha de baixo custo; instalação de fosso na sala de ordenha (conforto do operador); manejo de ordenha e práticas para obtenção de qualidade no leite produzido, dentre outras;
-Gerenciais: uso de planilhas para coleta de informações básicas sobre o rebanho (parições, coberturas, pesagem mensal do leite de cada vaca em lactação, pesagem mensal de fêmeas em crescimento, com fita de pesagem), monitoramento de eventos climáticos (chuva, e temperaturas máximas e mínimas); ficha de controle individual de cada animal do rebanho; quadros dinâmicos circulares de controles da reprodução de vacas e do crescimento de fêmeas jovens (bezerras e novilhas); acompanhamento e avaliação econômica da atividade (despesas e receitas) e planilhas eletrônicas de avaliação econômica e zootécnica da propriedade;
-Ambientais: recuperação e conservação da fertilidade do solo; uso de cobertura morta (“mulch”) como fator de proteção do solo, reduzindo a desagregação proveniente do impacto da gota de chuva sobre o solo; plantio de matas ciliares; preservação de áreas de proteção permanente; redução de efluentes e melhoria da qualidade da água; recomendação de realização de outorga para uso de água na propriedade, dentre outras.
Recursos Necessários
Pluviômetro, termômetro e quadros dinâmicos.
Resultados Alcançados
Foram capacitados, até o momento, mais de 400 técnicos ligados à extensão rural oficial e/ou privada. Dentre estes, cerca de 20 estão sendo convidados como instrutores credenciados pelo Balde Cheio para desenvolver o projeto nos Estados, regiões ou municípios que demandarem o trabalho. A revitalização da extensão rural talvez seja o principal resultado obtido pelo projeto, pois sua reestruturação dá condições para o crescimento da produção leiteira em toda a classe de produtores brasileiros, inclusive para aqueles que não podem pagar por uma assistência técnica de qualidade.
O projeto tem promovido a inserção social e econômica, principalmente da agricultura familiar em comunidades tradicionais, assentamentos e pequenos empreendimentos.
Até o final de 2008, o Projeto Balde Cheio estava presente em 12 Estados brasileiros: Acre, Bahia, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Rio de Janeiro, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins, abrangendo todas as regiões do Brasil; em 282 municípios e em mais de 2.500 propriedades, entre UDs e propriedades assistidas pelos extensionistas. Esses dados não são estáticos, sendo alterados a todo o momento. Não estão contabilizados nesses números os Estados do Espírito Santo, Mato Grosso e Piauí, além do Distrito Federal, que solicitaram suas inclusões no projeto início de 2009.
Todas as propriedades do Projeto Balde Cheio possuem planilhas de avaliação econômica e zootécnica. Essa é uma condição essencial para que as decisões a serem propostas, discutidas e tomadas sejam as mais corretas possíveis.
O aumento da lotação das pastagens de gramíneas forrageiras tropicais manejadas no sistema rotacionado tem permitido a muitos produtores vislumbrar um cenário promissor. As áreas são divididas em piquetes de tamanho reduzido, geralmente, menos de 500 m2, ao longo do período de maior crescimento vegetal (out a mar na região centro-sul do Brasil). A lotação animal passa de 1 a 2 UA/ha para 10 UA/ha, no mínimo, logo no primeiro ano de recuperação da propriedade.
Público atendido
Agricultores
Agricultores Familiares
Assentados Rurais
Criadores de Bovinos
Pequenos Produtores Rurais
Grandes Produtores Rurais
Médios Produtores Rurais
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