Problema Solucionado
A primeira motivação foi atender à demanda de empreendedores locais por serviços qualificados de suporte em comunicação e marketing para que pudessem atrair mais fregueses. Também havia demanda por lideranças locais, para mobilizar moradores e comunicar as discussões e decisões que acontecem no Fórum comunitário. Sem recursos para pagar pelos serviços de empresas de assessoria nessas áreas, eles poderiam recorrer a jovens com vocação e desejo para trabalhar com comunicação e marketing, mas que não encontram na escola formal conteúdo e estímulo para iniciar o aprendizado nessas carreiras. A Varal começou como uma proposta de negócio social, para formar os jovens interessados e com talento, ao mesmo tempo em que ofereceria os serviços de assessoria e produção para clientes das próprias comunidades.
A Varal se tornou um espaço de referência para jovens artistas, coletivos e outros produtores de cultura da região. Ficou claro que há produção cultural na própria região que não é consumida pelos próprio moradores, que não tem acesso a opções de consumo cultural nas comunidades. Daí partiu a idéia da Varal promover a produção de cultura local dentre os moradores das comunidades.
Descrição
A Varal é um espaço sociocultural, de referência tanto na formação de jovens como técnicos e futuros profissionais nas áreas de comunicação, marketing e produção cultural, como na área de promoção da cultura endógena dentre as próprias comunidades locais.
Na sua frente de atuação formativa, a estratégia tem início na mobilização de jovens locais que tenham talento, vocação e interesse em aprender mais e aprimorar suas competências em áreas como comunicação, marketing e produção cultural. O primeiro pressuposto, portanto, é que os jovens devem ter desejo por atuar nessas áreas. O desejo e o interesse geram comprometimento necessário para que iniciem uma trajetória profissional, com base no que entendem ser uma opção real para suas carreiras e seus planos de vida.
A mobilização dos jovens pode acontecer nas próprias escolas da região, através de alianças com associações de moradores e outras entidades sociais, além do contato com lideranças comunitárias e coletivos atuantes nas comunidades. Os interessados se inscrevem e passam por um processo de seleção, que inclui, principalmente, uma entrevista e um teste de suas habilidades específicas. O que se deseja é perceber que o jovem tem vocação e, especialmente, real interesse em participar do projeto.
A partir da seleção, os jovens participam de oficinas formativas com viés prático, que têm como premissa o dinamismo. Os jovens escolhem, de acordo com seus interesses, quais são as oficinas de que desejam participar. Especialistas são convidados para serem os instrutores e orientadores de algumas oficinas – profissionais reconhecidos do mercado ou da academia, que já têm notória atuação nas atividades e áreas que vão trabalhar nas oficinas. Eles ocupam papel de mentores de suporte, ajudando no desenvolvimento de conteúdo e na orientação aos jovens.
Ao mesmo tempo em que participam das oficinas formativas, os jovens já começam a participar de grupos que realizam pequenos serviços e atividades para clientes locais (empreendedores e lideranças das próprias comunidades) e não-locais (empresas da região que contratam os serviços da Varal para permitir a atuação dos jovens). Para realizar esses serviços, os jovens formandos contam com a orientação de um profissional especializado. Enquanto participam do processo formativo, de um ano, os jovens recebem uma bolsa-auxílio.
A proposta metodológica da Varal segue o conceito de aprender-fazendo, em que os jovens têm acesso a equipamentos, material de consulta, técnicos para lhes orientar e dar suporte e cabe a eles praticar e exercitar suas competências, tendo a Varal como um espaço físico de referência.
Em sua frente de promoção da cultura local, a Varal ocupa função de equipamento cultural para que artistas e produtores locais de cultura disponibilizem suas obras e seus trabalhos para consumo pelas suas próprias comunidades. Nesse sentido, a Varal atua como um canal que conecta o que é feito por pessoas locais para seus pares – seus vizinhos, para as comunidades próximas, suas famílias, etc.
Para mobilizar quem faz arte e cultura nas comunidades, a estratégia consiste em ampliar a capilaridade da Varal e assumir o conceito de itinerância. É fundamental que a equipe se espalhe pelas comunidades e desenvolva relacionamentos com os coletivos culturais, com os jovens que produzem arte e cultura no dia a dia, nas ruas e nas praças da região. E que tragam eles para dentro do espaço que é a Varal. Embora estejam ocultos em um primeiro momento, o fato é que há diversos artistas e agitadores culturais nas comunidades, trabalhando com os mais variados tipos de arte e exercitando suas habilidades todos os dias, sem que os moradores percebam e entendam.
Depois de mobilizá-los, a Varal se torna um pólo, onde eles se encontram para debater, produzir, trocar e aprimorar. Assim como no caso da frente formativa, a proposta é disponibilizar o espaço físico, equipamentos e suporte técnico para serem usados pelos frequentadores, de acordo com suas demandas por conhecimentos e estrutura. Na Varal, há salas para realização de diversas oficinas especializadas nas áreas já mencionadas. A laje foi reformada e equipada para ser um espaço livre para realização de eventos sociais e culturais para a comunidade.
