Resumo
O Instituto Mãe Lalu foi criado em 2021, com o propósito de fomentar projetos, programas e ações no campo da Educação e Cultura, com atenção às potencialidades identitárias e produtivas de comunidades tradicionais, integrando mini projetos e ações ao projeto principal “Vamos Todos Cirandar”. A iniciativa surge durante a pandemia, proporcionando a crianças e adolescentes quilombolas experiências e vivências de aprendizagens, contribuindo para o desenvolvimento de habilidades de leitura e escrita.
O público assistido são 176 crianças e adolescentes, de idade entre 04-18 anos, negros e pardos, de classe pobre, estudantes matriculados em instituição pública municipal, oriundos de nove comunidades quilombolas integrantes da bacia do Iguape - Cachoeira/Bahia: Dendê, Engenho da Praia, Engenho da Ponte, Kaonge, Kalembá, Palmeiras, Santiago do Iguape, São Francisco do Paraguaçu, Tombo.
Objetivo
Promover o desenvolvimento de habilidades de leitura e escrita contextualizando conteúdos a elementos da cultura local, incluindo as cantigas de roda, a arte, jogos e brincadeiras tradicionais no centro do processo ensino-aprendizagem, para favorecer interação, resgate da cultura, conhecimento e valorização de elementos pertencentes à comunidade local.
Problema Solucionado
Durante a pandemia abrimos as portas do Instituto, ainda em obras, para atender estudantes quilombolas, visando amenizar os impactos na vida escolar e reduzir a exposição aos riscos da rua. Investimos na avaliação diagnóstica para identificar níveis de aprendizagem e criar estratégias para ajudá-los a manter o ritmo e melhorar nos estudos. Contudo, sobressai as dificuldades de aprendizagem, o desinteresse, e o analfabetismo absoluto/funcional entre crianças e adolescentes de 08 a 14 anos, em curso do 2º ao 6º ano, apontando para um desafio maior: concentrar esforços na alfabetização. Daí, implementamos o projeto “Vamos dar meia volta e Alfabetizar” ampliando o tempo de atendimento para três dias, no turno oposto à escola, com 31 participantes em 2023, expandindo para 42 em 2024. Este ano são 58 os beneficiários que vêm apresentando evolução nos estudos.
Descrição
O projeto VAMOS TODOS CIRANDAR introduz a “Pedagogia da Ciranda”, metodologia ativa, com abordagem interdisciplinar. As atividades começam numa grande roda, em contato direto com a natureza, seguindo por diferentes espaços para dar movimento ao processo ensino-aprendizagem.
O planejamento focado na diversidade, nas dificuldades e lacunas de aprendizagem, com intencionalidades descritas de forma clara e objetiva, respondem a uma ação pedagógica que promove a aprendizagem por meio de práticas personalizadas e conteúdos específicos, com atenção ao contexto de vivẽncia e experiências dos participantes, utilizando técnicas e recursos favoráveis a investigação, interatividade, engajamento, participação.
A construção de conhecimento, compartilhada e autônoma, segue um movimento formativo criativo, priorizando a observação/percepção da natureza e cultura identitária, o despertar de sons e rimas, o “fazer” das coisas para ressignificar ou gerar algo novo, explorar diferentes expressões/manifestações artístico-culturais para promover o protagonismo infantojuvenil.
Recursos Necessários
A iniciativa dispõe de material didático próprio, elaborado a partir de um tema gerador e centrado na interdisciplinaridade. As atividades estimulam o raciocínio lógico, a memória, a concentração, o desenvolvimento da criatividade e capacidade de resolver problemas, visando aprimorar o conhecimento iniciado na “roda interativa”, técnica participativa que reúne as pessoas em círculo, tendo ao centro uma imagem, um objeto, uma pessoa, um elemento material ou imaterial que compõem a paisagem ou a cultura local, constituindo-se espaço de interação e integração aberto, para cantarolar e dançar, promover escuta, expor e trocar saberes.
A dinâmica da “Pedagogia da Ciranda”, na perspectiva da alfabetização, sugere a adequação de ambientes e das práticas pedagógicas, considerando às necessidades reais e as lacunas de aprendizagem identificadas; ressignifica o alfabeto, elegendo o ALFABETO CULTURAL DO IGUAPE, imprimindo mudanças visual e de exploração sonora, na associação/geração de palavras e expressões a partir do contexto e vocabulário típico da região, repensando o agrupamento e significado das letras e palavras, refletindo sobre a linguagem, a comunicação e a cultura.
Resultados Alcançados
Familiares e colaboradores reconhecem que as crianças e adolescentes que estão no Instituto demonstram autoestima mais elevada, autoconfiança e responsabilidade; avanços no desenvolvimento da leitura e escrita; mudanças positivas no comportamento e nas relações com seus pares. Professores das escolas locais apontam melhoria na frequência e participação, nas atitudes e no desempenho dos estudantes.
Relatos espontâneos departicipantes e mães indicam avanços: “pró eu já tô aprendendo a ler” … “meu filho tá começando a ler agora...” A expressão de alegria na chegada ao Instituto, o interesse pelas atividades propostas e os depoimentos reforçam que aprender a ler é necessário e importante, apontam o grau de
satisfação das famílias, conforme áudio enviado por uma mãe: “Ana aprendeu a ler aí, ela não sabe muita coisa, mas já ler algumas coisas… aí é uma maravilha pras crianças pra não permanecer na rua …é um lugar maravilhoso. Lá é assim eles aprendem com vocês e vocês aprendem com eles…né interessante, maravilhoso! Não tenho o que dizer só agradecer”.
Público atendido
Adolescentes
Crianças
Alunos do Ensino Fundamental
Quilombolas
Alunos do Ensino Básico
Jovens
Povos Tradicionais
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