Tecnologias Sociais Como Espaços Pedagógicos No Pátio Da Escola

Problema Solucionado

O espaço escolar representa um grande potencial de transformação comunitária. Entretanto é fundamental que o corpo docente participe ativamente de processos de implementação ou desenvolvimento de novas ideias, para que haja efetividade a transformação pretendida. Na Escola Estadual de Ensino Fundamental Paulo Freire, localizada no assentamento Santa Maria do Ibicuí, em Manoel Viana, RS, algumas Tecnologias Sociais começaram a ser implementadas em 2015, por meio do projeto Pampa, executado pela Fundação Luterana de Diaconia (FLD), a exemplo da cisterna de ferrocimento. Percebendo limites de compreensão sobre a importâncias das Tecnologias Sociais pela comunidade escolar e dificuldades de transformar as Tecnologias Sociais em ferramentas ou referências pedagógicas (apesar de seu enorme potencial), é que se propôs a construção de um processo de reflexão e elaboração de planos de aula sobre as Tecnologias Sociais implantadas no pátio escolar, a fim de torná-las parte do cotidiano pedagógico da Escola.

Descrição

Durante o período de 2013 a 2018, a Fundação Luterana de Diaconia (FLD) executou o Projeto Pampa na fronteira oeste do Rio Grande do Sul, visando implementar e difundir Tecnologias Sociais (TSs), além de valorizar saberes tradicionais e boas práticas de manejo dos ecossistemas, fundamentais para mitigação e adaptação as mudanças climáticas. Durante esse período, diversas atividades realizadas pelo Projeto envolveram a Escola Estadual de Ensino Fundamental Paulo Freire (EEEF Paulo Freire), já que a direção, o corpo docente e a comunidade escolar se mostraram muito abertos ao tema da Agroecologia e das Tecnologias Sociais. A equipe do Projeto Pampa/FLD também encontrou na Escola iniciativas muito inspiradoras que indicavam a vontade e a necessidade de construção participativa de uma proposta pedagógica diferenciada. Em 2018, portanto, foi intensificada a atuação junto à Escola. Para isso, a FLD convidou a Amigos da Terra Brasil (ATBr) para assessorar um processo de construção de planos de aula, tendo como referência as Tecnologias Sociais já implementadas na Escola até o momento e aquelas que seriam implementadas ao longo do ano de 2018: círculo de bananeiras, cisterna, fossa ecológica, canal de evapotranspiração, horta e pomar. As Tecnologias Sociais (TSs) construídas por meio do Projeto Pampa/ FLD tiveram momentos de abordagem teórica sobre sua relevância e suas implicações na relação com o contexto social, cultural, econômico, ambiental e climático. A cisterna e o círculo de bananeiras foram construídos durante um curso de permacultura, com assessoria do Instituto de Permacultura da Pampa (IPEP) em 2015; e a fossa ecológica, o canal de evapotranspiração e a ampliação do círculo de bananeiras foram construídos com assessoria de Amigos da Terra Brasil (ATBr), concomitantemente ao processo de construção dos planos de aula, ao longo de 2018. A horta e o pomar são TSs mantidas e reinventadas pela própria Escola. Para a construção dos planos de aula pelo corpo docente da EEEF Paulo Freire, foram realizados quatro encontros de muita reflexão e troca sobre a realidade escolar, contextos e motivações. As TSs localizadas no pátio escolar foram identificadas e ressignificadas a fim de se tornarem elemento de prática pedagógica. Para cada uma das seis TSs presentes no pátio da EEEF Paulo Freire foi elaborado um plano de aula, sempre por uma dupla de professoras/professores. A simples presença de uma TS no pátio escolar ou na comunidade escolar não garante que essa tecnologia cumpra sua função pedagógica. É preciso apropriação, reflexão e construção de propostas. Processos coletivos, como dos encontros realizados em 2018, garantem maior criatividade e são inspiradores para novos processos semelhantes nesta e em outras Escolas.

Recursos Necessários

Dentre as 6 Tecnologias Sociais, 2 delas exigem muito pouco em termos de recursos materiais (apenas sementes, mudas e mão-de-obra para preparação do terreno, conforme as características do mesmo). Segue abaixo a descrição dos recursos materiais necessários para a implementação das outras 4 Tecnologias Sociais: 1 - Cisterna de Ferro Cimento 20 mil litros - (30 sacos de cimento, 5 malha pope 15cmX15cm, 4 metros de areia, 2 metros de brita, 10 sacos de cal, 18 metros de calha, 2 barras cano de 100mm). 2 - Circulo de Bananeiras - (um buraco medindo (2mX2mX1m), tocos, galhos e folhas de árvores para cobrir o buraco, 2 barras de cano 50mm, mudas de bananeiras as quais devem serem plantadas ao redor do buraco formando um circulo). 3 - Fossa Ecológica (Sistema Modular de Gestão de Águas Residuárias) - Caixa retangular de tijolos medindo (2,30mX4,6mX1,6m) 6 barras de canos esgoto 100mm, conexões 100mm, 2 "T", 3 joelhos, 2mil tijolos 4 furos, 6 treliças, 70 tavelas, 3 metros de areia, 2 metros de brita. 4 - Leito de Evapotranspiração - (canal 50cmX30cmX25mts, 25mts linear de lona preta, 250 tijolos furados, mudas de plantas "folha larga", 200mts de tela para cercar a área).

Resultados Alcançados

- Implantação de 6 Tecnologias Sociais no pátio da EEEF Paulo Freire (círculo de bananeiras, cisterna, fossa ecológica, canal de evapotranspiração, horta e pomar), com instalação de placas de identificação individuais. - Construção coletiva de ferramentas pedagógicas relacionadas as Tecnologias Sociais, com envolvimento da direção da Escola e do corpo docente (professores/as Ana Paula de Lima, Cleusa Verlaine Dornelles Ramos, Doralina C. Martins de Castro, Jair dos Santos Nunes, Katiane Martins, Luciana Carvalho, Luíza Maria da Silva Pinheiro, Marjana Maia, Sânieri Lamberti Aguiar de Matos, Susan Peres Ferreira) - Elaboração da publicação "Práticas pedagógicas com Tecnologias Sociais implementadas na Escola Estadual de Ensino Fundamental Paulo Freire, Assentamento Santa Maria do Ibicuí, Manoel Viana/RS" como produto resultante do processo de construção de planos de aula relacionados as 6 Tecnologias Sociais implantadas. - Ampliação da compreensão do significado e da importância de Tecnologias Sociais, tanto pelo corpo docente, como pelos estudantes, como pela comunidade escolar do assentamento; - As Tecnologias Sociais implantadas e o processo de construção do conhecimento realizado na EEEF Paulo Freire - voltado para a realidade do campo e do contexto local - tem contribuído para que essa Escola se torne, cada vez mais, uma referência em Escola Agroecológica na região.