Problema Solucionado
O sistema de produção agroextrativista se apresenta como alternativa ao sistema de produção de pousio dominante na microrregião Médio Mearim, caracterizado pelo corte e queima da vegetação, queimada, plantio, pousio e rotação do local de cultivo. Assim como à promoção da destruição dos babaçuais nas áreas de roças. É também alternativa ao sistema de criação extensiva de bovinos, caracterizado pelo uso extensivo de terras para pastagens com manejo (manual, mecânico e químico) que provoca devastação dos babaçuais e dos recursos hídricos. O babaçu é tido, de forma comprovada, como conforto térmico animal, utilizando os espaçamentos corretos.
Descrição
Uma das soluções adotadas para contribuir com a melhoria das condições de vida dessas famílias é o desenvolvimento agroextrativista, que consiste em um sistema de produção que combina sinergicamente culturas anuais (arroz, milho, feijão) com árvores madeireiras e frutíferas, com a pecuária de pequeno, médio e grande porte e com o extrativismo do coco babaçu. Esse sistema vem sendo desenvolvido a partir de uma discussão profunda sobre o uso dos recursos naturais de forma sustentável e a agregação de valor a esses recursos, promoção e prospecção de produtos, organização da juventude para a verticalização de produtos ligados ao sistema, sempre se preocupando com o desenvolvimento de sistemas de cultivo que não impliquem uso de queimadas, derrubada de palmeiras de babaçu e uso de agrotóxicos. A metodologia utilizada tem possibilitado um amadurecimento nas discussões sobre a questão de gênero na agricultura, tendo em vista que tais atividades envolvem o trabalho do homem e da mulher, e que a economia do babaçu é uma atividade predominantemente desenvolvida pelas mulheres quebradeiras de coco babaçu. As famílias de agricultores familiares são selecionadas para se inserirem na proposta por meio das organizações comunitárias, por intermédio de discussões coletivas, tendo como critério a participação nas organizações locais. As mesmas são sensibilizadas sobre os impactos e os efeitos negativos ao meio ambiente e à saúde humana causados pelo uso das queimadas, agrotóxicos, adubos químicos, máquinas pesadas, sementes híbridas e transgênicas. As famílias são capacitadas em técnicas orgânicas e agroecológicas de cultivo, com inicio de 0,3025 hectares por família, de forma que a produção seja realizada valorizando a integração do trabalho familiar e substituindo gradativamente as práticas de insumos convencionais por ecológicos. Esse processo formativo é contínuo através de reuniões, grupos de estudos, seminários temáticos, oficinas práticas, visitas técnicas, monitoramentos, intercâmbios internos e externos. Assim como realização de campanhas ambientais permanentes contra o uso de queimadas e agroquímicos e a favor da reserva legal e das matas ciliares. O acompanhamento e monitoramento são realizados por membros das diretorias das organizações comunitárias, assessoradas por uma equipe de técnicos com formação diversificada, que busca valorizar o conhecimento e os saberes locais das famílias. Para cada família inserida na ideia da produção agroextrativista é viabilizada uma ajuda de custo para os três primeiros anos, sendo 40 diárias (preço pago na região) no primeiro e segundo ano, e 20 diárias no terceiro ano. Anotação pelas famílias de toda produção existente nos sistemas, e posterior sistematização e comparação com o ano anterior e com a roça do sistema de corte e queima. A assessoria técnica é realizada mensalmente a cada família, na qual o técnico visita o sistema de produção familiar acompanhado com os membros da família, fazendo as recomendações técnicas de condução e gestão do sistema produtivo. Em muitos casos há visitas emergenciais, que podem ocorrer até três vezes por mês com a mesma família.
Recursos Necessários
7 computadores ( 5 ligados a internet via rádio)
3 notebooks
Veículos : 4 motocicletas de 150 cm e 01 L200
2 linhas telefônicas
1 retroprojetor
1 geladeira
1 freezer
1 fogão
1 aparelho de TV e vídeo
Móveis de escritório.
OBS: Todas as unidades de geração de renda associadas à ASSEMA contam com a sua infraestrutura, sempre carecendo de melhorias, adequações e logística:
Cooperativa dos Pequenos Produtores Agroextrativistas de Lago do Junco - COPPALJ: Dispõe de 1 prensa adaptada às condições locais para a extração de óleo de babaçu; 1 caminhão para coleta das amêndoas; 1 linha telefônica; 2 motos; 1 balança de pesagem de cargas; 1 propriedade agrícola de 2 ha na cidade e outra de 51 ha na meio rural; 1 máquina trituradora de forragens para animais; 8 cantinas (postos de compra de amêndoa do babaçu e venda de gêneros alimentícios secos e molhados).
Cooperativa dos Pequenos Produtores Agroextrativistas de Esperantinópolis - COPPAESP: Dispõe de um moinho também adaptado para a moagem do mesocarpo do babaçu e uma máquina para a embalagem da farinha de mesocarpo de babaçu; 1 secador de mesocarpo; 4 núcleos de produção de mesocarpo com prédios no meio rural; 1 sede própria na cidade; 1 linha telefônica, 1 motocicleta.
Resultados Alcançados
Diminuição do uso de agrotóxicos, redução e controle de queimadas controladas na produção de alimentos nas áreas de atuação da ASSEMA; agricultores familiares utilizando os métodos de controles alternativos de pragas e doenças das plantas e animais; conservação e valorização das palmeiras de babaçu, matas ciliares e as reservas legais; diversificação de produção de alimentos ocasionando melhoria da segurança alimentar e nutricional; recuperação e resgate de uso de sementes tradicionais.
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