Problema Solucionado
O beneficiamento do peixe seco, é a mais antiga e tradicional da comunidade. Remonta a um período em que, sem a presença de luz elétrica ou equipamentos para a conservação do pescado, a forma que a comunidade tinha para aumentar a vida útil dos subprodutos da pesca artesanal era através da secagem ao sol ou da defumação. A diminuição do pescado, a economia de mercado que promove desigualdades sociais, o falecimento da liderança e o declínio dos recursos pesqueiros, fazem com que a pesca artesanal, seja insuficiente para o sustento das famílias. Outra questão, é a implantação de unidades de conservação , sobre comunidades, que estão localizadas na Mata Atlântica, junto com ela, são proibidas as roças tradicionais e outras atividades que demandem a extração de recursos naturais. A ausência de alternativas de trabalho e renda, além saída do jovens, com a ilusão de vida melhor na cidade, fazem com que a comunidade estivesse acabando. Nesse contexto, as mulheres buscaram uma nova forma de gestão, onde trouxe a valorização da mulher, construiu através do artesanato autonomia e credibilidade para iniciar a nova gestão de processamento do peixe seco.
Descrição
O trabalho de secagem de peixe, iniciou com o reconhecimento do território. A produção vinha dos pecadores artesanais da comunidade e entorno, as mulheres faziam o beneficiamento do pescado e a comercialização era realizada em canoa a remo por dias até a cidade. O pagamento para os homens e mulheres era com produtos da mercearia, sendo o mesmo dono da fabrica de peixe, isso se deu até seu falecimento. Então, Antonio Cardoso assumiu o processo de forma mais humanizada, comprava e pagava os pescados conforme preço de mercado, e as mulheres ganhavam pelo beneficiamento por hora de trabalho, esse processo se estende até seu falecimento em 2010. As mulheres então se uniram e buscaram no artesanato um espaço de diálogo, de união e de troca de habilidades, assim, a comercilização foi sendo ampliada e sentiu-se a necessidade de buscar uma forma de gestão diferente do que se já tinha de experiência. A busca pelo trabalho coletivo, gestão compartilhada, respeito e valorização da mulher, fizeram chegar à economia solidária, que junto com capacitações, cursos e intercâmbios deram base e sabedoria para levar o conceito para uma comunidade tradicional caiçara. Então, com credibilidade interna e externa em 2015 após varias parcerias, o resgate do processo de peixe seco se da seguinte forma:
1) União das mulheres para diálogo; 2) diagnóstico e levantamento das habilidades; 3) Levantamento de valor de mercado 4) Teste para calcular perda de peso do produto; 5) Levantamento dos canais de comercialização; 6) Negociação e encomenda de pescados; 7) Preparação do espaço adequado; 8) limpeza e escala do peixe; 9) lavagem de todo produto; 10) Salga do peixe; 11) Depósito do peixe por 48 horas na salmoura (espaço de armazenamento do peixe para perda do sal); 12) Estender nos peneirões (quadrados feito em madeira com tela, que fazem o peixe secas no sol e soltar o liquido) por 12 hora, recolhendo no final da tarde e repetindo por mais 12 horas; 13) Pesa a produção; 14) Ver preço de mercado para atacado e varejo; 15) conversa com o grupo para ver a forma de comercialização mais justa; 16) Enfarda o peixe em pacotes de 15 kilos no atacado e sela em embalagens de 1 kilo no varejo ;; 17) Contactar fornecedor e/ou colocar no espaço de comercialização da comunidade; 18) Entrega o produto; 19) reunião coletiva com as mulheres para pagamento de despesas e divisão do lucro; 20) Avaliação para levantar pontos fracos e fortes de todo processo.
Recursos Necessários
- Tanque de armazenamento (2 caixas de águas de 500 litros)
- Tear para estender peixe tabuleiros 1x1 metro, feito de madeira e tela simples)
- Suporte para segurar os tabuleiros;
- Mesa para limpeza de peixe de plástico politileno;
- 20 caixas plásticas branca;
- 1 escamador;
- 12 par de luvas de pano grossa;
- 6 facas de ferro;
- 1 Pedra de amolar faca;
- 10 Avental;
- 10 Touca;
- 10 pares de botas;
- 500 kilos de peixe;
- 10 sacos de sal de alimento de gado;
- 20 Palhas de plástico para amarrar;
- 20 Sacos plásticos transparentes grosso.
Resultados Alcançados
- Fortalecimento das relações dentro da comunidade;
- Resgate do processo de secagem ao sol;
- Valorização do conhecimento das mulheres, e dos pescadores artesanais;
- Adaptação de outras frentes de trabalho a economia solidária;
- Formalização de associação comunitária;
- Participação mais ativa de conselhos;
- Participação de encontros do movimento social como feminismo e cultura tradicional, com criações de propostas que ajudem as comunidades caiçaras;
- Elaboração de oficina de disseminação da tecnologia;
- Turismo cultural com escolas para estudo do meio;
- Reconhecimento do trabalho;
- Valorização e autonomia da Mulher;
- Criação de produtos valorizando o conhecimento e habilidade de cada mulher do grupo;
- Conhecimento com as capacitações, cursos, intercâmbios;
- Geração de renda concreta com a união das atividades compartilhadas;
- Parcerias que vieram fortalecer a comunidade;
- O grupo criou uma rede de amigos/as que auxiliam a comunidade nas atividades principalmente ligadas a território;
- Ajudou no empoderamento para busca de conhecimento e entrada na universidade;
- Qualificação das mulheres nas áreas de interesse pessoal e coletivo para autonomia do grupo em capação de recurso com pesquisa, formulação e elaboração, arte gráfica e comunicação.
- Luta pelo território da Nova Enseada na restinga sul da Ilha do Cardoso, para onde realocou a comunidade após processo de intensificação da erosão.
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