Mas, como já foi mencionado, a proposta é sair do prédio da Varal e avançar para as ruas e praças das comunidades. Utilizando um módulo itinerante de leitura, pequenas bibliotecas temporárias são montadas em praças, pátios de escolas e outros espaços coletivos, criando ambientes agradáveis para ler e para atividades de contação de história para crianças, jovens, adultos e idosos. Em outros espaços, são montados palcos para apresentações teatrais, estruturas para apresentações musicais, para exposições fotográficas ou para instalações artísticas. Assim os moradores têm a oportunidade de conhecer e interagir com as obras e trabalhos das pessoas que produzem cultura em suas comunidades.
Recursos Necessários
Reaplicar esta tecnologia social representa implantar um espaço sociocultural para formar jovens como futuros profissionais de comunicação, marketing e produção cultural em uma frente e, em outra, para valorizar e promover os ativos culturais que são produzidos na própria comunidade, aproximando os artistas e produtores culturais dos moradores.
Para fazer isso, seguindo o modelo desenvolvido até este momento, é importante ter um espaço físico adequado, em que possam ser instaladas salas com os equipamentos necessários para realização de oficinas: computadores equipados com softwares especializados para produção e edição visual, máquinas fotográficas profissionais, impressoras, televisões, estúdios de produção audiovisual e radiofônica. É claro que nem todos esses equipamentos precisam ser instalados no primeiro momento e deve haver seleção de tópicos e áreas a serem trabalhadas, de acordo com o orçamento disponível.
O espaço deve contar, ainda, com um ambiente adequado para realização de eventos socioculturais abertos à comunidade. Pode ser um espaço pequeno, mas que seja confortável e seguro. No caso da Varal, foi utilizada a laje do prédio, que foi reformada.
Por fim, é importante ter equipamentos adequados para itinerância das atividades, tais como módulos para bibliotecas móveis, apresentações teatrais e musicais e para exposições e instalações de arte em praças e escolas.
Esses equipamentos podem ser adquiridos através de parcerias com universidades e empresas loca
Resultados Alcançados
A Varal já ofereceu 47 oficinas, totalizando e 989 horas de capacitação para 280 jovens e adultos. Alguns deles fizeram mais de uma oficina. As oficinas foram de Comunicação Estratégica, Educação e Comunicação, Técnica de Produção Jornalística, Redação e Língua Portuguesa, Produção e Roteiro de Vídeo, Direção e Edição de Imagem, Edição de imagens, Fotografia, Identidade Visual, Técnica de Vendas, Diagramação e Assessoria de Comunicação e Marketing, Empreendedorismo, Escrita Criativa, Projeto e produção Cultural. Todas as oficinas tiveram listas de presença e fotos de atividades.
A Varal realizou cinco grandes eventos culturais com a participação total de 400 pessoas. A Varal, como uma agência, já prestou serviços nas áreas de comunicação e marketing, produção de identidade visual, ministrando oficinas, fazendo coberturas fotográficas e em produção audiovisual para o Instituto Unimed Vitória, Secretaria de Estado da Cultura, Grupo Nação, Fundação Otacílio Coser, para a Empresa CTA e para a produção de um livro, gerando R$ 19.000,00, montante que foi dividido entre os jovens que trabalharam em tais serviços.
Além disso, já produziu 04 edições impressas do Jornal Comunitário Calango Notícias, que podem ser visualizados no site: www.calangonoticias.com.br, além de colaborar com a produção de conteúdo para o site. (recentemente está plataforma ganhou um novo formato).
O impacto dessas ações iniciais pode ser observado através de alguns resultados de nível estratégico. Duas jovens que foram formadas no âmbito da Varal já se tornaram fotógrafas profissionais e começaram seus próprios negócios, um jovem que se especializou em diagramação nas oficinas da Varal, já está trabalhando em um jornal de circulação diária, e continua contribuindo com agente na produção da mídia comunitária, Calango Notícias. Outros estão já planejando suas carreiras nas áreas em que se especializaram no tempo em que estão atuando na Varal. São jovens que não conheciam a possibilidade de terem carreiras nessas áreas de trabalho antes de conhecerem a Varal. Que, hoje, sabem bem quais são seus talentos e o valor que têm. No campo da promoção da cultura local, a Varal já ocupou um papel central de referencia para quem produz arte e cultura em toda a região. Cada vez mais artistas, pensadores e agitadores culturais procuram a Varal para usar como um canal para repercutir seus trabalhos.
De modo mais estruturante, pode-se perceber o impacto da Varal em uma de suas dimensões mais estratégicas: a desconstrução gradativa da imagem negativa do território e a construção de ideários positivos baseados em ativos locais e na elaboração de narrativas que destacam o que há de positivo nas comunidades.
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