Problema Solucionado
O debate sobre a juventude está presente de forma mais intensa em nosso país a partir dos anos 2000, trazendo novas perspectivas quanto aos modos de pensar, sentir e agir em relação aos jovens. Esse debate vem mobilizando especialmente aqueles que atuam nas políticas, nos projetos e nas iniciativas dirigidas a esse público, profissionais que se defrontam com novos desafios e precisam de ferramentas para o trabalho.
Muitas vezes, o que emerge do mundo jovem ainda ecoa no mundo adulto como impertinência, apatia, alienação, perigo, doença, delinquência – concepções que também vão se configurar nas políticas públicas.Imaginários sociais como estes pesam sobre as juventudes contemporâneas e projetam sobre elas a marca de uma negatividade que impede o acompanhamento das respostas singulares que estão produzindo, expropriando-as de sua potência criativa e transformadora.
Fica evidente, portanto, a necessidade ainda premente de identificar e responder às demandas e inquietações de nossos jovens. Acionamos esta potência de ação do jovem no bairro, na cidade, e sua participação na cena pública por meio da ação educativa proposta na TS para Juventude do Aprendiz Comgás.
Descrição
A Tecnologia Social para Juventude do programa capacita o jovem para uma atuação social ativa, na qual o fio condutor é o desenvolvimento de um projeto de transformação social de autoria desse jovem. Os jovens interessados em realizar um projeto de intervenção social se inscrevem em grupos de 4 a 6 pessoas, participam de encontros semanais e a partir do conceito do Aprender Fazendo os jovens passam por um processo de formação complementar à escola que envolve o desenvolvimento de habilidades pessoais e coletivas.
Além disso, eles são capacitados para elaborar projetos de interesse social, articular parcerias e mobilizar a comunidade para efetiva participação nos projetos sociais.
O percurso formativo proposto tem duração de oito meses, momento rico de oportunidades de conhecimento de espaços na cidade e privilegia o máximo de abertura do jovem ao mundo: à cidade, à comunidade, aos saberes de diferentes atores sociais, criando inúmeras situações de apresentações, encontros e cruzamentos que permitem que os jovens conectem-se a uma pluralidade de mundos.
São desenvolvidas, portanto, uma série de atividades que cumprem a função de ampliar o repertório, de pertencimento e de conexão do jovem com as riquezas e diversidades de sua cidade e de sua comunidade. Estas oportunidades são visitas a espaços urbanos, equipamentos culturais e de lazer, a serviços públicos e outros projetos sociais, além de contatos com pessoas da comunidade que podem contribuir com os projetos e com o público-alvo e, finalmente, mapeamento e articulação de parcerias com pessoas e instituições que podem colaborar com o projeto. Além disso, com a proposta de assegurar aos jovens aprendizados específicos, proporcionando-lhes o desenvolvimento de conteúdos e habilidades relacionados a cada projeto, são oferecidas oficinas específicas. Os aprendizes identificam estas demandas, planejam sua realização e destinam recursos para elas.
Os jovens do projeto recebem, durante a participação no projeto, uma bolsa auxílio, vale transporte e lanche. Os participantes são estimulados a realizarem parcerias para seus projetos, o que permite manter suas ações e auxiliar nas despesas pessoais, se necessário, e acordo com os apoiadores. Destacam como ferramentas metodológicas primordiais a Expedição Investigativa, o Mapa de Contexto (contextualização do público-alvo do projeto), a Árvore Lógica (ferramenta que ajuda na elaboração conceitual do projeto) e o Plano de Comunicação (ferramenta que organiza os processos de comunicação durante a elaboração e execução das ações dos projetos).
O percurso formativo é organizado em 3 etapas com objetivos e funções diferenciadas: - Explorar: favorece aos jovens a ampliação do (re)conhecimento de si e do mundo. Esta etapa cria condições para que possam ser potencializadas as interações entre os jovens e a cidade e que possam ser percebidos contrastes e semelhanças, no campo social e cultural, presentes na cidade/país. - Focalizar: possibilita aos jovens escolher uma situação problema, conhecê-la e elaborar um projeto de ação. Trata-se de uma etapa reflexiva, quando princípios e relevância social de uma ação podem ser tematizados. Os jovens são instigados a pesquisar o contexto/território/público com que trabalharão e a propor uma ação social. - Agir: esta etapa focaliza os procedimentos de execução e as articulações necessárias para a realização e aprimoramento das ações previstas nos projetos.
Formação de Professores
Desde 2004 a tecnologia é disseminada junto a professores da rede pública do Estado de São Paulo e do Centro Paula Souza, além de educadores de Ongs. Este processo acontece a partir de oficinas presenciais, videoconferências e ensino à distância. Para este processo o programa possui uma equipe de educadores responsáveis pelas formações junto ao professores e educadores participantes.
A referência metodológica da Tecnologia está sistematizada desde 2004 em um Manual (2 volumes) que contém as experiências de 12 anos de trabalho. O primeiro volume apresenta as bases éticas e pedagógicas da proposta de ação educativa, e o volume dois descreve as atividades e dinâmicas que compõem o percurso formativo de jovens para a atuação social. Este material possibilita um uso flexível da tecnologia.
Recursos Necessários
Infraestrutura: sala com cadeiras, mesas e, se possível, computador com internet (não é essencial).
Materiais: papelaria em geral (canetas, cartolina, papel sulfite, lápis, borracha etc) para a realização de atividades formativas.
Resultados Alcançados
Em 12 anos de ação, a Tecnologia já atingiu diretamente 1699 jovens, executores de 393 projetos e indiretamente 1758 jovens executores de 369 projetos. O resultado indireto é fruto da formação de professores tendo em vista a disseminação da tecnologia.
Em 18 edições, 100% dos projetos foram escritos e cerca de 80% dos projetos foram implementados. Os indicadores qualitativos indicam que os jovens participante durante o processo de formação passam a ter planos futuros mais claros, com destaque para o desejo de continuar estudando ( faculdade e pós-graduação). Além disso, outro dado relevante é que alguns jovens querem conciliares suas profissões com atividades sociais.
Outro resultado importante é a melhoria na capacidade de comunicar sentimentos, desejos e ideias pela palavra e capacidade argumentativa. Os jovens também identificam avanços na estrutura textual de suas produções.
Os participantes citam nas avaliações aplicadas que as experiências mais significativas foram relacionadas às atividades de circulação na cidade e atividades de mapeamento, articulação de parcerias e as ações dos seus projetos.
Em pesquisa de impacto realizada em 2006, as principais diferenças que a tecnologia causou na vida dos jovens participante da formação foram:
- 85% dos entrevistados acreditam que obtiveram amadurecimento / crescimento pessoal;
- 82% relacionam a formação com sua inserção social;
- 55% reconhece a capacitação como um ganho significativo em suas vidas.
Para uma grande parte dos jovens entrevistados alguma coisa mudou na maneira como eram vistos a partir do momento em que entraram no PAC, principalmente a visão que a família tinha deles e, secundariamente, a postura dos professores em relação a eles. Mais do que tudo, esses jovens entenderam melhor o significado do social, sentem que passaram a se preocupar mais com o próximo e deixaram acesa uma centelha de interesse pela causa social que mudou seus critérios de escolha na vida profissional e pessoal.
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